LEGÍTIMO DE BRAGA
Ig catu
...
Anhamum, chefe dos jucás, recebeu
sua flecha que tu lhe mandaste chefe dos Tapijaras e soprou o boré para
convocar seus guerreiros. Ele veio pelo rastro dos inimigos, atravessou a
grande planície de Ig Catu onde impera a nação Quixelô e rápido como uma flecha
chegou ao Quixeramobim...
Em, O Sertanejo, no capitulo, a
carta, José de Alencar poderia ter feito esta pequena referencia a nossa terra,
afinal lá não falta referencia ao Recife, aos Inhamus, Ouricuri, Crateús,
Jaguaribe, Jucás. Como então, faltar Ig catu a planície da água boa. Nunca
poderei perdoar isto a Alencar. Quando os missionários brancos nesta planície
chegaram, encontraram já, onde hoje é o centro comercial da cidade, uma
verdadeira olaria as margens da lagoa, que recebeu logo o nome de Telha, eram
os primitivos mestres do barro pertencentes a nação Quixelô. Uma outra grande lagoa que mais tarde veio também
contribuir dando o seu nome a nossa terra, quando depois de ser Missão da
Telha, Vila da Telha, tomamos a denominação de cidade do Iguatu, foi a lagoa de
Ig catu, que vulgarizado o termo pelo impacto do linguajar do homem branco,
veio a se tornar Iguatu. O nome Iguatu é derivado do termo Ig = água e catu =
boa. Pela lei provincial Nº 558, de 27 de novembro de 1851, no governo do Dr. Joaquim
Marcos de Almeida Rego, 18º Presidente da província, foi criada a vila da
telha... Em 1874, por força da lei Nº 1.612, de 21 de Agosto, Telha foi elevada
a categoria de cidade. A denominação de Iguatu surgiu com a publicação da
lei Nº 2035, de 20 de outubro de 1883,
quando era presidente da província do Ceará o Dr. Sátiro de Oliveira Dias.
“... Meu padrinho Cícero mandou
que eu marcasse o lugar de uma capela, pra no futuro a gente receber o padre e
ouvir a santa missa. Vou marcar aqui. Como sinal, vamos todos cavar um buraco
pra incolocar esta cruz, em louvor do
protetor deste lugar, santo Inácio de Loiola, o criador dos Jesuítas. Meu
padrinho Cícero disse que neste local na sombra de uma Baraúna, num passado
distante, dois Jesuítas foram perseguidos por um governante chamado Pombal.
Aqui eles viveram até a morte, protegido pelos índios Cariris...” ( Caldeirão ).
Antes, era Missão da Telha, em
tempos que foram apagados pela cultura imposta, vivia enérgica e forte um povo
de guerreiros nestas terras, que receberam com hospitalidade os missionários da cruz, missionários do Cristo,
padres Seculares, Carmelitas e Jesuítas.
Estes missionários tinham determinação de conhecerem os costumes, a língua, a
maneira de pensar do selvícola, só depois disto, de terem angariado o respeito,
a confiança e porque não dizer, a amizade destes, saíram a propagar o Evangelho
do Cristo Jesus, na formação do SER Humano, como os ensinou Santo Inácio de
Loiola, fundador da Companhia de Jesus. Este, Inácio de Loiola, antes, Dom
Inácio de Loiola, capitão do exercito espanhol, fidalgo, senhor de Castelo,
valente, orgulhoso como todo espanhol,
foi ferido por um balaço quando em luta contra a França. No acampamento
militar , enquanto convalescia, pediu um livro de cavalaria para ler,
mas ou misericórdia divina, o livro que só se achou naquele ambiente de
guerra, foi o livro da vida de todos os santos , no principio leu-o com fastio,
depois com gosto e por ultimo com fome, de tal forma que ao finda-lo havia
descoberto que aos 33 anos de corte e guerra, ainda não era um Homem.
Abandonando aquela visão materialista do mundo, criando a companhia de Jesus,
formando missionários que saíssem por todo o mundo a propagarem o evangelho do
cristo Jesus, na formação do SER Honrado, do SER Honesto, do SER Humilde, do
SER Hospitaleiro, do SER Humano. Foram estes missionários que primeiro chegaram
a estas terras da nação Quixelô e é esta a Missão da Telha.
Diante do teu sermão,
toda virtude
A braveza das tribos se
esboroa
E amigos fazes nessa gente à-toa
Cuja humildade te comove e
ilude.
Por onde marchas não se morre a toa
Afugenta paixões,
ensina preces
Falando ao bugre em
sua própria língua.
Chegam a aldeia no sagrado
empenho
Falam de Deus. O
principal vacila...
Batizam, plantam;
brota a cana, - é o Engenho
Vêm portugueses e o
ouvidor, - é a Vila.
Para tanto, porém,
quanto suplicio!...
Quantas perfídias de
capitães mores!
Quantas vidas de
santo em sacrifício!...
No inicio do século XVIII as
decisões tomadas na sede da capitania do Ceará
grande, estavam por demais ausentes dos nossos sertões. Agravada pelas
dilatadas distancia, pelos grandes perigos da estrada geral do Jaguaribe, ou
mesmo, pela Estrada nova das Boiadas, também, Estrada dos Inhamus, pelos seus
altos índices de criminalidade, pela frequente escassez de chuvas na região ou
ate mesmo a ocorrências de cheias, que inviabilizavam a passagem pela estradas
sertanejas, fatores que dificultavam ainda mais a realização de correições,
visitações, mostras e diligencias ao interior da capitania. Diante deste
quadro, a manutenção da autoridade pública e a viabilização da governabilidade
de capitães- mores, ouvidores e demais autoridades coloniais sobre a capitania
implicavam na necessidade de utilização dos comandos militares locais, enquanto
instrumento de efetivação das suas ordens e canal de comunicação politica com
as comunidades e populações locais.
A ação do poderoso e temido
coronel de milícias Jorge da Costa Gadelha e dos moradores locais engajados nas
milícias sob seu comando, seria decisiva na manutenção da autoridade do
capitão- Mor Manuel Francez perante o ouvidor José Mendes Machado, apelidado de
Tubarão, pela sua agressividade , que causou revolta em toda ribeira do
Jaguaribe com sua atitude de prender e processar a muitos por crime de
sonegação tributaria. Sendo advertido pelo governador pelos excessos, prossegue
em sua marcha rumo ao sertão, efetuando prisões entre a população matuta.
Atinge a ribeira do Icó, neste ponto, se deixa seduzir pela hospitalidade da
família Feitosa e logo se torna adepto de sua politica, totalmente parcial em
suas decisões a favor dos Feitosa. Fazendo ferver com isto o caldeirão que de
muito já ardia em contendas entre as famílias Montes e Feitosa.
No entanto, o maior instigador das sangrentas lutas no
interior da capitania do Ceará, a mais violenta e sanguinária delas, entre
Montes e Feitosa, foi o governador Salvador Alves da Silva, que assumiu a 1º de
Novembro de 1718. Menos de um ano depois, no período de 15 de Junho a 1º de Julho
de 1719 e a titulo de viajar a serviço do governo, permanece Salvador no arrail
de Nossa Senhora do Ó ( Icó ), onde ostensivamente passa a favorecer os
interesses da família Feitosa. Tornando-se aderente desta fação politica
interiorana. Enquanto isso, a parcialidade politica dos Montes os mantém
recolhidos à condição de matuto desprestigiado, a aguardar com silencioso
despeito o comportamento do governante.
Logo a 15 de Junho, dia de sua
chegada, outorga o governador Salvador Alves as primeiras benesses que
intencionalmente lhe competem oferecer. Concede a Francisco Alves Feitosa o
titulo de Coronel de Cavalaria da ribeira dos Quixelôs e Inhamus, honraria que
indubitavelmente irá provocar ciúmes entre os correligionários da família Montes. Em seguida, e numa
sucessão de favores que se estenderá pelos anos seguintes, concede a Lourenço
Alves Feitosa e a outros dos seus familiares, inúmeras sesmarias, numa região
apontada pelo morubixaba dos índios Juca, como de grande proveito para a
criação de gado, graças a quantidade de lagoas, donde inicialmente se destacam
as sesmarias do riacho do Trussu, a do riacho do Gangati, entre Jucás e Iguatu
e a do riacho Quixoá, onde temos registro da presença do Sargento-Mor João de
Souza Vasconceles trabalhando aquela terra no ano de 1681, seguido do Sr.
Francisco Nogueira Lima que no ano de 1682, já trabalhava as terras banhadas
pelo rio Jaguaribe no sitio Itans.
Neste cenário, homens
beneficiados por terras doadas pelo governo e outras benesses, viviam de acordo
com suas vontades e dominavam os demais colonos de modo completo,
transformavam-se em verdadeiros tiranos, dominando hordas selvagens, com
armas e ameaças. Nós pontos mais
longínquos, sobretudo, só uma vontade dominava, que era a lei do mais rico. Os
Feitosa tinham ao seu lado na guerra os índios cariris e Juca, os Montes
contavam com os arcos dos índios Icós e Quixelôs.
Ainda a 18 de agosto de 1724,
vemos portaria do governo provincial que
inteiramente voltado a região conflitante do Icó e suas adjacências, aponta o
Coronel Jorge da Costa Gadelha, como braço armado do Estado, para que der
conhecimento aos habitantes da ribeira do Jaguaribe, sobre as ocorrências
registradas, e que tanto o Coronel Gadelha quanto o Comissário Antônio Maciel
de Andrade, a quem deveria se reunir, iria ao Icó, no sentido de verificar a
extensão do conflito entre Montes e Feitosa, que só naquele período já havia
feito mais de 400 vitimas fatais.
A região só conheceu uma relativa
paz, imposta pelo poder das armas, quando no ano de 1727, Coronel João de Barros Braga, comandou uma
expedição que subindo o Rio Jaguaribe ate sua nascente, na fronteira com o
Piauí, afugentando e matando os índios Icós, Quixelôs, Juca, de tal forma, que
a partir daquela expedição, eles não mais apareceram com a sua primitiva
liberdade, só os sobreviventes “ mansos “,
foram trazidos e ficaram aldeados na Missão da Telha.
Tenho dito.
Cícero Correia lima.
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