24 de jan. de 2020

Troféu Anteu
Ao gigante filho da terra do sítio Gameleira
Ao ser Honrado, Honesto, Humilde, Hospitaleiro.
Apoio: Associação dos idosos de Santa Edwiges
Prefeitura de um novo tempo
Secretaria do desenvolvimento agrário ( SDA )
Instituto Agropolos do Ceará

Agricultor José Alexandre da Silva, conhecido popularmente como “Zé Alves”, filho do casal Francisco Alexandre da Silva e Francisca Maria de Jesus.
- Eu nasci no dia 23 de maio de 1939, no olho d´água, da serra do Pereiro, Rio Grande do Norte, erámos cinco irmãos: Eu, Lourdes, Raimundo, Nizeuda e Sebastiana. Com idade de 06 anos perdi meu pai, para onde ele ia eu estava em seu mocotó, não largava dele, nós estávamos na roça, ele quebrou umas espigas de milho e colocou no bornó, depois colocou um feixe de lenha na cabeça e fomos para casa, já pertinho, ele se escorou numa galha de canafístula que tinha na beira da estrada, tirou o feixe de lenha da cabeça e ficou lá em pé. Eu o chamei algumas vezes:
- Vamos embora pai, que eu estou com sede.
...
- Vamos embora pai
...
- Vamos embora pai, que eu estou com sede!
Ele não respondia, fui chamar mamãe, quando chegamos ela observou que ele estava morto, eu nem tinha notado, morreu em pé.
As coisas lá ficaram difíceis, a família de mamãe era toda desta região, o meu avô Damião Carneiro, foi nós buscar para morarmos todos no sítio Santo Antônio, município de Acopiara, nas terras do seu patrão, foi lá que me criei trabalhando nas terras do Zé Caetano. Com os anos, mamãe casou novamente e fomos morar com meu padrasto, Manuel Alves, no sitio Canta Galo. Casei-me no ano de 1960, tinha 21 anos e minha mulher Maria Pereira de Matos, tinha 15 primaveras, foi mãe de 16 filhos meus, criaram-se 12, 01 morreu já adulto num acidente aqui na estrada da Gameleira, o Edion. Os outros 11 estão espalhados por todo canto, tem um em São Paulo, outro na Alemanha, os outros estão na região, espalhados, mas próximos. Com a morte da minha primeira esposa em 1992, constitui nova família com a Sra. Maria Edileuza Freitas, que é mãe de 08 filhos meus, criaram-se 06, o Albenair, a Alexandra, o Alex, o Leandro, a Andressa  e a Suelen. Tenho outros filhos de outras 05 mulheres, mas de aventuras, nunca constitui família, nunca cheguei a morar junto com nenhuma delas, se fosse hoje eu estaria enrolado, pagando pensão, ou indo pra cadeia kkkk...
Quando mais jovem, me abestaiei, tinha 36 tarefas de terra no Santo Antônio, vendi, emprestei o dinheiro há juro. Quando houve aquela mudança pro real, recebi uma vaca pela conta, esta vendi e comprei uma geladeira, é o que tenho de 36 tarefas de terra e uma casa boa que tinha dentro. Hoje, meus filhos me cobram:
- Papai botou o que tinha no mato.
Graças a Deus, no ano de 1997, comprei esta casa aqui na Gameleira, onde moro com minha esposa, quatro filhos e meu neto Artur. O ano passado, comecei um tratamento na próstata, vendi umas ovelhas que tinha, um cavalo, uma carroça, gastei R$ 5.800 com o tratamento de saúde, fui ao Juazeiro do Norte, fui a Fortaleza, passei uns dois meses internado. Agora de 06 em 06 meses vou lá no hospital do câncer tomar uma injeção, mas estou bem, ainda trabalho, no inverno, as 05 horas da madrugada estou na roça, nas terras do Antônio Biós, com quem trabalho há mais de 20 anos, mas volto cedo, as 09 horas da manhã estou em casa. A vida da gente é assim mesmo, quando saí daqui, achei que não voltava mais. Hoje estou em casa com minha família, recebendo esta homenagem que nunca esperei, nem nunca tinha visto nos meus 80 anos, posso afirmar que sou feliz.
Legitimo de Braga



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