21 de nov. de 2018





Troféu  Anteu
Ao gigante filho da terra
Apoio:
Secretaria do Meio Ambiente e Urbanismo – Dr. Marcos Ageu
Secretaria de Cultura e Turismo – Lucinha Felipe
Secretaria de Agricultura e Pecuária – Hildernando Barreto
Lions Clube Centenário João Alves Bezerra
Associação dos idosos de Santa Edwiges
Prefeitura de um novo tempo
Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Governo do Estado (SDA) – AGROPOLOS – De Assis Diniz.



Sitio São José
“Cavaram, pois, os servos de Isaque naquele vale, e acharam ali um poço de águas vivas”
 Gênesis 26:19
Fabiana Oliveira Correia Felix, filha do casal: Raimundo Vitoriano Correia e Francisca Catarina Correia, numa linhagem de 7  irmãos, 2 homens e 5 mulheres, tendo perdido uma irmã com 7 anos de idade de sarampo. Sendo seus irmãos Raimundo Filho, Eliano, Fransquinha, Eliana e Claudiana. Nasceu no dia 13 de Janeiro de 1979.
 Quando amanhecia o dia lá em casa, às cinco e meia da manhã, nós já estávamos todos prontos para irmos para irmos para a roça no pé de serra, roça arrendada, na propriedade de Sr. Chico Leandro. Mamãe acordava mais cedo e fazia um café adoçado com rapadura, ia para roça mais nós. Quem ficava em casa cuidando das lutas e responsável pela comida era minha irmã mais velha a Fransquinha, cuidando ainda dos dois irmãos mais novos a Claudiana e o Eliano. As coisas muito difícil, quando papai colhia o legume, tirava a renda, pagava a bodega, não sobrava nada, ate para nos vestir  e calçar era doação da família, um vestido novo, só na época do São João, pois mamãe colhendo algodão, que ficava na roça de papai, numa segunda apanha, vendia e comprava um bom pedaço de tecido que minha tia Chaga costurava fazendo roupas para todos nós. Trabalhávamos até no domingo, minha mãe sofreu demais. A água para irmos buscar, nós não tínhamos condições de comprar as latas e fazer o galão, era em cabaças plantadas na roça de papai. Mamãe carregava a maior na cabeça sob uma rodilha, e cada um de nós com sua cabaça menor, íamos por uma vereda, não havia estrada até o cacimbão de João Bigodeiro. Chegando lá já tinha uma fila de gente, todos no Sítio São José buscavam esta cacimba para matar sua sede. A água para luta de casa era mais longe, no açude do paredão. Papai plantava alternado, era uma carreira de algodão, outra com milho e feijão, a melancia e o jerimum era jogando aleatoriamente em alguns pontos onde a terra era mais fofa. Quando terminava a colheita, papai começava a brocar, o meu irmão mais velho carregando a lenha para encher o bacurau, eu, mamãe e os mais novos carregando bagaço, para cobrir o bacurau, depois deste metrado, cobríamos com terra e tocava-se fogo. Os bacurrais de papai eram grandes, 12 metros de lenha, passavam de 8 dias tocando fogo, um processo lento e cuidadoso que requer muita atenção. Depois disto, íamos tirar o carvão, com três dias, ainda quente, mais tínhamos que tirar por que na realidade, já estávamos devendo, era só para pagar conta. Papai não acreditava muito em escola, dizia que isto não tinha futuro, escola não põe comida na mesa, tínhamos era que trabalhar. Ouve um tempo que abriu-se uma escola aqui no sítio São José, ai mamãe disse que agora nos íamos estudar, mesmo a contra gosto de papai, mamãe matriculou eu, a Eliana e o Raimundo, mas, este logo desistiu, disse que preferia a roça, ficou eu e minha irmã, depois de três anos tive que ir para o Bravo, buscar estudo mais avançado, depois fui para o Iguatu estudar no Figueiras Lima, terminei o 2º Grau, no programa tempo de avançar e tentei me inserir no mercado de trabalho, sem nenhum sucesso, isto muito me frustrou pois não queria mais voltar para a roça. Neste momento apareceu em minha vida o Elo Amigo, fui apontada pelo diretor da escola do Sítio Bravo, na época o Sr. Helton Pereira, para participar de uma formação na área social e ambiental, lá passei dois anos. Naquele momento, teríamos nos enquanto alunos, de escolher um projeto ou na área social, ou na área produtiva. Não tive duvidas, já havia me decepcionado com a cidade, meu lugar era na terra, então, usei o conhecimento adquirido no Instituto Elo Amigo para trazer a dignidade e a fartura para minha comunidade. Aqui no sítio São José trabalhei de avicultura e  horticultura, o primeiro foi um sucesso pois trabalhava no quintal de minha mãe, já o segundo que envolvia um numero maior de pessoas, dez jovens, se mostrou inviável, pois dependia de maior quantidade de terra, terra que nenhum de nós possuíamos, teríamos que comprar ou arredar, e isto se mostrou inviável. Aqui fundei uma unidade de produção familiar, onde participava todos os membros da família, eu fiquei responsável pelo setor de vendas, sempre com o apoio do Elo amigo, que indicava e garantia ao mercado a nossa produção. Entre os anos de 2003 a 2006, fiquei responsável pelo apoio aos técnicos do Elo amigo na área produtiva. No ano de 2001 conheci o jovem Francisco Felix que chegava com seus pais para morarem em São José, no ano de 2004 nos casamos, dia 30 de Dezembro, mas nos conhecemos, eu coberta do pó  do carvão, enquanto ajudava meu pai num bacurau e ele ia com o seu pai, tirarem leite de umas vacas num curral próximo. Hoje, é o pai dos meus filhos David e Dafiny.  Reconheço que em tudo na vida tem que ter ciência, ate a maneira de abrir o saco para colocar o carvão foi meu pai que me ensinou. Na roça broco, arranco toco, roço de foice, destoco terra com enxada, corto lenha com machado, passo veneno com maquina de pulverizar. Hoje estou aonde eu quero, foi o sofrimento que me moldou o caráter é aqui na roça junto ao meu esposo e filhos, numa casa construída no terreiro do meu sogro que tenciono um dia morrer. Hoje, sei onde estão fincadas minhas raízes. Eu não troco a minha vida no aqui no sítio, mesmo com todo trabalho pesado pela vida na cidade. Uma experiência longe da família teve meu esposo, cinco anos trabalhando em São Paulo e não chegou com dinheiro de comprar uma bicicleta. Hoje, com os trabalhos da roça temos nossos transportes, nossa moto e um fiat palio.
 Sou feliz demais! Aqui eu tenho tudo que preciso, a liberdade de ir  e  vir e o trabalho, o dia que eu não vou pra roça, este dia fica comprido.
 Tenho Dito. 

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