20 de mai. de 2016







Motociclistas e Centauros
... A água brilhante que se move nos riachos e nos rios, não é simplesmente água, mas o sangue de nossos ancestrais... O murmúrio da água é a voz do pai do meu pai
 (Cacique- Seattle)
No domingo pela manhã na Catedral de São José, durante a missa celebrada pelo Bispo Homem, Edson de Castro, observei sete velas acessas, sete línguas de fogo, que ali representavam o dia de Pentecoste. Durante a primeira leitura ouvi esta afirmação: “De repente veio do céu um barulho como se fosse de... que encheu a casa onde eles se encontravam”. Mais a frente, lê-se. “Todos ficaram cheios do Espirito Santo...” E logo mais: “Nós que somos partos, medos e elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frigia e da Panfilia, do Egito e da parte da Líbia, próxima de Cirene, também romanos que aqui residem, judeus e prosélitos, cretenses e árabes...” Sabendo que a Palavra de Deus é eterna, portanto, presente, fiquei meditando sobre ela, quando num lampejo do pensamento matei a charada.
 A partir de hoje, segunda-feira, 16 de Maio, até o dia 22 do mês, acontece o Iguatu MotoWeek 2016, sobre a direção dos senhores Ricardo Quinderé e Luís Sucupira, nestes dias, do céu se ouvirá um barulho como se fosse o tropel de mil Centauros que encherá a casa onde nos encontramos (Iguatu) de motociclistas de todos os quadrantes desta Pátria, do Oiapoque ao Chuí, partos, medos e elamitas, habitantes da Mesopotâmia e da Judeia e da Capadócia... Todos, cheios do mesmo espirito, o amor incondicional a liberdade, que este esporte condiciona nas estradas ao Homem, liberdade quase em sua total plenitude. A palavra Pentecoste, é de natureza Grega, como de natureza grega, também são o Centauro  Quíron e o Ciclope Polífemo, ancestrais dos nossos motociclistas. Pentecostes significa quinquagésimo, portanto, cinquenta, lembrando a nós católicos os cinquenta dias passados da ressureição do Cristo Jesus. Quíron era filho do tempo (Cronos), portanto sábio. Amante da medicina, da botânica, da musicalidade, da futurologia e da caça, foi mestre do próprio Hercules. Polífemo era filho de Poseidon, portanto impetuoso, bravio, imprevisível como o mar. Na morte do Centauro Quíron, sendo ele sábio, foi arrebatado pelo próprio Deus e colocado bem próximo a ele, nos céus numa constelação que tem o nome de Sagitário.
 De Polífemo, a ultima noticia que se tem dele, é na beira do mar lavando o olho cego no entrevero com Ulisses, enquanto esbravejava impotente os navegantes a frente. Sem esquecer o Pastor Ácis, morto por este, levado pelo ciúme que tinha da ninfa Galateia e que esta transformou por amor, num rio.
 Em verdade, a interpretação da alegoria mitológica do Centauro tem a importante capacidade de salientar o conflito entre a razão e a emoção, a parte Homem do Centauro, reflete sobre os atos, buscando a razão. Já a parte cavalo, representa a paixão, os impulsos sexuais, os atos violentos, violência usada pelo Ciclope Polífemo, e que ainda hoje ceifa vidas em nossa sociedade, um saldo negativo disso, só o ano passado 22 mil brasileiros morreram em acidentes de moto. O Iguatu MotoWeek tem a missão de propagar a segurança nas estradas para os amantes deste esporte. Sejamos todos filhos de Quíron, redobremos a atenção nas estradas, vistoriemos nossas motos, aprendamos a usar o freio, a livrar de um obstáculo. Não vamos correr riscos desnecessários nas ruas, se a velocidade a alguns fascina como Galaleia a Polífemo, busque um autódromo e a orientação de um profissional no assunto. Não sejamos vitimas da Loucura de Polífemo, ou da parte cavalo do Centauro, como o Pastor Ácis, transformado em rio.
 Rio como o nosso Jaguaribe, também vitima de nossa loucura, busquemos antes, as barrancas do nosso rio da onça, como Quíron, para ouvir a musicalidade dos nossos pássaros, conhecer a nossa botânica, ou o que resta dela, Mofumbo, Jurema Preta, Pinho Bravo, Pau- de-Rato, Camaru, Juazeiro, Jucá, Jiquiri, Jurema-Branca, Mandacaru, Maniçoba, Marmeleiro, Maroró, Jaramataia, dando oportunidade aos nossos filhos de conhecerem o que para eles se transformou em desconhecido. Certamente, este esforço trará luz ao Jaguaribe, que hoje vive um período de trevas. Esta luz levará todos que ouvirem o meu grito, é o que espero, há reconhecer a camisa de onze varas que estamos vestindo em nossos filhos, quando transformamos esta artéria fluvial maior da Caatinga (mato brabo, enfezado) cearense, em esgoto a céu aberto, lastimável lixão, com isto aparecerão no futuro os incentivos indispensáveis para que a revitalização do Jaguaribe aconteça de fato.
 - Vamos pro Rio!!!

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