Troféu Anteu
Ao Homem com H maiúsculo, Honrado, Honesto.
Ao agricultor e ao
vaqueiro.
Gigantes filhos da
terra.
“ Não era assim no fim
do século passado, quando apenas se encontravam de longe em longe extensas
fazendas, as quais ocupavam todo o espaço, entre as raras freguesias espalhadas
pelo interior da província”
...
Uma longa fila de cargueiros tocados por peões
despeja o caminho nessa marcha miúda e de batida a que dão o nome de carrego
baixo.
Adiante de comboio, e já muito distante,
aparecia a cavalgada dos viajantes.
Compunha-se de muitas pessoas. Dessas, vinte
pertenciam a classe não extinta de valentões, que os fazendeiros desde aquele
tempo costumavam angariar para lhes formarem o séquito e guardarem sua pessoa.
...
A chapada, que os viajantes atravessavam
neste momento, tinha o aspecto desolado e profundamente triste, que tomam
aquelas regiões no tempo de seca.
( O Sertanejo – José de Alencar)
Agricultor Agenor Alves dos Santos nasceu a 11
de janeiro de 1941, numa prole de 10 irmãos, oito homens e duas mulheres, do
casal José Ancelmo e Francisca Maria da Conceição. Casou-se a 11 de outro de
1962, com a Sra. Francisca Alves dos Santos, sendo pai de 6 filhos: Edson Alves
dos Santos, José, Edmar, Rita, Tania e Santana.
Papai era um alagoano que chegou nas Vertentes com 13 anos, conhecido por “ Zé Miguel”, criava muitos
animais, cada um dos seus filhos, tinha um burro, com cela, couxim, um par de
esporas, duas vezes no mês a gente ia ao Iguatu. Levando cada qual, um jogo de
mala com arroz em casca, no lombo do burro, lá a única moageira era a do Sr.
Sabino Antunes.
Herdei
16 hectares de terras dos meus pais, o terreno deles era muito grande, meia
légua de comprimento. O serviço mais difícil na roça é arrancar toco, mas o
cabra tinha que ir, meu pai levava. Aqui, era tudo mata de jurema preta, os
toco dessa grossura! Arrancávamos tudo na chibanca. Não tinha negocio não! Eu,
meus irmãos, quatro ou cinco trabalhadores.
Cortei muita lenha pra vender nas usinas, do
Iguatu, na CIDAO, cortava na Chapada do Moura.
Aqui Hoje se o senhor disser:
- Eu quero um dia de roça.
O senhor, pode pagar R$ 50,00, R$ 60,00, que o
senhor não acha um trabalhador. Vão tudo pro Alencar, de moto de Topic. Vão pro
Iguatu, trabalhar em qualquer coisa. Mas não querem mais nada com roça.
Esse meu apelido, ganhei quando era pequeno,
meu cabelo era bem vermelhinho. Eu ia buscar água lá no cacimbão do Chico
Angélico, no Carrapicho, foi ele que me chamou de bode vermelho, o apelido
pegou.
Aqui, as crianças nasciam nas mãos das cachimbeiras. Cansei de
presenciar mulheres morrendo com dores de parto, o neném, atravessado na barriga.
Eram levados ao Iguatu em uma rede, carregada por quatro Homens, que se
revezavam, atravessavam este mundão da Chapada do Moura, a pé.
Os meus filhos estão, dois em são Paulo, uma
morando vizinho a minha casa, uma no sítio Veados, dois no Iguatu. O Edmar passou 60 dias de férias aqui, todo
dia ia pra roça mais eu.
Ele já tem mais de 50 anos, já tá pensando em
voltar. È eletricista lá em São Paulo, mas já mandou dinheiro pra comprar um
gadinho. Tem 6 vacas paridas, aqui comigo!
- O senhor se considera um Homem Feliz?
- Graças a Deus! Muito Feliz,
meus filhos nunca me deram trabalho. Já é uma felicidade grande.
Sou um Homem Livre! Nunca fiz confusão com ninguém, nunca fiz um mal
feito, nunca fui preso. Graças a Deus, eu acho que sou. Só quem me tira desta
terra aqui é a morte. Quando é 4 horas da tarde, vou buscar minhas vaquinhas na
roça, apartar os bezerros. De manhã
Cedinho vou tirar o leite.
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