Ig Catu - Museu Vivo: Nos trilhos da cultura 2025 - Maria Quitéria Pereira

5 de jul. de 2025

 

Também conhecida por Maria Luiza, ou Maria de Edgar, nascida no dia primeiro de abril de 1958, na cidade de Recife, Pernambuco. Filha da Sra. Maria Firmino dos Santos. Chegou ao Iguatu quando contava 15 primaveras, com planos de logo voltar, mas conheceu o Edgar, por ele se apaixonando, e nunca mais voltou, constituiu família e é mãe de três filhos, a Edna Maria, Cícero Helder, Francisco Erivelton.

Quando nós se juntamos eu fui morar mais a mãe dele, Maria Dorinha Costa. O Edgar trabalhava de sapateiro, a sua mãe lavava roupas das famílias no rio, eu ficava em casa, um dia eu disse:

- Dona Dorinha, deixe eu ir ajudar a senhora.

Ela respondeu:

- Pois vamos.

Botei uma trouxa de roupas sujas na cabeça e segui com ela para o Bugi. Começava ali o meu trabalho, era bom, muito bom, tantas amigas, muitas já se foram, outras ainda estão por aí, como a dona Santinha.

Eu não tinha nenhuma experiência, quando acreditava ter lavado uma peça de roupa, ela vinha, fiscalizava e dizia:

- Não tá bom, tire o resto do sabão, lave de novo, depois bote pra quarar em cima daquelas pedras.

Foi assim, praticando, que aprendi e me tornei uma lavadeira e engomadeira de roupas muito solicitada pelas famílias, lavei muito e engomei para a família de Seu Bezerrinha da Loja Chic, Dr. Francisco Neco, o marchante Pedro Romeiro, o comerciante Manuel Sobreira e Dona Daura. Ali naquela 15 de novembro nós lavávamos roupas e engomávamos pra todo mundo.

Um dia Dona Dorinha tomou a decisão de ir morar em Fortaleza, acompanhando sua filha Elihar, e nós ficamos aqui como que abandonados. Passamos muita fome, por volta da hora do almoço sempre ia me encontrar com o Edgar debaixo do abrigo, onde ele trabalhava de engraxate, então perguntava:

- O que é que nós vamos almoçar hoje?

Ele perguntava:

- Tu arrumou algum tostão?

Então juntávamos o que tínhamos ganho, comprávamos uma lata de quitute, quatro ou cinco pães, conforme fosse, buscávamos um lugarzinho mais sossegado, ali na feira, e fazíamos o nosso almoço.

A graça de Deus fez com que um dia uma senhora por nome de Luíza, que estava a frente dos trabalhos do Sr. Bispo Dom Mauro, visse meu sofrimento, lá na praça da Matriz e me perguntou:

- Minha filha, como é o seu nome e o que está fazendo?

- Meu nome é Maria Luiza, sou do Recife, mas casei com o Edgar Sapateiro, ando em busca de alguma ajuda, estamos passando muita fome.

Ela então me disse:

- Toda tarde, por volta das seis horas, vá lá na casa do bispo que eu vou preparar o jantar seu e do seu marido, mas leve a vasilha.



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