E o sangue a correr pela artéria do rio Jaguaribe...
O sangue a correr...
Homens da pátria, ouvi
-Salvai o Ceará!
Homens-
O Ceará esta morrendo, está esvaindo-se
em sangue...
Ninguém o escuta, ninguém o
escuta e o gigante dobra a cabeça sobre o peito enorme
E o gigante curva os joelhos no
pó da terra calcinada e nós últimos arrancos vai morrendo e resistindo ,
morrendo e resistindo, resistindo e morrendo.
(Demócrito Rocha)
Tenho afirmado em minhas andanças
pela ribeira do rio da onça, onde tenho levado, idosos, atletas do River Playt
de futsal, alunos das escolas municipais, estaduais e particulares, autoridades
como nosso bispo diocesano, prefeito municipal, presidente da câmara,
maçonaria, União Artística Iguatuense e CDL... que se somos todos filhos da terra
do Iguatu, temos por pai o rio Jaguaribe, pois é ele que se deita sobre nossa
terra e a fecunda com suas barrentas águas. Nestas andanças já percorremos o
Jaguaribe em toda sua extensão na terra da água boa, ora de ônibus, ora a pé, ora
a cavalo, desde o sítio Quixoá no distrito do Gadelha, até o sítio Serrote já
nas águas do nosso açude do Orós, conhecendo um patrimônio construído por
presidentes como Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, desde os canais no
campo de irrigação Fenelón Lima, da vila operaria Valdemar José de Carvalho, no
Gadelha, como os canais de irrigação e o patrimônio arquitetônico do Fomento
agrícola, a ponte Demócrito Rocha (Ponte Rodoviária), a ponte férrea, o campo
do Esso, o cacimbão da RVC que o poeta Quintino Cunha apelidou de rapariga
velha e cansada, o cacimbão da CIDAO, o cacimbão do Kleiton, o cacimbão da casa
de saúde e maternidade Santa Terezinha, o curtume de Antônio Lúcio, o antigo
matadouro público, o prédio do Ministério da agricultura e os canais de
irrigação do Bugi, até as águas do nosso açude do Orós, represadas na altura do
sítio Tambiá, Jenipapeiro, Cavaco... Ora replantando a mata ciliar com mudas de
nossa flora, ora retirando o lixo acumulado em suas margens, ora distribuindo
mudas em reuniões com as comunidades ribeirinhas, ora ouvindo a comunidade e
conhecendo a história de vida de tantos gigantes filhos da terra, na propagação
de uma contra cultura do lixo, para que conhecendo possamos amar. Incansável
como Orfeu tocando sua lira em toda a parte, estive no inicio do mês de agosto,
em nossa capital, buscando o apoio, para esta faraônica causa, do governador
Camilo Santana na oportunidade que este doava a várias escolas do estado
8000000 em instrumentos musicais e livros a gosto do aluno, apresentei-lhe a
minha filha Teresinha (que tinha vencido um concurso do governo do estado na
área de crônicas no projeto do governo, alunos que inspiram), na oportunidade
presenteei-lhe com o livro 300 anos de Sant’Ana na terra da agua boa e dei-lhe
uma camisa. Depois fui recebido pelo secretario de desenvolvimento agrário, De
Assis Diniz, já parceiro de nossas lutas em edições anteriores, que me garantiu
total apoio para a realização do Troféu Anteu neste ano em curso.
Já de volta a terra da agua bom com meus filhos e
meu neto, percebo uma movimentação não habitual no leito do rio Jaguaribe, mais
precisamente na altura da ponte rodoviária, são homens e maquinas que cortam as
veias do velho rio em busca de vida, funcionários da prefeitura de um novo
tempo que com apoio do governador Camilo Santana que liberou mais de uma milhão
de reais para a construção de uma adutora para livrar da sede toda a população
iguatuense, e o velho pai, mesmo esquecido por todos, num gesto inigualável de
doação, morrendo e resistindo, socorre com o seu sangue, com suas águas os
amados filhos seus.
Tenho dito.
Vamos pro rio!
Cícero Correia Lima
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