Troféu Anteu - Agricultor José Medeiros da Silva

13 de jul. de 2022

Troféu Anteu

Ao gigante filho da terra do sítio Barra de Fátima

Ao SER Honrado, Honesto, Humilde, Hospitaleiro

Apoio: Associação dos Idosos de Santa Edwiges

Prefeitura de um novo tempo

Secretaria de desenvolvimento agrário

Instituto Agropolos do Ceará

 

Agricultor José Medeiros da Silva, filho do casal Maria Medeiros da Silva e Manuel Lopes da Silva, nasceu no de 21 de Abril de 1923, numa prole de 08 irmãos, 05 homens e 03 mulheres, a citar: Francisco, Maria, Miguel, Anízia, Doca, Raimunda e Manuel.

De nós todos os 08 irmãos, só se conta eu vivo, mas sentado nesta rede eu estou bem, não sinto nada, como de tudo, só quando vou me levantar é que eu vejo que as coisas já estão difíceis, as pernas não ajudam mais, são 97 anos, mas minha memória é de menino. Perdi meu pai com idade de 05 anos, ele adoeceu depois de ter passado o dia inteiro queimando uma coieira de tijolos e no final do dia pegou uma chuva muito grande, nunca mais teve saúde, estoporou, morreu uns 06 meses depois no Sítio Gaspar, onde morávamos.

Minha mãe ficou indo duas vezes na semana para a casa de um tio-avô dela, o Roque do Marizinho, a propriedade dele era distante uma légua de nossa tapera, ela ia cuidar da luta na casa, lavar as roupas da família, no final do dia chegava trazendo sempre algum mantimento, uma trouxa de farinha, rapadura, carne seca, naquele tempo não tinha dinheiro, rico era quem tinha terra, gado, criação. Quando de tardezinha mamãe apontava na estrada corríamos todos ao seu encontro, pois sabíamos que ela sempre trazia algo para matar nossa fome.

Um primo dela, um rapaz velho, o Manuel Roque, fez-lhe um dia essa proposta:

- Mariazinha, eu vou me casar com você e lhe ajudar a criar seus filhos.

- Não Manuelzinho, eu não vou dar padrasto aos meus filhos.

Na seca de 1932 quem tinha alguma criação foi perdendo e as coisas foram ficando mais tristes, meu irmão mais velho, o Chico Medeiros soube que tinha alguma possibilidade de trabalho na construção do açude do Feiticeiro, no Jaguaribe, mamãe decidiu que iriamos todos para lá, viagem longa, sofrida, a pé. Quando lá chegamos, mamãe só conseguiu empregar meu irmão do meio, o Doca, que ficou passando graxa nos carrinhos de mão da construção do açude, o feitor era um cabra ruim, por mais que mamãe lhe pedisse ele sempre negava emprego aos outros irmãos. Nós escapamos pastorando os jumentos que trabalhavam na construção do açude, na hora deles comerem tinham a ração, colocavam um alforje de milho amarrado na cabeça de cada jumento, à proporção que eles comiam descia uma espuma da boca, uma baba e nela o resto do milho, nós passávamos a mão, tirávamos a baba e comíamos, chegou por lá a notícia que tinham aberto uma frente de serviço para a construção do açude do Lima Campos. Fomos para lá, só trazíamos uma quartinha d’água, a fome muito grande, mas na graça de Deus chegamos. Lá estava no comecinho da construção do açude, tinha emprego pra todo mundo, meu serviço era quebrar pedra para fazer o concreto. Quando o inverno chegou voltamos pro sítio Gaspar, plantar nossa roça de milho e feijão nas terras do meu tio Manuel Lopes.

Legítimo de Braga



0 comentários:

Postar um comentário