25 de nov. de 2018


Troféu  Anteu
Ao gigante filho da terra
Apoio:
Secretaria do Meio Ambiente e Urbanismo – Dr. Marcos Ageu
Secretaria de Cultura e Turismo – Lucinha Felipe
Secretaria de Agricultura e Pecuária – Hildernando Barreto
Lions Clube Centenário João Alves Bezerra
Associação dos idosos de Santa Edwiges
Prefeitura de um novo tempo
Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Governo do Estado (SDA) – AGROPOLOS – De Assis Diniz.




Sítio Itans

Todos os egípcios cavaram buracos às margens do Nilo para encontrar água potável, pois da água do rio não podiam mais beber.” 
                                                                                                                                                Êxodo 7:24

Raimunda Leite da Silva, filha do casal Augustinho Pereira da Silva e Rosa Maria da Conceição, nasci no dia 04 de Janeiro de 1930. Eu não nasci aqui, sou filha do Rio Grande do Norte, em Paus dos Ferros na serra do Pereira. Meu pai vendeu as terras dele no Rio Grande e comprou terras aqui no Córrego, depois vendeu e veio morar aqui nas Itans, nas terras de Manuel Alexandre, cheguei aqui criança. A vida era pesada na roça, no cabo da enxada, mamãe dizia:
- Augustim, não leve estes meninos pra roça que eles não sabem trabalhar vão só levar sol no rosto.
- Não! Eles têm que trabalhar, vão se criar trabalhando.
 Papai nos ensinava a tirar o mato ao redor do milho e do feijão, mas eu e o Manuel arrancávamos era tudo. O mais velho dos meus irmãos que ia com a enxada ao lado de papai, olhava pra trás  e dizia :
-Papai não ficou nada na linha.
  Eu me casei com 16 anos, com um rapaz velho, ele já tinha 38 anos, mas foi muito bom para mim, um excelente pai para nossos filhos, eu nem gosto de falar, de lembrar dele, que começo logo a chorar, chamava-se Valfrido Pinto da Silva, nos casamos na igreja matriz de Senhora Santana no ano de 1946 e viemos morar numa tapera de barro que havia nas terras do seu pai, logo depois mandou fazer tijolo e levantou esta casa aqui em cima desta terra que lhe pertencia, aqui pari 18 filhos dele, morreu uma filha minha quando engatinhava, tive um aborto, mas se criou 16 filhos, 11 filhas e 5 filhos. Criávamos umas 10,12 cabeças de gado, quando ele se aperreava vendia uma rés mais aqui nunca faltou um leite, pescava vendia um kombo de peixe, a vida era difícil, os primeiros filhos foi com muita dificuldade, chegávamos da roça meio dia e as panelas emborcadas, não tinha nada cozinhado não, com o tempo as coisas melhoraram, mas as coisas de primeiro era muito difícil. A gente quando é casado com uma pessoa boa, pode passar cem anos que a gente não esquece, nunca vou esquecer meu velho, morreu no dia 17 de fevereiro de 1987. Quando o dia amanhecia ele ia pro curral, trazia o leite, eu fervia, fazia a merenda dos meninos e a dele e eles logo iam pra roça. Eu achava muito bom trabalhar com ele na roça. Hoje estou velha não posso mais, mas a luta de casa ainda faço. Sou mãe de 16 filhos dele : Maria, Mariquinha, Rosa, Isabel, Fransquinha, Margarida, Luzanira, Lucineide, Eliane, Gorete, Ana Célia, José, Joacir, Francisco, Antônio e Juari. Só tenho dois filhos morando longe, um em Rondônia e outro em Fortaleza, o resto deste povo, com meus netos e bisnetos estão todos aqui do meu lado, cedi terras para cada um construir sua casa, o nosso terreno é grande vai do rio Jaguaribe até o  pé da serra, o matadouro publico foi construído em nossa terra.
 Sou viúva mas graças a Deus vivo cantando, minhas filhas acham muita graça quando eu canto:
“Onde a preguiça andou/ Raimunda não passou/ Eu nasci no Rio Grande/ No Ceará eu me criei/ No Ceará eu me casei/ No Ceará enviuvei/ Estou criando meus filhos e netos/ e no Ceará irei morrer.”
- A senhora é feliz?
- Na graça de Deus sou, como e bebo todo dia, tenho meus dois aposentos , posso afirmar que sou livre e feliz.

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