9 de mai. de 2020


Legitimo de Braga
O corona vírus e o falar merda

“O homem branco também vai desaparecer, talvez mais depressa que as outras raças, continua sujando sua própria cama e há de morrer uma noite sufocado nos seus próprios dejetos.” (Cacique Seattle)

Uma cultura inerente a toda sociedade em qualquer época, é o falar merda, uma expressão genérica e ofensiva que usam quando alguém afirma algo amorfo, descontextualizado, inconveniente. Um exemplo claro disso nós dá a historia nos últimos dias do império do Brasil. Procurado por um patriota, com a intenção de alerta-lo sobre fatos políticos que estavam ocorrendo e que resultariam na proclamação da república, o presidente do conselho de ministros do imperador Pedro II, visconde do Ouro Preto afirmou: Os filhos dos nossos netos ainda serão governados pelos netos do imperador.
Outro exemplo que nos lega a historia conta do corvo pequeno, chefe dos Santees, tribo Sioux do continente Norte Americano, que a 15 de Agosto do ano de 1862, reuniu-se a frente de centenas de índios famintos com o chefe da agência do governo, Galbraith:
...
- Esperamos a muito tempo. O dinheiro  é nosso , mas não podemos  recebe-lo, não temos alimento, mas aqui estão estes armazéns cheios de comida, pedimos que você combine alguma coisa para que a gente possa receber comida dos armazéns ou vamos dar nosso próprio jeito para não morrer de fome. Quando os homens tem fome eles se arranjam.
Corriam rumores que o grande conselho (congresso) em Washington  gastara todo o ouro deles lutando na grande guerra civil e não pode mandar nenhum dinheiro para os índios. Galbraith se virou para os comerciantes e perguntou o que eles fariam. O comerciante Andrew Myrick declarou com desprezo:
- No que me diz respeito, se eles estão com fome que comam capim ou sua própria merda!
Por um momento o circulo de índios ficou em silêncio. Então houve uma explosão de gritos raivosos, e os Santees se levantaram como um homem só e abandonaram a reunião. Depois de outros imprevisíveis acontecimentos, Corvo Pequeno foi chamado por um dos bravos de sua aldeia de covarde. No que respondeu:
- Corvo Pequeno não é covarde, e não é tolo! Quando ele fugiu de algum inimigo? Quando ele deixou os seus bravos para trás no caminho da guerra e voltou para sua tenda? Quando ele escapou dos inimigos de vocês seguiu no rastro de vocês com a cara voltada para os inimigos e os protegeu como uma ursa protege os filhotes! Corvo Pequeno não tem escalpos? Olhem suas plumas de guerra! Vejam os cabelos dos escalpos dos seus inimigos pendurados lá nos paus da tenda! Vocês dizem que ele é um covarde? Corvo Pequeno não é covarde e não é tolo. Bravos, vocês parecem crianças, não sabem o que estão fazendo, vocês estão cheios de  água do demônio do homem branco. São como cachorros na lua quente  quando enlouquecem e mordem a própria sombra. Somos apenas pequenas manadas de búfalos espalhadas, as grandes manadas que antigamente cobriam as pradarias não existem mais. Vejam! Os homens brancos são como gafanhotos quando voam, em tanta quantidade que o céu inteiro vira uma nevasca. Vocês podem matar um, dois, dez, sim, são inúmeros como as folhas da floresta lá adiante, e os irmãos deles não vão sentir sua falta. Matem um, dois, dez e dez vezes dez virão matar vocês. Fiquem contando nos dedos e os homens brancos com armas nas mãos virão mais depressa do que vocês possam contar.
Sim, eles estão lutando entre si lá longe, vocês ouvem o trovão das grandes armas deles? Não levaria duas luas para chegar a onde eles estão lutando, e durante o caminho inteiro vocês passariam por soldados brancos tão numerosos quanto os laricos nos pântanos dos ojibways. Sim, eles estão lutando entre si, mas se vocês os atacarem se virarão contra vocês e vão devorar vocês, suas mulheres e crianças como os gafanhotos que se lançam nas árvores e devoram todas as folhas num só dia.
Vocês são tolos. Não veem o rosto do seu chefe, estão com os olhos cheios de fumaça. Não ouvem a voz dele, estão com seus ouvidos cheios de água rugindo. Bravos vocês são crianças, são tolos.  Vão morrer como os coelhos que os lobos famintos caçam na lua rigorosa de Janeiro. Corvo pequeno não é covarde, ele vai morrer com vocês.
Dez anos de humilhações e abusos dos homens brancos perpassaram na mente de Corvo Pequeno, os tratados rompidos, as áreas de caça perdidas, as promessas não cumpridas, as anuidades não pagas, a fome enquanto os armazéns da agência transbordavam de comidas, os insultos de Andrew Myrick, tudo isto junto o levou a ordenar o ataque imediato da Agência do governo e a morte de todos os brancos.
Na manhã do dia 17 de Agosto, dois dias depois, o ataque começou com a matança de muitos, um dos primeiros a cair morto, foi o comerciante Andrew Myrick, o mesmo que havia recusado credito aos índios com fome, pouco tempo antes quando lhe pediram alimento, ele disse:
- Se estão com fome comam capim ou a própria merda!
Agora estava no chão, morto, com a boca cheia de capim e os índios escarneciam:
- Agora é Myrick que está comendo capim.
Corvo Pequeno estava lá, dirigindo a operação.
Como podemos comprovar o falar merda, apesar de ser uma cultura ordinária a todos os povos, em todas as castas ou classes sociais, hoje ganhou mais força pelo poder da divulgação, de propagação que alcançou no terceiro milênio, o poder da mídia através de fake News, Facebook, Whatsapp, Instagram e demais meios de comunicação, como o rádio e a televisão. Um exemplo notório destes fatos no nosso Iguatu  é a maneira criminosa com que algumas “gralhas orquestradas”  que estão a frente dos microfones de nossas emissoras, propagam mentiras e encobrem verdades , sem nenhum compromisso com o povo de nossa terra, apenas com o intuito de bajular alguns chefetes políticos, eternizando uma politicagem sebosa que nem num momento de calamidade pública, como esta pandemia que agora fumina a humanidade conseguem parar de sacrificar o povo, puxa sacos miseráveis que só pensam no próprio bolso.
Em tempos de Pandemia duas coisas estão se fazendo constantes em nossa sociedade, o COVID 19 e o falar merda, ao ponto de estarem juntos em quase toda parte, quase todo tempo. O exemplo extremo disto temos em nossa autoridade maior o presidente da república o Sr. Jair  Bolsonaro  que tem desprezado todo o conhecimento do mundo cientifico em relação ao corona vírus e tem em oportunidades mil incentivado a população a quebrar com o isolamento social, sendo o principal aliado, principal cabo eleitoral desta pandemia no Brasil ao afirmar frases tipo:
    * No meu caso particular, pelo me histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus eu     não precisaria me preocupar, nada sentiria, ou seria quando muito acometido por uma gripezinha ou resfriadinho
    * Tem a questão da corona vírus também que no meu entender está sendo superdimensionado o poder destruidor desse vírus, então talvez esteja sendo potencializado até por questões econômicas.
    * Obviamente temos no momento uma crise, uma pequena crise né, no meu entender muito mais uma fantasia a questão do corona vírus que não é isto tudo...
    * Depois da facada não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar
    * O Brasileiro tem que ser estudado, ele não pega nada, nem o cara pulando em esgoto ali, sai mergulha e não acontece nada com ele...
    * O vírus tá aí! Vamos ter que enfrenta-lo, mas enfrentar como homem pô, não como moleque!
Quando o próprio Papa Francisco dava o exemplo celebrando na praça de São Pedro , em Roma com a completa ausência de fiéis, ele afirmou:
·         Tem gente que quer fechar igreja, o ultimo refugio das pessoas, lógico, o pastor vai saber conduzir o seu culto; o pastor, o padre, se a igreja estar muito cheia ele fala alguma coisa lá...

Acusado pelo seu ministro da justiça Sergio Moro, ele reuniu todos os seus mais de 20 ministros para afirmar diante de uma cadeia de rádio e televisão:
·         Fala-se em interferência minha na polícia federal.... Quem mandou matar Bolsonaro!?... Chamei meu filho o zero 4:
- Abre o jogo
- Pai eu saí com metade do condomínio, nem lembro quem ela é.

Interpelado pela grande mídia em alguns momentos pelo assombroso número de Brasileiros mortos, afirmou em dois momentos:
- E daí?
- Eu não sou coveiro.
Em coletiva com a intenção de repelir as acusações do agora ex-ministro Sergio Moro, que afirmou ter ouvido do presidente da necessidade de colocar na direção da policia federal, alguém muito próximo a ele, para que pudesse lhe manter informado de tudo, em respeito as investigações que o órgão estivesse a frente. Firmou para todo o Brasil, a acusação do Sergio Moro, quando apontou o nome que este havia mencionado na sua carta de renúncia, Alexandre Ramagem. Fazendo-me recordar, um momento ainda no período eleitoral, quando já falava merda, com um ramo na mão na praia de Copacabana:
- Eleitor do Lula, como acabou a mortadela sobrou capim aqui ô, pra vocês comer.
Agora novamente  recorre a rama, ao Ramagem, enquanto, ate hoje, só restou a 10.100 Brasileiros comer capim pela raiz, vitimas de sua irresponsabilidade, cegueira e arrogância.
- Até quando Catilina, abusarás de nossa paciência?

Neto Braga
Tenho dito





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