26 de nov. de 2018


Troféu  Anteu
Ao gigante filho da terra
Apoio:
Secretaria do Meio Ambiente e Urbanismo – Dr. Marcos Ageu
Secretaria de Cultura e Turismo – Lucinha Felipe
Secretaria de Agricultura e Pecuária – Hildernando Barreto
Lions Clube Centenário João Alves Bezerra
Associação dos idosos de Santa Edwiges
Prefeitura de um novo tempo
Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Governo do Estado (SDA) – AGROPOLOS – De Assis Diniz.

Sítio Cajazeiras

“No Éden nascia um rio que irrigava o jardim, e depois se dividia em quatro.”
                                                                                                                                                                          Gênesis 2:10

Socorro Cardoso de Araújo Alconforado filha do casal Luís Cardoso de Araújo e Maria Pereira da Silva, natural do sítio Cajazeiras, nascida há 27 de Outubro de 1945, tendo 14 irmãos, a citar: Almiro, Adail, Aldira, Alcir, eu, Aldir, Francisco, Helena,  Alcinete, Ana, Ivone, Almir, Audenira e Aldemir.
 Nasci e me criei ajudando meu pai a trabalhar na roça. Naquele tempo não tinha água encanada nem luz, eu carregava com meus irmãos e irmãs água do rio Jaguaribe em latas na cabeça, lavava roupas no rio, no inverno papai plantava milho, feijão, fava, algodão. Naquela época era fartura, não tinha malfazejo, a gente dormia na vazante, ninguém fazia mal a ninguém, esperava o Aracati chegar, para balançar a rede, vendo os peba vim comer batata na nossa frente,  furavam o Jerimum. Também tinha muito peixe, duas vezes na semana papai ia a noite para uma pescaria, muito peixe, muita fartura, poço das moitas, poço comprido, poço grande, não faltava água pros animais, tirava o ano todo, fosse a seca que fosse, no mês de Outubro a água fluía com mais força, o feijão plantado na vazante, ficava com a rama na água.
 No mês de Setembro durante os festejos de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro no Prado, íamos para a rua a pé, a lua clara, em casa ficava a porta amarrada no arame, no quintal galinhas, capotes, pirus, criação de bode, vacas no curral, mas não sumia nada, era um tempo de tranquilidade, do amor ao próximo. Mamãe sempre deu conta das responsabilidades de casa além disto ajudava papai no curral tirando leite, na vazante apanhando feijão, ia buscar lata d’agua na cabeça com o filho escanchado no braço, pilava o arroz, depois apareceu moageira, antes era tudo no pilão, para o milho tinha o moinho. Papai comprava o café em caroço, mamãe torrava e nós pilavamos.
 Casei no dia 5 de Outubro de 1963 com Joaquim Vicente Alconforado, hoje falecido, tive com ele 5 filhos: Solange, Solineide, Solineuma, Francineuma e o Ivan. Tenho  6 netos e 3 bisnetos.
 Papai dizia: 
- Aqui não tem diferença, tanto faz homem como mulher tem que trabalhar não estando doente, tem que trabalhar.
  Mas, nunca nos faltou alimento, fosse qual fosse o tempo mais sempre tivemos, ou bom, ou ruim, mas nunca dormimos com fome. Sempre lutando, ensinando e unindo.
 Criei meus filhos todos trabalhando na roça, como qualquer cidadão, no tempo de colher, pagava alguns trabalhadores para bater o arroz, o resto  da luta era comigo.
- A senhora é uma mulher feliz?
- Eu não posso afirmar que sou feliz, pois estou realizando um tratamento de saúde, mas no mesmo tempo afirmo  que sou, pois tenho meus filhos e nos meus 47 anos de viúva, nunca me deram desgosto , criei todos como fui criada por meus pais, na roça. Sempre depois da roça pegávamos cada um a sua cadeirinha e íamos para a casa da Sra. Nair Ribeiro, minha primeira e única professora, uma competência. Todos os meus irmãos aprenderam a ler e escrever com ela.

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