6 de jun. de 2020


Legítimo de Braga

Aruanas, Covid-01 e a morte do ser.

“Deve ensinar a teus filhos que o chão debaixo do seus pés são as cinzas dos nossos antepassados. Para que tenham respeito aos pais, conta a teus filhos que a riqueza da terra são as vidas da parentela nossa. Ensina a teus filhos o que temos ensinado aos nossos, que a terra é nossa mãe, tudo quanto fere a terra fere aos filhos da terra, se os homens cospem no chão, cospem sobre eles próprios. De uma coisa sabemos a terra não pertence ao homem é o homem que pertence a terra, disto temos certeza.”  Cacique  Seattle.

 Quando escuto a “grande” mídia afirmar que o presidente  Jair Bolsonaro  depois de muito se esforçar para imitar o presidente dos Estados Unidos da América Donald Trump, agora conseguiu marchar ombro a ombro com ele, competindo de igual para igual e num futuro próximo, até ultrapassando os fatídicos números de mortandade em relação ao Covid-19, liderados agora pelos EUA, que com uma irresponsabilidade, só igualada pelo governo Brasileiro, ultrapassou países como a China, a Itália, a Espanha e hoje lidera esta fatal corrida com 97.601 mortes, lembro-me do governador do sertão, capitão Lampião em bilhete endereçado ao no seu lugar Tenente Corisco, onde afirmava a necessidade de unirem as tropas para dar uma lição no Tenente Zé Saturnino que estava querendo passar de pato a ganso. Esta visão gananciosa que faz com que muitos esqueçam os seus, passando a bajular, puxar o saco, aplaudir outros com o intuito único de vencerem financeiramente  falando, ou seja  passar de pato a ganso, chegou aqui na américa com as primeiras caravelas no final do século XV,  os  europeus traziam no sangue o Covid-01 da ganância  como bem nos mostra Colombo em carta escrita aos reis da Espanha:
- “Tão afáveis, tão pacíficos, são eles”, escreveu Colombo ao rei e à rainha da Espanha, “Que juro a vossas majestades que não há no mundo uma nação melhor.  Amam a seus próximos como a si mesmos, e sua conversação é sempre suave e gentil e acompanhada de sorrisos; embora seja verdade que andam nus, suas maneiras são decentes e elogiáveis.” ...  A terra é muito grande muito alta e com árvores muito verdes... O conjunto é tão verde que é um prazer olha-lo... Os europeus que o seguiram destruíram sua vegetação e seus habitantes – Homens, animais, pássaros e peixes. E depois de a transformarem num deserto abandonaram-na... Menos de três séculos passados os amistosos Tainos que receberam Colombo na praia haviam sido completamente dizimados. Bem antes do último dos Tainos morrer, a simplicidade de sua cultura de lavoura e artesanato fora destruída e substituída por plantações de algodão onde trabalhavam escravos. Os colonos brancos abateram as florestas tropicais para aumentar seus campos, os algodoeiros cansaram o solo, sem o escudo das florestas, ventos cobriram os campos de areia. ( Enterrem meu coração na curva do rio – Dee Brown ).
Nestes tempos de pandemia a rede Globo leva ao ar a série Aruanas, mostrando a todas as famílias brasileiras hoje enclausuradas em seus lares num isolamento social temerosas do covid  19, e a mais de 130 países em vários continentes, a derrubada da grande floresta Amazônica e o envenenamento dos seus rios, a matança de sua população nativa, a grilagem  a plantação de pasto para a criação de gado, o garimpo ilegal, a total falta de saneamento básico em todas as cidades ribeirinhas do atraiçoado rio Amazonas. Leva-me a transcrever aqui as palavras do responsável pela primeira campanha sanitária ocorrida no Brasil ainda no ano de 1691, quando o então  governador da capitania do Pernambuco o Marquês de Montebelo depois de sobreviver a  febre amarela, afirmou ao autorizar as ações de saneamento:  Meus médicos concluíram que estas doenças estão se  dando em função da derrubada das árvores, da infecção das águas, juntamente com a poluição dos ares.
 Se por um lado mostramos que tudo é velho sobre a terra, por outro, a solidariedade aliada ao espírito de sobrevivência de muitos, tem feito explodir ações benéficas que nos faz voltar  a crer na humanidade. Ações solidárias de doações de cestas básicas, água potável, gás butano, ventiladores pulmonares, UTIs, refeições, computadores, ambulâncias, hospitais, ajuda financeira e o mais grandioso de tudo, a entrega total dos muitos profissionais de medicina que travam diuturnamente uma luta com este vírus mortal, muitas  vezes desassistidos até de EPIs (equipamento de proteção individual), sem contar os milhões de anônimos voluntários nesta grande guerra.
 Com este espírito ações outras e de maior voga irão acontecer como o fim do êxodo rural, o esvaziamento das metrópoles  com a diminuição da violência, a reforma agraria, onde o SER Humano possa fazer a mãe terra produzir com água, energia e a tecnologia  necessária para o sustento e segurança de sua família, diminuindo ao máximo o contato com os grandes centros habitacionais. Espirito de sobrevivência este, que fará com que nossos políticos profissionais, responsáveis diretos pelo grande número de mortos em meio ao povo, pois que de muito, a prioridade sempre foi o desvio, a fraude do erário público, deixando a grande maioria da população por décadas descoberta pela falta de um simples leito num posto de saúde, de um hospital ou mesmo de uma UTI, enquanto suas propriedades, seu gado, seu patrimônio, sempre irrigado pela corrupção expandem-se aos olhos de todos, abracem estas bandeiras é a defendam diante de um governo de extrema direita e dentro do Congresso Nacional, afinal depois da morte de tantos do povo, a dor e o sofrimento farão cair a venda que cega este povo, fazendo - os  cantarem bem alto: Não! Eu não quero enchente de caridade só quero chuva de honestidade. É isto ou a gravata!
Governo de extrema direita este que estupidifica mais e mais o povo, incentivando  com seu personagem principal o presidente da república  Jair Bolsonaro as grandes aglomerações, a quebra do isolamento social, afirmando ser  a Covid 19 uma gripezinha que poderia ser curada a base de cloroquina,  preocupando-se em demasia com a economia, firmando em si a morte do SER, do ser Honrado, do ser Honesto , do ser Humilde, do ser Hospitaleiro, do ser Humano, sendo o responsável direto pela morte de 35.026 brasileiros ate a data de hoje. Faz-me recordar de um documento assinado no palácio Rio branco em Salvador, em 1850, durante uma epidemia de febre amarela: O governo decide... essa epidemia nada tem em si de contagiosa e nem de assustadora. Os casos graves e fatais que estão acontecendo nesta cidade de Salvador se devem a predisposições dos doentes a moléstias análogas e aos sustos que os doentes tem se deixado apoderar... é de se aconselhar que cessem imediatamente a divulgação de que existe doença na cidade de Salvador e que se parem de dobrar os sinos cada vez que morre alguém. Parem de dobrar os sinos porque isso abala o animo dos doentes e incutem neles a ideia de uma morte, agravando em muito o seu estado de saúde em circunstancias que só podem causar o desespero em indivíduos nervosos.
                                     Dr. Manuel Mauricio Rebouças.
                              Chefe do serviço sanitário de Salvador.


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