Sou filha natural das Alagoas, nasci em 23 de agosto de 1953, perdi meu pai aos 08 anos de idade e minha mãe quando tinha 17 anos, ficamos 09 irmãos bolando pelo mundo, cheguei ao Iguatu no ano de 1970, depois que meu marido que era metido a pastor fugiu com a esposa do nosso patrão, abandonando a mim e nossas três filhas. Vim morar na Vila Neuma, na casa de dona Maria Gomes, seu marido também era pastor, pastor Geraldo.
Na enchente de 1974 eu morava num
quartinho alugado ao pastor, com minhas três filhas, ficamos arranchadas no
Gadelha. Nosso destino aqui era trabalhar nas cozinhas dos outros, era lavando
roupa no rio, ariando alumínio, fazendo uma coisa pra um, outra coisa para
outro, varrendo um quintal alheio, pelejando, até criar minhas filhas, elas
trabalhavam também, cuidavam de crianças, iam pro rio e me ajudavam a lavar
roupa, e assim se criaram graças a Deus, são donas de suas casas, têm a
responsabilidade delas, eu tô na peleja, já tenho das minhas três filhas, cinco
netos e um bisneto.
O rio no começo foi muito bom, a
gente lavava roupa, ganhava o tostãozinho da gente, não pagava nem água nem
luz, aí depois que o IBAMA começou a proibir o povo de tomar areia o rio foi
tomado pelo mato, aí acabou-se tudo, acabou-se a lavagem de roupa.
No poço comprido acabaram com os
lajedos, arrancaram tudo para fazer calçamento, fazer estrada, quebrando pedra
para ganhar dinheiros, botavam aquelas bombas para esbagaçar as pedreiras mode
tirar as pedras pra vender, pra mode fazer calçamento, fazer ponte, fazer tudo.
Aí pronto, acabou-se a lavagem de roupas. Ali na ponte não dá para lavar mais
roupa não, porque os esgotos da rua caem tudo dentro do rio, do Alto do Jucá,
da Vila Neuma, não tem mais onde cavar uma cacimba. A gente plantava uma
vazantezinha de feijão, de batata, comia alguma coisa, os vagabundos roubavam
mas sobrava, tinha o peixe, hoje acabou-se a alegria do rio.
É esta a
minha história
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