Troféu Anteu
Ao gigante filho da
terra
Apoio:
Secretaria do Meio
Ambiente e Urbanismo – Dr. Marcos Ageu
Secretaria de Cultura
e Turismo – Lucinha Felipe
Secretaria de
Agricultura e Pecuária – Hildernando Barreto
Lions Clube
Centenário João Alves Bezerra
Associação dos idosos
de Santa Edwiges
Prefeitura de um novo
tempo
Secretaria de
Desenvolvimento Agrário do Governo do Estado (SDA) – AGROPOLOS – De Assis
Diniz.
Sítio Itans
“Todos os egípcios cavaram buracos às margens do Nilo para
encontrar água potável, pois da água do rio não podiam mais beber.”
Êxodo 7:24
Êxodo 7:24
Raimunda Leite da Silva, filha do casal Augustinho Pereira
da Silva e Rosa Maria da Conceição, nasci no dia 04 de Janeiro de 1930. Eu não
nasci aqui, sou filha do Rio Grande do Norte, em Paus dos Ferros na serra do
Pereira. Meu pai vendeu as terras dele no Rio Grande e comprou terras aqui no
Córrego, depois vendeu e veio morar aqui nas Itans, nas terras de Manuel
Alexandre, cheguei aqui criança. A vida era pesada na roça, no cabo da enxada,
mamãe dizia:
- Augustim, não leve estes meninos pra roça que eles não
sabem trabalhar vão só levar sol no rosto.
- Não! Eles têm que trabalhar, vão se criar trabalhando.
Papai nos ensinava a
tirar o mato ao redor do milho e do feijão, mas eu e o Manuel arrancávamos era
tudo. O mais velho dos meus irmãos que ia com a enxada ao lado de papai, olhava
pra trás e dizia :
-Papai não ficou nada na linha.
Eu me casei com 16
anos, com um rapaz velho, ele já tinha 38 anos, mas foi muito bom para mim, um
excelente pai para nossos filhos, eu nem gosto de falar, de lembrar dele, que
começo logo a chorar, chamava-se Valfrido Pinto da Silva, nos casamos na igreja
matriz de Senhora Santana no ano de 1946 e viemos morar numa tapera de barro
que havia nas terras do seu pai, logo depois mandou fazer tijolo e levantou
esta casa aqui em cima desta terra que lhe pertencia, aqui pari 18 filhos dele,
morreu uma filha minha quando engatinhava, tive um aborto, mas se criou 16
filhos, 11 filhas e 5 filhos. Criávamos umas 10,12 cabeças de gado, quando ele
se aperreava vendia uma rés mais aqui nunca faltou um leite, pescava vendia um
kombo de peixe, a vida era difícil, os primeiros filhos foi com muita
dificuldade, chegávamos da roça meio dia e as panelas emborcadas, não tinha
nada cozinhado não, com o tempo as coisas melhoraram, mas as coisas de primeiro
era muito difícil. A gente quando é casado com uma pessoa boa, pode passar cem
anos que a gente não esquece, nunca vou esquecer meu velho, morreu no dia 17 de
fevereiro de 1987. Quando o dia amanhecia ele ia pro curral, trazia o leite, eu
fervia, fazia a merenda dos meninos e a dele e eles logo iam pra roça. Eu
achava muito bom trabalhar com ele na roça. Hoje estou velha não posso mais,
mas a luta de casa ainda faço. Sou mãe de 16 filhos dele : Maria, Mariquinha,
Rosa, Isabel, Fransquinha, Margarida, Luzanira, Lucineide, Eliane, Gorete, Ana
Célia, José, Joacir, Francisco, Antônio e Juari. Só tenho dois filhos morando
longe, um em Rondônia e outro em Fortaleza, o resto deste povo, com meus netos
e bisnetos estão todos aqui do meu lado, cedi terras para cada um construir sua
casa, o nosso terreno é grande vai do rio Jaguaribe até o pé da serra, o matadouro publico foi
construído em nossa terra.
Sou viúva mas graças
a Deus vivo cantando, minhas filhas acham muita graça quando eu canto:
“Onde a preguiça andou/ Raimunda não passou/ Eu nasci no Rio
Grande/ No Ceará eu me criei/ No Ceará eu me casei/ No Ceará enviuvei/ Estou
criando meus filhos e netos/ e no Ceará irei morrer.”
- A senhora é feliz?
- Na graça de Deus sou, como e bebo todo dia, tenho meus
dois aposentos , posso afirmar que sou livre e feliz.
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