17 de out. de 2015







Troféu Anteu
Ao Homem com H maiúsculo, Honrado, Honesto.
Ao Gigante filho da terra.





 “... O conselheiro fez um discurso enciclopédico a respeito da arte da culinária, comparando entre si as maneiras de se preparar os manjares usados pelas diversas nações.”

 O juiz municipal, sentado de fronte de Mário, tinha travado conversação com ele e, saltando de um a outro assunto, dizia-lhe naquele momento:
 - O Doutor naturalmente volta para a corte?
 - Não sei nada. Respondeu Mário.
 - Com seu talento e seus conhecimentos não deve enterrar-se na roça. Seria estragar um belo futuro.

                                             (O Tronco do Ipê – José de Alencar)
Agricultor Francisco Candido Lavor, conhecido por Chico-Juca, nasceu a 02 de agosto de 1925, filho primogênito, do casal José Candido de Lavor e Petronila Cândida de Lavor, tendo uma irmã por nome de Maria, que migrou para o Pará e um irmão caçula o Edilson.
                                                 
 - Herdei  todas as terras  de meu pai, ele era natural do sítio Estrada e mamãe das Aroeiras, morreu no dia 16 de fevereiro de 1934, eu tinha 9 anos. Mamãe ia pra roça, eu a acompanhava. Ela limpando o legume com a enxada e eu limpando de mão. Desde aquele tempo, eu acho bom! Nunca abandonei a roça. Plantava algodão, milho e feijão. A maior miséria do mundo foi o algodão ter acabado, o povo fazia suas contas e pagava com o algodão, sobrava o milho, o feijão.
 Quando Elmo Moreno foi prefeito, me colocou como fiscal de águas do Açude do Governo. Plantei muito arroz com águas do Açude do Governo em terras do Paulo Holanda Lavor, Maninho Holanda Lavor.
 - O povo diz que ninguém faz nada na agricultura, mas eu, toda vida, fiz muito!
 Em 1958 houve aquela seca muito grande. Eu criei um filho da comadre Rita Salvino, lá do Catolé dos Justino, eles estavam passando fome. Veio morar, mais eu, só saiu daqui depois que casou. Morreu em Fortaleza, livrou duas crianças de serem atropeladas por uma caçamba, mas foi morto por esta. Mas era um homem trabalhador, me ajudou muito, chamava-se Etiene Salvino, perdi mais dois filhos de maneira trágica, mas eu tenho 37 netos e 22 bisnetos dos meus 9 filhos, com esta mulher na sua frente, Maria Zulene de Lavor.
 - Comecei a trabalhar na Escola Agro Técnica Federal, do dia 16 de julho de 1970. O compadre Zé Bezerra, da Penha, comprou uma roça lá, no aberto, a Dona Elza Montenegro. Ela me mandou chamar:
 - Chico Juca, tu vai tomar de conta disto daqui, eu vou abrir uma escola.
  Ate 1974, ano daquela inundação que ouve no Iguatu, lá só tinha dois vagões, construídos por Dr. Gouveia, colocaram naquele ano 102 pessoas lá, toda noite eu ia mais dona Elza e o Hiromaza, com alimentação para aquele povo. O Normando também foi um diretor muito bom.
- O Dijauma Honório na minha época era professor, trabalhei 35 anos lá, ele é um rapaz bom, sua mãe era da Malhada Limpa. Acho muito importante este reconhecimento que ele, como diretor, esta fazendo a nós da roça.
  Mas nunca fui funcionário da Escola, eles não assinavam a carteira de pessoas com mais de 40 anos. Plantava lá e plantava aqui na Carnaúba. Eu só andava a cavalo, em burro. Ia os cinco dias da semana, beirando a Linha Férrea, pelo leito do rio, às vezes, ate no sábado ou no domingo, se precisa-se de aguação, tirava em 55 minutos.
 - O senhor se considera um Homem livre ?
 Eu me considero um Homem Livre. E tem uma coisa, nunca matei, nunca roubei, nunca enganei  ninguém. Ate hoje não tem um comercio no Iguatu que em que eu deva nada. 

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