4 de nov. de 2018


                                     Troféu Anteu
                                     Ao gigante filho da terra.
Apoio:
Secretaria do meio ambiente e desenvolvimento humano – Dr. Marcos Ageu
Secretaria de agricultura e pecuária – Hildernando Barreto
Secretaria de cultura e turismo – Lucinha Felipe
Lions Clube Centenário João Alves Bezerra
Associação dos idosos de santa Edwiges
Prefeitura de um novo  tempo
                                                                  Sitio Amapá

“ Todo aquele pois que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao Homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha e desceu a chuva, e correram os rios, e assopraram os ventos e combateram aquela casa, e não caiu porque estava edificada sobre a rocha”.

Agricultor Antônio Pereira da Silva, conhecido por Geraldinho, nasceu a 13 de Junho de 1946, do casal Antônio Pereira de Oliveira e Maria Romana Pereira, vulgarmente chamada de Maria Cândida, tendo cinco irmãos, o Francisco, o João, o José, conhecido por Poroca, já falecido, a Teresinha, também já falecida e a Francisca Pereira da Silva.
Minha infância foi só sofrimento, eu fui criado na casa de minha avó, dona Chiquinha Cândida, quem me levou para trabalhar com idade de 5 anos, meu tio Expedito , aprendi com ele a plantar o milho, o feijão, o arroz, o algodão. Agradeço a Deus por meu tio Expedito ter me ensinado a trabalhar, sem ele com certeza hoje eu seria um vagabundo. Meu pai tinha ido embora, nos abandonando, logo depois mamãe também saiu pelo mundo. Teve tempo deu pedir esmola nesta região, uma vez acompanhando a minha tia Ana, chegamos ao sitio Tanque, lá batina porta de um senhor e pedi uma esmola pelo amor de Deus. Ele respondeu:
_ Vá pedir esmola na casa de Chico Caralho!
Eu saí pedindo, perguntando ao povo onde morava Chico Caralho, tão foi grande era minha inocência. Minha tia foi quem me alertou:
_ Não meu filho, não existe este homem, é doidice, deixe pra lá.
Com os anos papai voltou para casa, mamãe também voltou, morreram os dois em minha companhia, mas tudo isto é dor quando criança, doí mais que a fome. Papai tinha um terreno aqui no sitio Amapá, ia do rio Jaguaribe extremando com o sitio Croata, hoje, acampamento Batista, na época pertencia a Francisco Tavares. Mamãe era louceira, também era parteira, tínhamos que ajuda-la indo buscar o barro aqui perto nestas lagoas, areia para fazer o trabalho, água no rio com um pote na cabeça, pisar o barro para liga. Por aqui passava os trilhos da ferrovia no rumo do Cariús, na seca de 1958 eu era criança, mas me alistaram na vaga de um senhor conhecido por Dino Nazário, com 12 anos eu era o responsável pela lenha para fazer a comida dos casacos  que trabalhavam na construção da rodagem para o Alencar, trabalhei muito na Malhada Vermelha, na Cruz de Pedra, como paga tinha o fornecimento. Um dia o fornecimento fechou, passamos três dias de fome, eu , papai e meu irmão mais velho o Francisco. Ele chorava, eu era quem o consolava, ele afirmava em desespero:
_ Nós vamos morrer de fome!
Eu:
Vamos não meu irmão, Deus vai nos ajudar e nós vamos escapar.
Papai saiu para procurar algo para matar nossa fome, achou uma abelha por nome de Canuto, que faz sua colmeia  em tronco de pau, só dava para tirar no machado e ele não tinha ferro. Um cidadão conhecido por Santos, vendo o nosso sofrimento, socorreu papai dando-lhe 20.000 reis, papai comprou fato de porco e farinha e foi nossa refeição, deu uma leseira, uma fraqueza, caí num sono, foi uma beleza. Sinto emoção quando lembro, quando falo disto.
Morei no Iguatu na casa do Senhor Leonel Alves de Carvalho, o estudo que eu tenho agradeço a família Euclides, Dona Ivone, Maria Euclides, minha professora chamava-se Graziela melo, mas sempre fui meio ignorante, uma vez fui ao cinema sem  permissão, me repreenderam, ai decidi voltar para a roça.
Mais vamos lembrar os tempos bons, trabalhei 23 anos com o Senhor Barroso e 18 anos com Vocio Gonçalves, teve época deu lavrar 235 sacos de arroz, 70 sacos de milho, 22 sacos de feijão desbulhado, isto dentro de um ano, de inverno a verão. Muitas vezes a sacaria ficava pelo terreiro, porque não cabia dentro de casa. Mas nunca esqueci os tempos de dificuldade, se alguém chegava a minha casa com precisão, eu agia, teve ano deu abrir seis sacos de arroz em casaca para dar a quem precisava.
Casei-me no dia 24 de dezembro do ano de 1970, no Juazeiro do Norte, com a senhorita Raimunda Romana Marte da Silva, que todos apelidavam de “Moça”,  mas pariu 10 filhos meus: O Antônio Pereira, o Francisco já falecido, a Luciana, a Ana Isa,  a Lidiane, a Cícera, o Claude lúcio já falecido, a Claudiana, a Ana Lucia e a Antônia Pereira Martiniano. Tenho duas filhas que moram em São Paulo, mas estas casas  que o senhor estar vendo, ao lado da minha, são todas de filhas e filhos meus, moram aqui ao meu lado.
Minha esposa é aqui do Amapá, mas a mãe dela não queria o nosso casamento, tive que esperar uma visita do seu pai há família, pois ele morava no Cariri. Quando tive oportunidade falei com ele, um pouco temeroso, pois ele era um alagoano com fama de valente:
_ Seu Joaquim Rodrigues eu namoro a sua filha e faço gosto em me casar com ela, quero saber se o senhor concorda?
_ Por mim pode casar, eu tenho informação sua,  o Barroso já me disse que você é um rapaz trabalhador, um rapaz bom. Mas as velhas vão comer sua buchada.
Então, combinamos que a moça iria inventar uma viagem para o Juazeiro, para passar o aniversario e o natal com o pai. E lá nos casamos.
Eu me sinto um homem livre, apesar da vida sofrida, dos meus 72 anos, me sinto livre. Nunca matei ninguém, tenho um bom nome, o senhor mesmo é testemunha disto. Me sinto um Homem feliz. Não devo a ninguém, me alimento todo dia. Direito só Deus! Mas, sempre trabalhei para ter o nome limpo. O trabalho para mim é honra, me considero um Homem Honrado e sou feliz.

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