21 de nov. de 2018


Troféu  Anteu
Ao gigante filho da terra
Apoio:
Secretaria do Meio Ambiente e Urbanismo – Dr. Marcos Ageu
Secretaria de Cultura e Turismo – Lucinha Felipe
Secretaria de Agricultura e Pecuária – Hildernando Barreto
Lions Clube Centenário João Alves Bezerra
Associação dos idosos de Santa Edwiges
Prefeitura de um novo tempo
Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Governo do Estado (SDA) – AGROPOLOS – De Assis Diniz.





Sitio São José
“Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede. Não cairá sobre eles sol, e nenhum calor abrasador, pois o Cordeiro que está no centro do trono será o seu Pastor; ele os guiará às fontes de água viva. E Deus enxugará dos seus olhos toda lágrima".
Apocalipse 7:16,17
Antônio Ferreira de Souza, filho de Eleonel Isidoro de Souza e Teresa Ferreira de Souza, nasceu a 05 de Julho de 1951, no sítio Cachoeirinha-Cariús, na propriedade da Sra. Santinha Leal, vindo juntamente com seus pais para o sítio Garrote, ainda em Cariús trabalhar na propriedade de Edmar Pinto de Mendonça e dona Pehy Leal. Com idade de 10 anos já acompanhava meu pai em grandes comitivas, quatro, cinco vaqueiros e uma responsabilidade enorme, tangíamos aproximadamente 200 reses, no rumo dos Inhamus, para alguma de suas propriedades, Malhada da Aroeira, Mulungu, Tabuleiro, Riacho da Onça, tudo uma questão de falta de pasto. Saíamos as três da madrugada, selar o cavalo, juntar o gado na roça e trilhar por dentro do Jaguaribe, aproveitando sempre as horas mais frias.  Quando o sol esquentava, procurávamos a sombra de um Juazeiro, duma Oiticica e fazíamos uma refeição que já trazíamos pronta no lombo de um burro, que se resumia em queijo, farinha, rapadura e carne de bode. Cinco, seis dias se fosse em período de inverno, no verão, o leito do rio seco ai era mais rápido, três dias e meio, quatro dias. As vezes surgia algum empecilho, como uma rés que comia tingui, mas, já estávamos preparados, trazíamos sempre alguns litros de cachaça, era buscar e derramar de garganta abaixo. A res se levantava cambaleante, mas logo se juntava ao grosso da boiada.  Algumas vezes um bezerro cansava e terminava a viagem na lua da sela de um vaqueiro. A confiança do Patrão em nós era grande, ele era muito respeitado por toda a região, por onde passava nos recomendava:
 - Olhem! Não deixem meus vaqueiros dormirem no relento.
 Sempre que buscávamos abrigo em alguma residência, éramos bem recebidos, nos preparavam um jantar e nos apontavam os locais onde armar nossas redes. Nunca corri no limpo atrás de gado, mas, na mata era meu esporte. Se uma novilha ficasse dando trabalho sem querer vim pro curral, ai saia atrás dela, quando avistava, botava o cavalo atrás, quando emparelhava com ela, me  jogava no pescoço, ai começava uma disputa de forças, a mata que tiver na frente se quebra , quebra-se o gado, o vaqueiro é a sorte. Dobrava- lhe os beiços, ela caia, outro vaqueiro colocava uma corda na cabeça da res, amarrava em algum pau, colocávamos uma careta e a trazíamos, não tinha bom não. Era um menino macho, montava em osso, ou no pano, com sela e encourado.
- Ou cabra macho!!
Era assim que diziam os outros vaqueiros. O cabra quando é bruto é bruto mesmo, e o bicho é bruto, então, é um bruto pegando outro. Fui amansador de burro brabo, montava e deixava ele um cordeiro, dominado mesmo, pra menino montar.
 Nunca escolhi chão, em tabuleiro, no meio dos toco, nunca me faltou coragem. Se caísse, levantava e montava de novo. Também fui vaqueiro de Caubi Leal, Dona Cesem Leal. No ano de 2001, cheguei com minha mulher e meus cinco filhos da fazenda Pontengi, para cuidar das lutas na propriedade do Sr. Antônio de Edmar Pinto, que me conhece desde menino no Cariús, aceitei o convite, e hoje, tenho toda liberdade dentro da propriedade, aqui crio meu gado junto com o dele, tenho minhas ovelhas, exploro a mata, planto a roça, construí minha casa, meu filho Francisco construiu a casa dele do lado da minha. E hoje estamos aqui imensamente gratos a Deus primeiramente, e ao Antônio Grande, que tenho como um irmão.
  Sou o segundo filho, numa família de sete irmãos, primeiro nasceu a Maria, depois eu, ai vieram Adalgiza, José, Juliana, Antônia, Francisco, todos moradores da região de Carius. Me casei na Catedral de Nossa Senhora do Carmo, em Jucás, no mesmo dia em que batizei meu primeiro filho o Benedito, por exigência do Padre João, era uma manhã de setembro do ano de 1976. Depois vieram outros, o Ricardo, o Antônio, o Francisco e o Reinaldo. Morreram dois na infância. Dois deles moram em Fortaleza, um em São Paulo, outro no Sítio Bravo. Hoje nos meus 67 anos, aposentado, ainda tenho o vigor dos 20. Faço todo serviço da roça, no lombo do cavalo toda a liberdade e neste ultimo São João, fizeram fila aqui na quadra da associação do Sítio São José, mulheres, todas querendo quebrar o espinhaço do velho, perdi a conta de com quantas dancei. Tenho 13 netos e 1 bisneto, graças a Deus!
 Não vivo obrigado a ninguém, não sou importunado por ninguém, e ninguém diz que sou feio, só bonito! Sou feliz, meus filhos não me dão trabalho! A vizinhança toda me respeita e depois de 42 anos de casados acho que minha mulher não me deixa mais.

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