O poder, o progresso e o crescimento.

22 de set. de 2020

 O poder, o progresso e o crescimento

“ E disse-lhe: Tudo isto te darei se prostrado, me adorares.”

 Mateus cap. 04 vers. 09


Nesta semana da pátria, diante do silêncio imposto pelo corona vírus as instituições de ensino, fico a meditar diante de outros cenários de nossa sociedade, as notícias que nos chegam são de praias lotadas em todo litoral Cearense, enquanto no nosso Iguatu e no sertão adentro as vítimas fatais dessa pandemia se sucedem, hoje caiu o senhor Heliodoro, de tradicional família Iguatuense, mas em todos os lugares os paredões de som animam festas particulares, regadas a toda espécie de bebida alcoólica num total desrespeito a vida, numa prova inconteste que estão todos loucos. 

Um exemplo maior disto é que sendo o ano de 2020, um ano de eleições municipais, onde se disputa o poder executivo e o legislativo pelos próximos quatro anos, algumas autoridades constituídas e muitos pré candidatos iniciaram visitas de porta em porta a procura do eleitor. Um deles usando um receituário antigo que batizou de café da manhã, onde, orquestrado por seus seguidores, visita três, quatro comunidades numa única manhã, sem nenhum compromisso com a saúde ou a vida do povo Iguatuense, tendo por meta apenas um resultado favorável nas urnas. Que o permita voltar ao poder no município.

Este mesmo poder que fez com que as autoridades constituídas do nosso vizinho município do Icó renuncia-se a intenção de ter a ferrovia trazendo o tão almejado progresso a aquela cidade na primeira década do século passado. Se a ferrovia ali chegasse, chegariam também as autoridades em nível de estado, inibindo assim, o seu poder quase que absoluto em relação ao povo.

Naquele momento o Cel. Belizário Cícero Alexandrino, a frente do executivo municipal no Iguatu, usou de todo seu poder e amizade com outras autoridades a nível de estado, conseguindo que a ferrovia se dirigisse para cá, trazendo o tal afamado progresso, o que de fato aconteceu, mas o progresso só beneficiou os proprietários de terras, os ricos latifundiários e os comerciantes. Os trilhos da estação ferroviária se transformou num cinturão social, quem chegava no trem sendo financeiramente vitorioso descia para o quadro da igreja Matriz, onde moravam as famílias poderosas, os chefes das oligarquias, onde já havia o comércio na rua do fogo (Floriano Peixoto). O pobre chegando de trem descia para o lado de lá, para a rua do Bofete, a rua da Paia, a rua do Cajueiro, os cabarés de nossa cidade, o hospital Santo Antônio dos Pobres e o cemitério, firmando-se na terra a antiga e tão atual política do PPP, que para pobre, preto e puta só pano, pão e peia!!! Antes que a ponte férrea fosse inaugurada em 1916, levando o progresso para o Cariri Cearense, o responsável por sua chegada, o Cel. Belizário,  constatou que os homens do Icó, entendiam mais de política do que ele, que viu o poder fugir de suas mãos, tendo ele também fugido para Fortaleza onde terminou seus dias.

Tendo a ferrovia trazido o progresso para cidades como Quixadá, Quixeramobim e Iguatu, banhadas pelos rios Sitiá, Quixeramobim e Jaguaribe respectivamente, não conseguiu o mesmo resultado em localidades tipo Juatama, Caio Prado, Ibicuã, Uruquê, desprovidas de rios, Fazendo-me aqui recordar as palavras do Deus de Israel a Abraão, quando prometeu liberdade ao seu povo: Dar-te-ei desta terra que fica entre o grande rio do Eufrates e o rio do Egito. Portanto, quando Deus prometeu liberdade, prometeu terra com água em abundância, porque o homem faz gerar riqueza com o seu trabalho na terra fértil, trazendo o crescimento do seu povo. Não era este o quadro do sertão Cearense, cortado na sua grande maioria por rios que só se deleitavam com água no período invernoso, passando a maior parte do tempo seco, transformando-se em estradas, como no caso do nosso rio Jaguaribe, a estrada geral do Jaguaribe que enveredando pelo rio Salgado, seguia até o Cariri Paraibano, ou a estrada nova das boiadas que entrava boqueirão de Orós a dentro e seguia até os Inhamuns na fronteira com o Piauí, que muito serviram na nossa primeira civilização, a civilização do couro, pois por aí transitava o gado vivo, das fazendas até o litoral em Aracati, onde eram abatidas e salgadas as suas carnes, surgindo aí a tão afamada carne do Ceará, que abastecia até as distantes terras de Minas Gerais. As demais culturas como o milho, o feijão ou o algodão era na grande maioria das vezes só para o consumo local. A ferrovia que aqui chegou em 1910, facilitou o transporte dessas mercadorias para grandes centros, mas para o agricultor sem terra, que era a grande maioria, só restou feijão com gurgulho, farinha e rapadura preta onde se alimentavam em meio as chapadas cobertas de algodão, e principal motivo de ter sido inaugurada em 1925, a CIDAO (Companhia Iguatuense de Algodão e Oléo). Mas, mesmo a chegada desta e outras beneficiadoras de algodão, oiticica, não garantiram o crescimento de nosso povo, como nos deixa ver o depoimento do agricultor Canuto Alves Bezerra, nascido em 1935 no sítio Água Branca: 

- Eu nasci e me criei morando a favor, nós era obrigado a dar dois dias da semana, nós e nosso pai, dois dias de trabalho a nossa patroa, se não, ela botava nós pra fora do terreno. Numa casa que quando chovia a gente era obrigado a se levantar da rede e ficar em baixo da mesa, porque chovia em toda parte. Uma currulepe de couro cru era meu único patrimônio, o tempo tá bom, eu tenho dito. Era difícil nós comer carne, arroz quando tirava um pouquinho, era pilado no pilão, o comum na casa do meu pai era feijão velho jurado, com farinha e rapadura, os pratos eram umas latinhas de doce, que mamãe arrumava quando iam pra rua.

Como nos deixa transparecer acima, todo poder e progresso trazido pela ferrovia, haja visto que no ano de 1926 o próprio presidente da república, Washington Luís esteve no Iguatu, seguido pelo presidente Getúlio Vargas no ano de 1933, todo poder e progresso trazido pela ferrovia não conseguiu trazer o crescimento ao nosso povo. Numa prova inconteste que o Iguatu inchou, não cresceu, e a inchação é apenas um aviso que há algo de muito mal com o corpo, já o crescimento precisa de liberdade, liberdade para trabalhar, liberdade para produzir, liberdade para o bom comércio, liberdade de se expressar, de pensar, enfim, sem liberdade não há crescimento, e esta liberdade nos foi sempre negada por estas duas oligarquias que de muito oprimem, marginalizam e torturam o nosso povo.

Nesta grande e perpétua corrida do povo em busca do crescimento, a cidade do Icó, ao que se constata, chegará na frente do Iguatu, pois hoje ela é cortada pela BR 116, e o rio Salgado perenizado com as águas do São Francisco, estas duas ações juntas, neste momento, onde a tecnologia reina através do mundo digital, da universidade que semeia o conhecimento naquela gente, a liberdade florescerá com muita brevidade, trazendo em sua flor pétalas de poder, de progresso e de crescimento.

Ao Iguatu restará nesta grande luta quebrar com as oligarquias, renovar o legislativo, adotar politicas públicas que saneiem o nosso rio, reflorestar nossa mata ciliar, eduque nosso povo para que todos juntos possamos fazer nascer uma contra cultura do lixo e elevarmos até o congresso nacional um nome de nossa terra para que defenda a bandeira maior da ecologia, fazendo com que as águas do Jaguaribe cheguem deveras ao nosso povo onde possamos interligar as 09 lagoas da grande bacia que é o Iguatu, fazendo nascer a cultura do camarão, a pesca com abundância, a cultura das vazantes, a cultura do próprio algodão, garantindo trabalho fartura e vida para o nosso povo, freando com a migração que de muito tem mutilado nossas famílias, fazendo renascer enfim a nossa primeira indústria da terra e transformando a nossa terra da água boa na Veneza do Sertão, fazendo nascer também a indústria do turismo!


Tenho dito

Neto Braga

Pré-candidato ao legislativo municipal com a bandeira do rio Jaguaribe

Vamos pro rio!!

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