Ig Catu - Museu Vivo: Nos trilhos da cultura 2025 - Irene Vieira Mota

4 de fev. de 2025

 

Eu sou filha de Joaquim Vieira Mota e da senhora Maria Inês da Conceição, naturais do sítio Varjota, nasci no dia 16 de janeiro de 1950, meu pai faleceu em 1958, eu ainda era uma criança e meu irmão por parte de pai, o José Vieira, resolveu vender nossa pequena porção de terra e viemos eu, mamãe e minhas irmãs Iraci, Alzira e meu irmão Irineu. Fomos morar na Rua da Lama, hoje 12 de outubro, aqui mamãe foi lavar roupas no Rio Jaguaribe, minhas irmãs foram trabalhar em casas de família e eu fiquei com minha mãe lavando roupa ali na ladeira do Bugi, por trás do matadouro velho, a sangria do gado abatido caía toda dentro do rio, mas nós atravessávamos o rio com a trouxa de roupa na cabeça e íamos lavar lá do outro lado, lá só tinha areia e um pé de Oiticica muito grande onde nos abrigávamos do sol, fazíamos o café e também nossa comida. Quando as águas aumentavam de repente e nós não tínhamos como voltar, quem nos socorria indo nos buscar era o Tico, trabalhador de Seu Antônio Bezerra, que tinha um porto com três canoas. O pai dos meus seis filhos era o Francisco Júlio, conhecido por Chico Preto, trabalhava de mecânico, mas pegava o dinheiro e ia beber cachaça, quem criou meus filhos fui eu mesma, com o trabalho de lavagem de roupas nas casas de Edite Barreto, Zequinha Barreto, Dona Ester de Melo, filha do velho Celso Damião. Fui morar na vila Neuma, na rua dos inocentes, até que a grande cheia de 1974 correu conosco para a rua sete de setembro, onde moro hoje e onde morava minha mãe. A saudade que eu tenho é dos banhos que tomei no rio, se eu pudesse ainda ia lá, as lembranças são eu naquele areal, uma trouxa de roupa na cabeça e meus filhos ainda crianças atrás de mim, o Antônio, o Júnior e o José.

É esta a minha história.

Reminiscências da senhora Irene Vieira Mota





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