Troféu Anteu
Ao gigante filho da terra do sítio
Barra de Fátima
Ao SER Honrado, Honesto, Humilde,
Hospitaleiro
Apoio: Associação dos Idosos de Santa
Edwiges
Prefeitura de um novo tempo
Secretaria de desenvolvimento agrário
Instituto Agropolos do Ceará
Agricultor José Medeiros da Silva, filho do casal Maria
Medeiros da Silva e Manuel Lopes da Silva, nasceu no de 21 de Abril de 1923,
numa prole de 08 irmãos, 05 homens e 03 mulheres, a citar: Francisco, Maria,
Miguel, Anízia, Doca, Raimunda e Manuel.
De nós todos os 08 irmãos, só se conta eu vivo, mas sentado
nesta rede eu estou bem, não sinto nada, como de tudo, só quando vou me
levantar é que eu vejo que as coisas já estão difíceis, as pernas não ajudam
mais, são 97 anos, mas minha memória é de menino. Perdi meu pai com idade de 05
anos, ele adoeceu depois de ter passado o dia inteiro queimando uma coieira de
tijolos e no final do dia pegou uma chuva muito grande, nunca mais teve saúde,
estoporou, morreu uns 06 meses depois no Sítio Gaspar, onde morávamos.
Minha mãe ficou indo duas vezes na semana para a casa de um
tio-avô dela, o Roque do Marizinho, a propriedade dele era distante uma légua
de nossa tapera, ela ia cuidar da luta na casa, lavar as roupas da família, no
final do dia chegava trazendo sempre algum mantimento, uma trouxa de farinha,
rapadura, carne seca, naquele tempo não tinha dinheiro, rico era quem tinha
terra, gado, criação. Quando de tardezinha mamãe apontava na estrada corríamos todos
ao seu encontro, pois sabíamos que ela sempre trazia algo para matar nossa
fome.
Um primo dela, um rapaz velho, o Manuel Roque, fez-lhe um dia
essa proposta:
- Mariazinha, eu vou me casar com você e lhe ajudar a criar
seus filhos.
- Não Manuelzinho, eu não vou dar padrasto aos meus filhos.
Na seca de 1932 quem tinha alguma criação foi perdendo e as
coisas foram ficando mais tristes, meu irmão mais velho, o Chico Medeiros soube
que tinha alguma possibilidade de trabalho na construção do açude do
Feiticeiro, no Jaguaribe, mamãe decidiu que iriamos todos para lá, viagem
longa, sofrida, a pé. Quando lá chegamos, mamãe só conseguiu empregar meu irmão
do meio, o Doca, que ficou passando graxa nos carrinhos de mão da construção do
açude, o feitor era um cabra ruim, por mais que mamãe lhe pedisse ele sempre
negava emprego aos outros irmãos. Nós escapamos pastorando os jumentos que
trabalhavam na construção do açude, na hora deles comerem tinham a ração,
colocavam um alforje de milho amarrado na cabeça de cada jumento, à proporção
que eles comiam descia uma espuma da boca, uma baba e nela o resto do milho,
nós passávamos a mão, tirávamos a baba e comíamos, chegou por lá a notícia que
tinham aberto uma frente de serviço para a construção do açude do Lima Campos.
Fomos para lá, só trazíamos uma quartinha d’água, a fome muito grande, mas na
graça de Deus chegamos. Lá estava no comecinho da construção do açude, tinha
emprego pra todo mundo, meu serviço era quebrar pedra para fazer o concreto.
Quando o inverno chegou voltamos pro sítio Gaspar, plantar nossa roça de milho
e feijão nas terras do meu tio Manuel Lopes.
Legítimo de Braga
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