6 de jan. de 2016

TROFÉU ANTEU
Ao Homem com H maiúsculo Honrado, Honesto. Ao gigante filho da terra.
Nos sessenta anos de IFCE-campus Iguatu.
A mãe de Mario que não cessara de mostrar por sinais bem visíveis sua inquietação pela demora do filho, afinal não podendo, mas conter-se, da mesa onde conversavam as outras senhoras.
 -Senhora Baronesa, disse ela com timidez, vossa excelência consente que mande alguma pessoa ver onde se encontra meu filho? ...Estou tão desassossegada! Parece-me que alguma coisa estar-lhe acontecendo. Quem sabe se a senhora baronesa me dessa licença, eu mandaria...
 - Não há ninguém desocupado. Todos são preciosos para o serviço desta casa! disse a baronesa sem dar maior atenção à preocupação da mãe aflita.
D. Francisca fez uma reverência e retirou-se da sala, descendo em seguida ao jardim, com intenção de procurar seu filho.
 Ela sabia que não teria forças para ir muito longe, com a cabeça exposta ao sol do meio dia, mas o coração à arrastava ...
(O tronco do ipê)
Agricultor Januário Barbosa de Lucena, nascido a dez de julho de 1938,no sítio Cajú-Zé, filho do casal Luís Barbosa de Lucena e Maria Dolorosa de Araújo, sendo o quarto, numa prole de onze irmãos: Francisco, Vicente, Vilauba, Teresinha, Maria, Elizaldo, José, Valdereza, Josefa e Luís.
 Papai não era rico, mas graças a Deus, nunca faltou seu paiol de milho, feijão, arroz. Lá tinha mais de 60 criações entre bode e ovelha, criava também um gadinho, umas 40 a 50 rezes. Eu, mais meus quatro irmãos, era dentro da roça mais papai, plantávamos milho, feijão, arroz e algodão. Plantávamos também mandioca, passávamos de mês numa farinhada, com outras famílias, no desmanche da mandioca.  Fazíamos a goma, a farinha, ralávamos o cocô para botar dentro da tapioca e do beiju, era divertido.
 Selava um burro as quatro e meia da madrugada, íamos de dez, vinte pessoas na estrada, no rumo do Iguatu, para a gente era uma diversão, aqui acolá tinha um biongo, tomávamos uma cachacinha, era uma diversão. Ali, onde é hoje o banco do Brasil, era uma feira de animais, debaixo de um pé de Timbaúba, tinha uma lagoinha perto (Lagoa da Telha), aquilo tudo era um aberto. Eu era o responsável pelas compras, primeiro ia ao seu Correinha, vender os queijos feitos por mamãe, depois, comprava café, fumo, açúcar... O seu avô Correinha, para nos atender no balcão, tinha que ficar em cima de uma “medida”, sua tia Zulmira, era quem trabalhava mais o velho.
Eu fui criado dos 02 aos 16 anos por minha tia Arquina, no sítio Baixas. Havia uma epidemia de Malária muito grande, lá no sítio Caju-Zé, mamãe estava aflita, o único com saúde lá em casa era eu. Meu tio Januário, se ofereceu para me levar dali. Papai consentiu. Só voltei depois de rapaz. Mamãe, de tempos em tempos ia me visitar, inquieta com minha demora, dizia que estava desassossegada, mas eu não queria voltar.
Fui por duas vezes a São Paulo, as coisas estavam difíceis por aqui, a seca muito grande. Trabalhei a primeira vez, na Vucabraz, depois na Vigorelli, mas a verdade é que eu achava bom andar um pouquinho. Estas terras aqui no Catolé dos Justinhos, eu comprei com o dinheiro ganho em São Paulo. Só me casei, aos 09 dias do mês de Julho de 1983, com a Senhorita Rita Rufino Neta de Lucena, que é mãe dos meus três filhos Jano, Jandira, Jaqueline.
Hoje, a vida estar mais fácil, antigamente era tudo na lamparina, a água a gente ia buscar com meia légua, em ancoretas, no lombo de um burro. Hoje, tem energia elétrica, água encanada. Pode faltar, se um dia o Orós secar, mas temos quatro torneira em casa. A família nova, hoje você fala com seu filho, ele sai resmungando. Antigamente, não! Papai chamava:
- Ei!  Venha aqui, volte. O que foi!?
 Os filhos eram submissos. Eu crio um filho, mas se ele disser:
- Eu vou embora!
Fica difícil, porque hoje, ninguém quer trabalhar, é uma dificuldade você achar um trabalhador de roça hoje. Acredito que o emprego dentro da firma, a gente se sujeita, tem que fazer a produção, alcançar aquela meta. Ninguém tem mais a roça por meta.
 Hoje graças a Deus me livrei desta carga! Eu me considero um homem feliz, não devo nada a ninguém, como e bebo as minhas custas. A vida da gente é essa.
 - O Senhor se considera um homem livre ?

- Sou livre, não sou obrigado a seu ninguém, tenho minha casinha, com meus filhos dentro, vivo do meu trabalho. Temos um gadinho, criação, nove vacas paridas, um touro, umas 40 ovelhas e forragem.  

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