7 de jan. de 2016

Troféu Anteu
Ao Homem com H maiúsculo Honrado Honesto. Ao gigante filho da terra.
Nos 60 anos do IFCE- campus de Iguatu.
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Descamba o Sol. Berta, sentada ás sombras do outão da casa de nhá Tudinha, deitou sobre os joelhos a camisa que estava cosendo para João, e para o céu lançava um olhar profundo, calhando de lagrimas.
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Miguel assomou á porta da casa e desprendendo-se do estreito abraço em que o cingia a mãe lacrimosa, dirige-se para o lugar onde estava a menina.
Importantes acontecimentos tinham passado na última semana decorrida depois da confissão que Galvão fizera a sua mulher.
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Combinou-se que Miguel iria estudar em São Paulo, e dois anos depois se efetuaria o casamento naquela cidade para onde a família devia partir logo.
Chegara a véspera da partida. Miguel fora  despedir-se da mãe. Luís Galvão lhe pedira que ainda uma vez empregasse todos os esforços para resolver.
Berta a acompanha-los.
Dirigiu-se Miguel a Berta e apertou-lhe ambas as mãos.
- Então, Inhá? ... Fica?
- É Preciso Miguel. Quem há de consolar sua mãe?
- Coitada! Murmurou o moço. E afastou-se da casa para não ouvir os soluços de nhá Tudinha...
(Til – José de Alencar)
Vaqueiro José Marques de Lucena, popularmente conhecido por  “Zé Pequeno”, nasceu a 19 de outubro de 1965, natural do Catolé dos Justinos, filho do casal Marcos Batista de Lucena e Josefa Bernardes da Silva, sendo o segundo, numa linhagem de quatro irmãos, Valmir, Antônio ( Branco) e Josefa.
 A minha vida é desse jeito mesmo, trabalhando! Desde os oito anos que comecei a trabalhar. Meu pai criava, ainda hoje nós cria. Levanto todo dia as três horas da madrugada, o telefone toca, a mulher se levanta faz o café, comemos umas bolachinhas eu e meu filho Marcos, e partimos lá para Timbaúba, dar uma légua, nesta época de seca ainda tiramos de 280 há 300 litros de leite todo dia, de quarenta vacas, do Hélio Adriano, comendo todas numa vazante na Conceição dos Abílio, na beira do Açude do Orós. Minha mesmo, são oito vacas, comem juntas com as dele, no final do mês ele me paga 1.000,00, das 09:00 para as 10:00 horas da manhã estou em casa, começo outra luta, tenho uma criação com uns 30 carneiros, e uma Vazante lá na Conceição dos Vicente, é uma meia Légua, trago um feixe grande de capim, pela manhã e a tarde
- Eu conheço cabra, que tem terreno dentro do Orós e não tem uma cova de nada plantado. As vazes, cria uns bichinhos, e é morrendo de fome. O rebanho do meu pai era uns quarenta gados, umas cem cabeças de ovelha. As terras foram divididas, meus irmãos venderam, foram pra São Paulo. – Se chover as coisas melhoram, fica mais fácil, tenho umas 30 tarefas de terra, vou plantar milho e feijão, chovendo bem, pasto aqui é sobrando. Agora é por que não há mais inverno, como no tempo de nós menino. Chovia de seis meses, agora riqueza é este açude que eles fizeram. Se não fosse o Orós, nos tava noutro tempo, na escravidão. Água encanada, nós temos no terreiro de casa, mas já tá muito distante, se este ano que entra não chover, não tem mais como chegar água aqui nas torneiras.
 Papai morreu em 1980, fiquei sozinho cuidando de mamãe, o sonho dela sempre era ver o “Branco”, era só no que ela falava, deste seu filho caçula. Uma vez, eu até propus a ele:
- Venha “Branco”, eu ajeito as suas passagens! Mas ele nunca apareceu.
 O Valmir ainda veio aqui uma vez. Quando ele chegou, eu ainda me lembro como hoje, nós estávamos botando um feijãozinho no sol, quando ele chegou.  Foi tanto beijo, foi tanto abraço que mamãe deu nele.
 Casei-me no dia 26 de Fevereiro de 1992 com Maria Francisca de Araújo Lucena, que é mãe dos meus 5 filhos : Marcos, Maicon, Raiana, Naiana, Dayana. A Dayana esta em São Paulo, tem 22 anos, já foi casada, o marido tem na mente passar uma temporada lá e depois voltar. Meu filho Marcos, vai para as festas, ontem foi à Palestina, chega por volta das 11 horas da noite, vai dormir. Mas não bebe, me ajuda muito.
Eu sou muito feliz, graças a Deus, quando era mais novo, corri muita vaquejada, hoje não corro mais. Tenho o cavalo Melão, gordo que espelha. Eu estando amontado num cavalo, sou um homem feliz, foi a coisa que eu Adorei mais no mundo, agora se eu correr, dói muito, não tenho mais aquele alento. A gente trabalha muito, bota muita força, eu sinto muita dor nos rins, mas é só de trabalhar mesmo.
 - O Senhor se considera um homem livre?
 - Livre, assim como!? Eu me considero, tenho muita fé em Deus, muita amizade, nunca desfeiteei ninguém, nunca ninguém me desfeiteou.


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