Eu
trabalhava na roça, lavava, engomava, criei meus filhos todos, mas nunca fui
empregada de ninguém. Sou filha de Pedro
Ricarte de Lima, conhecido por Doca e minha mãe chamava-se Ana Olegário de
Oliveira, minha infância foi no sítio fomento, quando jovem lavei muitas roupas
e os utensílios de casa, pratos panelas, tudo no Rio Jaguaribe. Houve uma época
que eu só tinha um vestido, tirava, lavava, botava para secar, ia para dentro
di rio com a água no pescoço, só quando o vestido secava eu saía, colocava o
vestido, tirava a calcinha e lavava, mas nunca reclamei de nada na vida, sempre
tive coragem e forças para trabalhar e sempre fui conformada com a vida, sempre
fui feliz. Casei-me no ano de 1961 com o
senhor José Zuilo Vieira da Silva e tive sete filhos dele, o Francisco, o Pedro
Neto, o Cícero, o Bento, a Maria Gorete e a Maria Socorro. Destes filhos tenho
14 netos e nove bisnetos logo que me casei fui morar com ele no sítio Varzinha,
onde ele trabalhava nas plantações de algodão do velho Nelzinho Matias, vinha
gente de todo canto, eram homens, mulheres e meninos, vinha gente de trem do
Juazeiro, era um tempo de riqueza.
Quando ainda morava no fomento fui
procurada pelo senhor Chico Luzia, me perguntando se eu não queria rarear 25
tarefas de algodão dele, afirmei que sim, quando fomos tratar do preço eu lhe
disse que só queria o dinheiro todo, mas só quando terminasse o serviço, e assim
foi feito, no dia que recebi o pagamento fui no comércio do Iguatu e comprei
nove vestidos, era na época do novenário de nossa senhora do perpétuo Socorro
no Prado, toda noite eu fui com um vestido novo e bonito, recordando daqueles
momentos quando só tinha um vestido.
Na última noite de festa, lembro
bem, deu um chuveiro muito grande e a sandália nova que eu havia comprado foi
levada pelas águas.
Quando viemos morar na cidade fui para uma casa na rua Orígenes Rabelo, bem próximo ao rio, ali comecei a lavar roupas das famílias, como a da dona Marlene, que era a diretora da escola do Prado, Dona Maria José e muitas outras famílias. Lavava e engomava no ferro a brasa, era um magote de lavadeiras de roupa ali debaixo da ponte férrea, passávamos o dia por lá fazíamos a refeição, os filhos pescavam e se banhavam, lá era uma praia de verdade um verdadeiro paraíso.
É esta a
minha história.
Reminiscências da senhora Terezinha
Ricarte de Oliveira (Teresa), nascida em 06 de dezembro de 1931.
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