TROFÉU ANTEU
Ao Homem com H maiúsculo Honrado, Honesto. Ao gigante filho
da terra.
Nos sessenta anos de IFCE-campus Iguatu.
A mãe de Mario que não cessara de mostrar por sinais bem
visíveis sua inquietação pela demora do filho, afinal não podendo, mas conter-se,
da mesa onde conversavam as outras senhoras.
-Senhora Baronesa,
disse ela com timidez, vossa excelência consente que mande alguma pessoa ver
onde se encontra meu filho? ...Estou tão desassossegada! Parece-me que alguma
coisa estar-lhe acontecendo. Quem sabe se a senhora baronesa me dessa licença,
eu mandaria...
- Não há ninguém
desocupado. Todos são preciosos para o serviço desta casa! disse a baronesa sem
dar maior atenção à preocupação da mãe aflita.
D. Francisca fez uma reverência e retirou-se da sala,
descendo em seguida ao jardim, com intenção de procurar seu filho.
Ela sabia que não
teria forças para ir muito longe, com a cabeça exposta ao sol do meio dia, mas
o coração à arrastava ...
(O tronco do ipê)
Agricultor
Januário Barbosa de Lucena, nascido a dez de julho de 1938,no sítio Cajú-Zé,
filho do casal Luís Barbosa de Lucena e Maria Dolorosa de Araújo, sendo o
quarto, numa prole de onze irmãos: Francisco, Vicente, Vilauba, Teresinha, Maria,
Elizaldo, José, Valdereza, Josefa e Luís.
Papai não era rico, mas graças a Deus, nunca
faltou seu paiol de milho, feijão, arroz. Lá tinha mais de 60 criações entre
bode e ovelha, criava também um gadinho, umas 40 a 50 rezes. Eu, mais meus
quatro irmãos, era dentro da roça mais papai, plantávamos milho, feijão, arroz
e algodão. Plantávamos também mandioca, passávamos de mês numa farinhada, com
outras famílias, no desmanche da mandioca.
Fazíamos a goma, a farinha, ralávamos o cocô para botar dentro da
tapioca e do beiju, era divertido.
Selava um burro as quatro e meia da madrugada,
íamos de dez, vinte pessoas na estrada, no rumo do Iguatu, para a gente era uma
diversão, aqui acolá tinha um biongo, tomávamos uma cachacinha, era uma
diversão. Ali, onde é hoje o banco do Brasil, era uma feira de animais, debaixo
de um pé de Timbaúba, tinha uma lagoinha perto (Lagoa da Telha), aquilo tudo
era um aberto. Eu era o responsável pelas compras, primeiro ia ao seu Correinha,
vender os queijos feitos por mamãe, depois, comprava café, fumo, açúcar... O
seu avô Correinha, para nos atender no balcão, tinha que ficar em cima de uma “medida”,
sua tia Zulmira, era quem trabalhava mais o velho.
Eu fui criado
dos 02 aos 16 anos por minha tia Arquina, no sítio Baixas. Havia uma epidemia
de Malária muito grande, lá no sítio Caju-Zé, mamãe estava aflita, o único com
saúde lá em casa era eu. Meu tio Januário, se ofereceu para me levar dali.
Papai consentiu. Só voltei depois de rapaz. Mamãe, de tempos em tempos ia me
visitar, inquieta com minha demora, dizia que estava desassossegada, mas eu não
queria voltar.
Fui por duas
vezes a São Paulo, as coisas estavam difíceis por aqui, a seca muito grande. Trabalhei
a primeira vez, na Vucabraz, depois na Vigorelli, mas a verdade é que eu achava
bom andar um pouquinho. Estas terras aqui no Catolé dos Justinhos, eu comprei
com o dinheiro ganho em São Paulo. Só me casei, aos 09 dias do mês de Julho de
1983, com a Senhorita Rita Rufino Neta de Lucena, que é mãe dos meus três filhos
Jano, Jandira, Jaqueline.
Hoje, a vida
estar mais fácil, antigamente era tudo na lamparina, a água a gente ia buscar
com meia légua, em ancoretas, no lombo de um burro. Hoje, tem energia elétrica,
água encanada. Pode faltar, se um dia o Orós secar, mas temos quatro torneira
em casa. A família nova, hoje você fala com seu filho, ele sai resmungando.
Antigamente, não! Papai chamava:
- Ei! Venha aqui, volte. O que foi!?
Os filhos eram submissos. Eu crio um filho,
mas se ele disser:
- Eu vou
embora!
Fica difícil,
porque hoje, ninguém quer trabalhar, é uma dificuldade você achar um
trabalhador de roça hoje. Acredito que o emprego dentro da firma, a gente se
sujeita, tem que fazer a produção, alcançar aquela meta. Ninguém tem mais a
roça por meta.
Hoje graças a Deus me livrei desta carga! Eu
me considero um homem feliz, não devo nada a ninguém, como e bebo as minhas
custas. A vida da gente é essa.
- O Senhor se considera um homem livre ?
- Sou livre,
não sou obrigado a seu ninguém, tenho minha casinha, com meus filhos dentro,
vivo do meu trabalho. Temos um gadinho, criação, nove vacas paridas, um touro,
umas 40 ovelhas e forragem.
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