Troféu Anteu
Ao gigante filho da
terra
Apoio:
Secretaria do Meio
Ambiente e Urbanismo – Dr. Marcos Ageu
Secretaria de Cultura
e Turismo – Lucinha Felipe
Secretaria de
Agricultura e Pecuária – Hildernando Barreto
Lions Clube
Centenário João Alves Bezerra
Associação dos idosos
de Santa Edwiges
Prefeitura de um novo
tempo
Secretaria de
Desenvolvimento Agrário do Governo do Estado (SDA) – AGROPOLOS – De Assis
Diniz.
Sítio Cajazeiras
“As águas do rio vão
secar-se; o leito do rio ficará completamente seco.”
Isaías 19:5
Isaías 19:5
José Cardoso da Silva (Joca), Filho do casal José Cardoso de
Araújo e Cecília Duarte da Silva naturais do sítio Cajazeiras, nascido a 30 de
Janeiro de 1936.
Na minha infância, eu
era muito apegado a meu pai, com idade de 6 anos eu já andava agarrado na cintura
dele, montado na garupa do seu cavalo, indo deixar gado em roça. Cinco horas da
manhã, ele colocava o café no fogo, com
um pedaço de rapadura dentro, quando o
café estava pronto, ele me chamava:
- Joca!?
- Joca!?
- Pronto pai.
Eu me levantava,
tomava o café e comia o pedaço de rapadura que tinha dentro. Ai nós íamos pro
curral, ele abria a porteira e me mandava ficar soltando os bezerros, era umas
10 vacas de leite, com alguns garrotes, chegavam a uns 20 animais. Ele tirava o
leite sozinho, depois nós levávamos o leite pra casa e voltávamos para soltar o
gado na roça. Com idade de 10 anos, papai perguntou se eu queria aprender a tirar leite:
- Quero papai.
Ele arriou uma vaca
por nome de Sabonete, vaca mansa e eu fui tirar o leite dela. Mas, eu acho que
apertei demais o peito dela, me jogou os pés, me deu um coice, me jogou longe,
derrubou o leite. Papai piou novamente a Sabonete e me disse :
- Não é assim filho. Tire devagarinho, não aperte e tenha
paciência que da certo.
Com idade de 12 anos eu já tirava o leite do gado todo. Naquele tempo era água a vontade, não faltava
água no rio. Tinha vários poços dentro do rio, poço da caieira, poço das
moitas, poço cumprido, poço da jaramataia, poço do Quinco Chavier. Era peixe
demais, saiam de oito, dez homens e uma curiole de menino com galão e tarrafa,
era uma festa, muito alegria, peixe que não acabava mais, isto tudo antes de
existir açude de Orós. Quem acabou com esta fartura aqui, foi a retirada de
areia, as maquinas tiraram a areia toda, só param quando chega no salão,
acabou-se as veias d’água. Agravaram muito as coisas, coisa que não era pra ter
feito e fizeram fora da lei. Aqui todo pai de família tinha que ter um jumento
para carregar água do rio, ou então, traziam duas latas d’água no ombro, as
mulheres cada uma com uma lata na cabeça. Tinha um banheiro coletivo, cercado
de ramas, se a gente chegava, a pessoa dizia:
- Demore, que eu estou tomando banho, vá pra lá deixe eu
vestir minhas roupas.
Eu luto com gado
desde sempre, com um cavalo bom vou buscar o boi na serra, no meio da Jurema,
num tem tempo ruim não. Burro brabo, eu montava por que achava bom, tomava um
copo de pinga e era minha diversão, namorei muito com caboca nova. Meu apelido,
veio das corridas a cavalo que ganhei ,com idade de 14 a 15 anos montava cavalo
de corrida , era veloz como o vento, uma carapeta da peste. Tinha uns cavalos
da família Bezerra da Penha, vinha cavalo da Paraíba, ali depois dos trilhos
férreos, na rua do Prado, uns 10 metros depois, começava a pista do Prado até a
Igrejinha de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro, apostas de 300m, 400m, 500m. Eu
montava nos cavalos do meu pai, tínhamos bestas parideiras e cavalos velozes,
como o Asa Branca ganhei muitas apostas nele. O cavalo Predes pra pegar boi no
município de Iguatu não apareceu melhor não e quem montava nele era o Joquinha.
Casei com idade de 22
anos, com a senhorita Maria Socorro de Araújo do município de Icó, ela veio
morar aqui no poço comprido, com idade de 14 anos. Quando casamos ela tinha 17
anos e é mãe de 9 filhos meu, 2 homens e 7 mulheres: Maria Neuma, Maria Nilda,
Norma, Nerbenia, Normêlia, Francisca Nildeni, Rubens (Rui), Ana Cecília, tendo
o Nilvan que faleceu ainda quando não havia completado 1 ano.
Eu sou de um tipo seu
menino que se o cabra disse Joca me ajude aqui, eu estou no ponto. Quando me
casei papai disse:
- Meu filho casar não é chupar cajá.
- Sim pai! Mas eu quero.
Nunca o abandonei,
morreu no dia 17 de Junho de 1980, com 85 anos, mas eu ainda era o responsável
pela luta no curral. Tirava o leite, vendia e levava o dinheirinho dele.
No Prado quando tinha
corrida de fora, era um mundo de gente juntava de 500 pessoas para assistir as
carreiras. Geralmente era nos domingos, apostas de todo preço.
Meu único filho Homem
faz comigo do jeito que eu fazia com meu pai, é o Rui, mas faz toda luta com
umas 20 rés que eu tenho aqui. É quem vende o leite e me traz o dinheiro.
Também é pedreiro outra profissão que aprendeu comigo. Minha senhora faleceu a
6 anos, mas estou em casa com minha filha caçula a Cecília.
- O senhor é feliz?
- Sim! Acho que sou. Tenho saúde, como de tudo, tomo uma
cachacinha e ainda namoro com negra nova.
- O senhor se considera um homem livre?
- Sou um homem livre graças a deus. Independente, moro no
que é meu, sou direito e amigo de todo mundo.
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