Ig Catu - Museu Vivo: Nos trilhos da cultura 2025 - Terezinha Ricarte de Oliveira

4 de fev. de 2025

 

Eu trabalhava na roça, lavava, engomava, criei meus filhos todos, mas nunca fui empregada de ninguém.  Sou filha de Pedro Ricarte de Lima, conhecido por Doca e minha mãe chamava-se Ana Olegário de Oliveira, minha infância foi no sítio fomento, quando jovem lavei muitas roupas e os utensílios de casa, pratos panelas, tudo no Rio Jaguaribe. Houve uma época que eu só tinha um vestido, tirava, lavava, botava para secar, ia para dentro di rio com a água no pescoço, só quando o vestido secava eu saía, colocava o vestido, tirava a calcinha e lavava, mas nunca reclamei de nada na vida, sempre tive coragem e forças para trabalhar e sempre fui conformada com a vida, sempre fui feliz.  Casei-me no ano de 1961 com o senhor José Zuilo Vieira da Silva e tive sete filhos dele, o Francisco, o Pedro Neto, o Cícero, o Bento, a Maria Gorete e a Maria Socorro. Destes filhos tenho 14 netos e nove bisnetos logo que me casei fui morar com ele no sítio Varzinha, onde ele trabalhava nas plantações de algodão do velho Nelzinho Matias, vinha gente de todo canto, eram homens, mulheres e meninos, vinha gente de trem do Juazeiro, era um tempo de riqueza.

Quando ainda morava no fomento fui procurada pelo senhor Chico Luzia, me perguntando se eu não queria rarear 25 tarefas de algodão dele, afirmei que sim, quando fomos tratar do preço eu lhe disse que só queria o dinheiro todo, mas só quando terminasse o serviço, e assim foi feito, no dia que recebi o pagamento fui no comércio do Iguatu e comprei nove vestidos, era na época do novenário de nossa senhora do perpétuo Socorro no Prado, toda noite eu fui com um vestido novo e bonito, recordando daqueles momentos quando só tinha um vestido.

Na última noite de festa, lembro bem, deu um chuveiro muito grande e a sandália nova que eu havia comprado foi levada pelas águas.

 Quando viemos morar na cidade fui para uma casa na rua Orígenes Rabelo, bem próximo ao rio, ali comecei a lavar roupas das famílias, como a da dona Marlene, que era a diretora da escola do Prado,  Dona Maria José e muitas outras famílias. Lavava e engomava no ferro a brasa, era um magote de lavadeiras de roupa ali debaixo da ponte férrea, passávamos o dia por lá fazíamos a refeição, os filhos pescavam e se banhavam, lá era uma praia de verdade um verdadeiro paraíso.

É esta a minha história.

Reminiscências da senhora Terezinha Ricarte de Oliveira (Teresa), nascida em 06 de dezembro de 1931.







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