Ig Catu - Museu Vivo: Nos trilhos da cultura 2025 - Josefa Alexandre Ferreira

4 de fev. de 2025

 

Meu nome é Josefa Alexandre Ferreira, conhecida por Nizeuda, nasci há  26 de março de 1943, quem me criou foi minha avó Filomena, no sítio Cotia pertencente a Acopiara. Viemos para o Iguatu depois de eu ter casado, minha vó já havia morrido. Eram eu, meu esposo Manoel Cândido Ferreira e meus três filhos, o José Silvio, a Maria Ferreira e a Josefa Silvio, conhecida por Nem.  Primeiramente fomos morar no fechado, depois Mulungu, nós se levantávamos às 5 horas da manhã, tomávamos um cafezinho quando tinha, limpo. Não tinha nada, nem onde comprar. Comida só o almoço, depois voltávamos para a roça. Nas colheitas de algodão tínhamos direito à refeição, lembro da senhora Alda e do seu marido, o Borrego, lá no sítio Recanto. As coisas sempre muito difíceis na roça, resolvemos vir morar na cidade. Primeiramente moramos no tabuleiro, a minha cozinha era ligada à cozinha do seu Chico enfermeiro, fui trabalhar na casa do Vicente Araújo e de dona Núbia, com o tempo decidi arriscar a sorte com a lavagem de roupa dentro do Rio, lavava e engomava no ferro a brasa. As despesas eram muitas, todo dia eu estava dentro do rio, o dinheirinho era melhor.

Depois fomos morar numa vilinha de casas próxima ao parque de vaquejada, eram muitas as famílias, pessoas como a do senhor José Nobre, João Dias, Vicente Araújo e tantas outras sempre lavei as roupas no poço do Bugi, quando não na lagoa da Bastiana, no açudinho do Bevenuto, muitas vezes saíamos de casa sem ter o que comer, muitas vezes chegávamos em casa eu e minha filha Nem, com muita fome o dia todo no Rio só tomando água de cacimba e com dinheirinho ganho eu comprava o que comer dentro de casa, a gente ganhava pouco mas dava. Hoje o povo ganha muito e não dá para nada lá no Bugi era um ambiente agradável, aquele monte de lavadeiras colocando as roupas para quarar nos torrões, os meninos tomando banho e pulando do canal uma alegria contagiante tudo muito bonito, gostoso mesmo. Meu marido primeiramente foi vender picolé depois trabalhar de guarda na casa do Dr. Bandeira, por último montou uma banca na feira mas quando pegava no dinheiro ia direto para o cabaré. O pai dos meus filhos foi o Rio Jaguaribe, foi ele com o meu trabalho que me ajudou a criar meus filhos devo tudo a ele.  Dos meus filhos tem oito netos e 18 bisnetos.

É esta a minha história.




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