Os comprachicos, as dores fundas, as agonias lentas e o deputado De Assis Diniz

19 de abr. de 2025

 

“A exploração dos infelizes pelos felizes. ”

 

Nas últimas semanas do ano passado, atendendo ao pedido do amigo Valderon a frente do COMDEMA, participei de seis reuniões deste conselho municipal do meio ambiente, a matéria que mais se discutiu naquele momento foi a poluição sonora de motos, paredões de som, bares e casas de show. Quando se mora em grandes cidades, pagam-se pesados tributos em energias, em bom humor, em tranquilidade a isto que se chama de civilização, de progresso, que está bem longe do conforto e da comodidade, ingredientes básicos da felicidade humana. Criou-se, nestes buliçosos centros urbanos, o que se chama de vida noturna, e para dar-lhe tonalidades atrativas e despertar o interesse coletivo, haja ruído, haja movimentação de luzes, de sons, haja tumulto de pessoas. Dolorosas as circunstâncias das famílias, que são obrigadas a viver nas proximidades destes lugares, porque são infernizadas durante a noite toda, e seguidamente durante todas as noites pelo frenesi e loucura das batucadas, dos gritos, das músicas estridentes, de toda uma parafernalha que mais parece uma extensão do próprio inferno.

Eu, nestes meus sonhos de senhor só, com minha indumentária de revoltoso, quase um selvagem, tendo esta visão grotesca da cidade, alimento em mim a Caatinga, com sua mata braba, enfezada mesmo, seus boqueirões, grotas, xique-xiques, mandacarus e outros cactos, fazendo  da mata ciliar do nosso rio minha casa, minha calçada onde recebo muitos que se sentem deslocados em meio ao murmúrio das praças públicas. Solitários que são o diminutivo dos selvagens, aceitos pela civilização.

Uma dessas manhãs do mês que se inicia, sentado na minha calçada, lendo “O homem que ri”, de Victor Hugo, e cumprimentando os transeuntes da avenida, aceno para um jovem senhora que passava guiando uma bicicleta, ela correspondeu ao meu aceno, parando sua bicicleta um pouco mais a frente, descendo desta e a empurrando, veio em minha direção , eu levantei-me e fui ao seu encontro. Conversamos:

- O senhor me cumprimentou, eu decidi parar, estou tão angustiada, preciso conversar com alguém.

- Pois estou pronto e às ordens, senhora, obrigado pela confiança e saiba que para lhe ouvir eu tenho todo o tempo do mundo.

- Não vai precisar de tanto, mas estou amargurada, me sentindo tão mal, talvez conversando alivie-me um pouco. Hoje é o dia do autista, eu sou mãe de uma criança autista, deixei de trabalhar para me dedicar mais ainda a ela, mais ao meu marido, aos meus pais já idosos que também precisam muito de minha atenção, de todo um conjunto da família.

- E este trabalho e obrigações têm lhe levado à exaustão, está cansada?

- Sim! Não! Não é isto, cansada e exausta estou, mas isto me dá orgulho, saber que me dedico, me entrego de corpo e alma a esta causa que é maior, bem maior que qualquer outra.

- Então o que te acabrunha?

- São as cobranças, as injustiças, não veem nada do que faço. Só me apontam, me cobram.

- E a senhora tem cobrado a si mesma? Tua consciência te condena?

- Não! Eu sei que tenho feito tudo que posso.

Naquele instante, lágrimas da fonte do desespero caíam de seus olhos, molhando o seu rosto, abracei-a e lhe disse:

- Se tem a consciência tranquila do dever cumprido, parte para teus afazeres. Ninguém pode te condenar e saiba que lá em cima há um velho de longas barbas fazendo as contas do mundo, e ele nunca erra, e com certeza está vendo a sua renúncia, a sua luta.

Quando partiu, lembrei o poeta, “Há dores fundas e agonias lentas, dramas pungentes que ninguém suspeita sequer...”. Agora o estrondoso som dos canos de motos, os paredões de som, tudo mais diminuiu de tamanho diante daquele quadro.

Dores fundas, agonias lentas vistas pelo Dep. De Assis Diniz, que apresentou junto à assembleia legislativa estadual, Projeto de Lei que cria o Programa Amigo do Autista, no âmbito da administração pública direta e indireta dos poderes do Estado do Ceará. Por meio desta proposta pretende implementar o programa Servidor amigo do autista, cujo objetivo é capacitar servidores públicos no acolhimento dessas pessoas, garantindo o atendimento mais qualificado e humanizado, promovendo a inclusão social destas pessoas.

“É nosso compromisso diário como representantes do povo, nesta casa, ser capaz de enxergar as necessidades e demandas mais urgentes e também elaborar propostas públicas que venham beneficiar a população.”, disse o deputado De Assis Diniz.

Necessidades e demandas enxergadas pela equoterapeuta Euda, no belo trabalho à frente da AME – Atendimento Multiprofissional Equoterapêutico, com sua escolinha de equitação sob a responsabilidade do amigo Tatá Locutor, no bairro Fomento.

Necessidades e demandas enxergadas pela APAE, Associação dos pais e amigos dos excepcionais, que tem na sua direção em Iguatu a Sra. Ieda Couras, e que foi impedida de desenvolver seus trabalhos junto a esta classe de excepcionais com a devida maestria, depois de ter esta associação sido roubada no montante de R$ 180.000,00 que lhe foi direcionado por uma emenda parlamentar do congresso nacional, no apagar das luzes da administração Ednaldo Lavor, fechando assim, um espetáculo de oito anos de corrupção, onde o povo só teve permissão para sofrer.

Recordando-me dos comprachicos, uma associação nômade, famosa no século XVII, esquecida no século XVIII, mas ainda não ignorada nos dias de hoje. Fazem parte da velha fealdade humana. Os comprachicos comercializavam crianças, compravam-nas e vendiam-nas. Não as roubavam, o roubo de crianças era um outro negócio. E o que faziam dessas crianças? Monstros! Para rir deles. O povo precisa rir, as esquinas precisam do seu arlequim, os Louvres precisam do seu bufão, as autoridades constituídas de direito precisam fechar os olhos para isso, como o rei James da Irlanda, pois precisava rir. Que o ex-prefeito Ednaldo Lavor continue rindo, rindo do bobo, rindo do povo.

 

Tenho dito

Cícero Correia Lima



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