Meu nome é Francisca Gonçalves da Silva, mas todos me conhecem mesmo é por Fransquinha de dona Edite. Nasci no dia 31 de Dezembro de 1951, aqui mesmo no Iguatu, filha do casal Pedro Gonçalves de Oliveira e Edite Simeão da Silva, mas quem me criou mesmo foi meus avós José Camilo Simeão da Silva e Maria das dores Porfírio da Silva, meu pai trabalhava como agricultor, ele dizia que enquanto ele vivesse filho dele e mulher não iam trabalhar para ninguém, nem na cozinha de ninguém, mas depois de sua morte mamãe se obrigou a ir lavar roupa no Rio para poder ganhar o pão e criar os filhos como muitas das mulheres daquela época. Não havia água em casa só existia o rio. Eu seguia mamãe nessa luta pois já tinha 11 anos, lá em casa eram oito irmãos morreram dois e criaram-se seis, três homens e três mulheres, as mais novas ficavam na responsabilidade de Dora, minha vó, eu e mamãe passávamos cada dia por uma família diferente, menos no sábado e no domingo, durante a semana tínhamos as casas certas a casa de dona Conceição e de seu de Correinha, ou na casa de sua mãe dona Terezinha, na casa de sua tia Almira. Tínhamos muita amizade pois nosso pai quando vivo já trabalhava com sua avó, dona Conceição, nas terras do Cruiri, quando no inverno tinha a roça, no verão plantavam as vazantes durante o dia e à noite pescavam. Lembro de dois pés de jenipapos lá nas barrancas do Rio, uns pés de cajá, quando chovia nós crianças corríamos todos para catar cajá, a chuva formava o grande poço no tronco das Cajazeiras, as frutas caíam e não se machucavam, quando lá chegávamos papai já havia catado e colocado no cantinho de moita. Ô, quanta saudade eu tenho daqueles tempos, do meu pai. Na grande cheia de 1974, eu morava no tabuleiro, umas casinhas de taipa do seu Doca Coura, lá não foi água mas todo mundo ao redor até ali na bodega do senhor Antônio Bezerra tiveram que abandonar suas casas e retirar seus móveis, guardando nas casas de algum conhecido. Eram muitas as mulheres, nós atravessavamos o poço do Bugi ali na altura dos torrões e colocávamos as roupas para quarar naqueles areais depois de já termos lavado, batido em tábuas, cada uma tinha a sua, na falta tinha que procurar uma pedra. Com o tempo a necessidade obrigou-me a abandonar minha terra e fui em busca de trabalho em Brasília.
Esta é a
minha história
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