Legítimo de Braga
Aruanas, Covid-01 e a morte do ser.
“Deve
ensinar a teus filhos que o chão debaixo do seus pés são as cinzas dos nossos
antepassados. Para que tenham respeito aos pais, conta a teus filhos que a
riqueza da terra são as vidas da parentela nossa. Ensina a teus filhos o que
temos ensinado aos nossos, que a terra é nossa mãe, tudo quanto fere a terra
fere aos filhos da terra, se os homens cospem no chão, cospem sobre eles
próprios. De uma coisa sabemos a terra não pertence ao homem é o homem que
pertence a terra, disto temos certeza.” Cacique
Seattle.
Quando escuto a “grande” mídia afirmar que o
presidente Jair Bolsonaro depois de muito se esforçar para imitar o
presidente dos Estados Unidos da América Donald Trump, agora conseguiu marchar
ombro a ombro com ele, competindo de igual para igual e num futuro próximo, até
ultrapassando os fatídicos números de mortandade em relação ao Covid-19,
liderados agora pelos EUA, que com uma irresponsabilidade, só igualada pelo
governo Brasileiro, ultrapassou países como a China, a Itália, a Espanha e hoje
lidera esta fatal corrida com 97.601 mortes, lembro-me do governador do sertão,
capitão Lampião em bilhete endereçado ao no seu lugar Tenente Corisco, onde
afirmava a necessidade de unirem as tropas para dar uma lição no Tenente Zé
Saturnino que estava querendo passar de pato a ganso. Esta visão gananciosa que
faz com que muitos esqueçam os seus, passando a bajular, puxar o saco, aplaudir
outros com o intuito único de vencerem financeiramente falando, ou seja passar de pato a ganso, chegou aqui na américa
com as primeiras caravelas no final do século XV, os
europeus traziam no sangue o Covid-01 da ganância como bem nos mostra Colombo em carta escrita
aos reis da Espanha:
- “Tão afáveis, tão pacíficos, são eles”, escreveu Colombo
ao rei e à rainha da Espanha, “Que juro a vossas majestades que não há no mundo
uma nação melhor. Amam a seus próximos
como a si mesmos, e sua conversação é sempre suave e gentil e acompanhada de
sorrisos; embora seja verdade que andam nus, suas maneiras são decentes e
elogiáveis.” ... A terra é muito grande
muito alta e com árvores muito verdes... O conjunto é tão verde que é um prazer
olha-lo... Os europeus que o seguiram destruíram sua vegetação e seus
habitantes – Homens, animais, pássaros e peixes. E depois de a transformarem
num deserto abandonaram-na... Menos de três séculos passados os amistosos
Tainos que receberam Colombo na praia haviam sido completamente dizimados. Bem
antes do último dos Tainos morrer, a simplicidade de sua cultura de lavoura e
artesanato fora destruída e substituída por plantações de algodão onde
trabalhavam escravos. Os colonos brancos abateram as florestas tropicais para
aumentar seus campos, os algodoeiros cansaram o solo, sem o escudo das
florestas, ventos cobriram os campos de areia. ( Enterrem meu coração na curva
do rio – Dee Brown ).
Nestes tempos de pandemia a rede Globo leva ao ar a série
Aruanas, mostrando a todas as famílias brasileiras hoje enclausuradas em seus
lares num isolamento social temerosas do covid
19, e a mais de 130 países em vários continentes, a derrubada da grande floresta
Amazônica e o envenenamento dos seus rios, a matança de sua população nativa, a
grilagem a plantação de pasto para a
criação de gado, o garimpo ilegal, a total falta de saneamento básico em todas
as cidades ribeirinhas do atraiçoado rio Amazonas. Leva-me a transcrever aqui as
palavras do responsável pela primeira campanha sanitária ocorrida no Brasil
ainda no ano de 1691, quando o então governador da capitania do Pernambuco o
Marquês de Montebelo depois de sobreviver a febre amarela, afirmou ao autorizar as ações
de saneamento: Meus médicos concluíram que
estas doenças estão se dando em função
da derrubada das árvores, da infecção das águas, juntamente com a poluição dos
ares.
Se por um lado
mostramos que tudo é velho sobre a terra, por outro, a solidariedade aliada ao espírito
de sobrevivência de muitos, tem feito explodir ações benéficas que nos faz
voltar a crer na humanidade. Ações
solidárias de doações de cestas básicas, água potável, gás butano, ventiladores
pulmonares, UTIs, refeições, computadores, ambulâncias, hospitais, ajuda
financeira e o mais grandioso de tudo, a entrega total dos muitos profissionais
de medicina que travam diuturnamente uma luta com este vírus mortal, muitas vezes desassistidos até de EPIs (equipamento
de proteção individual), sem contar os milhões de anônimos voluntários nesta
grande guerra.
Com este espírito ações
outras e de maior voga irão acontecer como o fim do êxodo rural, o esvaziamento
das metrópoles com a diminuição da violência,
a reforma agraria, onde o SER Humano possa fazer a mãe terra produzir com água,
energia e a tecnologia necessária para o
sustento e segurança de sua família, diminuindo ao máximo o contato com os
grandes centros habitacionais. Espirito de sobrevivência este, que fará com que
nossos políticos profissionais, responsáveis diretos pelo grande número de
mortos em meio ao povo, pois que de muito, a prioridade sempre foi o desvio, a fraude
do erário público, deixando a grande maioria da população por décadas
descoberta pela falta de um simples leito num posto de saúde, de um hospital ou
mesmo de uma UTI, enquanto suas propriedades, seu gado, seu patrimônio, sempre irrigado
pela corrupção expandem-se aos olhos de todos, abracem estas bandeiras é a
defendam diante de um governo de extrema direita e dentro do Congresso Nacional,
afinal depois da morte de tantos do povo, a dor e o sofrimento farão cair a
venda que cega este povo, fazendo - os cantarem bem alto: Não! Eu não quero enchente
de caridade só quero chuva de honestidade. É isto ou a gravata!
Governo de extrema direita este que estupidifica mais e mais
o povo, incentivando com seu personagem
principal o presidente da república Jair
Bolsonaro as grandes aglomerações, a quebra do isolamento social, afirmando
ser a Covid 19 uma gripezinha que
poderia ser curada a base de cloroquina, preocupando-se em demasia com a economia,
firmando em si a morte do SER, do ser Honrado, do ser Honesto , do ser Humilde,
do ser Hospitaleiro, do ser Humano, sendo o responsável direto pela morte de
35.026 brasileiros ate a data de hoje. Faz-me recordar de um documento assinado
no palácio Rio branco em Salvador, em 1850, durante uma epidemia de febre
amarela: O governo decide... essa epidemia nada tem em si de contagiosa e nem
de assustadora. Os casos graves e fatais que estão acontecendo nesta cidade de Salvador
se devem a predisposições dos doentes a moléstias análogas e aos sustos que os
doentes tem se deixado apoderar... é de se aconselhar que cessem imediatamente a
divulgação de que existe doença na cidade de Salvador e que se parem de dobrar
os sinos cada vez que morre alguém. Parem de dobrar os sinos porque isso abala
o animo dos doentes e incutem neles a ideia de uma morte, agravando em muito o seu
estado de saúde em circunstancias que só podem causar o desespero em indivíduos
nervosos.
Dr. Manuel
Mauricio Rebouças.
Chefe do serviço sanitário de Salvador.
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