Motociclistas e Centauros
... A água brilhante
que se move nos riachos e nos rios, não é simplesmente água, mas o sangue de
nossos ancestrais... O murmúrio da água é a voz do pai do meu pai
(Cacique- Seattle)
No domingo pela manhã na Catedral
de São José, durante a missa celebrada pelo Bispo Homem, Edson de Castro,
observei sete velas acessas, sete línguas de fogo, que ali representavam o dia
de Pentecoste. Durante a primeira leitura ouvi esta afirmação: “De repente veio
do céu um barulho como se fosse de... que encheu a casa onde eles se
encontravam”. Mais a frente, lê-se. “Todos ficaram cheios do Espirito Santo...”
E logo mais: “Nós que somos partos, medos e elamitas, habitantes da Mesopotâmia,
da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frigia e da Panfilia, do Egito
e da parte da Líbia, próxima de Cirene, também romanos que aqui residem, judeus
e prosélitos, cretenses e árabes...” Sabendo que a Palavra de Deus é eterna,
portanto, presente, fiquei meditando sobre ela, quando num lampejo do pensamento
matei a charada.
A partir de hoje, segunda-feira, 16 de Maio,
até o dia 22 do mês, acontece o Iguatu MotoWeek 2016, sobre a direção dos
senhores Ricardo Quinderé e Luís Sucupira, nestes dias, do céu se ouvirá um
barulho como se fosse o tropel de mil Centauros que encherá a casa onde nos
encontramos (Iguatu) de motociclistas de todos os quadrantes desta Pátria, do Oiapoque
ao Chuí, partos, medos e elamitas, habitantes da Mesopotâmia e da Judeia e da
Capadócia... Todos, cheios do mesmo espirito, o amor incondicional a liberdade,
que este esporte condiciona nas estradas ao Homem, liberdade quase em sua total
plenitude. A palavra Pentecoste, é de natureza Grega, como de natureza grega,
também são o Centauro Quíron e o Ciclope
Polífemo, ancestrais dos nossos motociclistas. Pentecostes significa
quinquagésimo, portanto, cinquenta, lembrando a nós católicos os cinquenta dias
passados da ressureição do Cristo Jesus. Quíron era filho do tempo (Cronos),
portanto sábio. Amante da medicina, da botânica, da musicalidade, da
futurologia e da caça, foi mestre do próprio Hercules. Polífemo era filho de
Poseidon, portanto impetuoso, bravio, imprevisível como o mar. Na morte do
Centauro Quíron, sendo ele sábio, foi arrebatado pelo próprio Deus e colocado
bem próximo a ele, nos céus numa constelação que tem o nome de Sagitário.
De Polífemo, a ultima noticia que se tem dele,
é na beira do mar lavando o olho cego no entrevero com Ulisses, enquanto
esbravejava impotente os navegantes a frente. Sem esquecer o Pastor Ácis, morto
por este, levado pelo ciúme que tinha da ninfa Galateia e que esta transformou
por amor, num rio.
Em verdade, a interpretação da alegoria
mitológica do Centauro tem a importante capacidade de salientar o conflito
entre a razão e a emoção, a parte Homem do Centauro, reflete sobre os atos,
buscando a razão. Já a parte cavalo, representa a paixão, os impulsos sexuais,
os atos violentos, violência usada pelo Ciclope Polífemo, e que ainda hoje
ceifa vidas em nossa sociedade, um saldo negativo disso, só o ano passado 22
mil brasileiros morreram em acidentes de moto. O Iguatu MotoWeek tem a missão
de propagar a segurança nas estradas para os amantes deste esporte. Sejamos
todos filhos de Quíron, redobremos a atenção nas estradas, vistoriemos nossas
motos, aprendamos a usar o freio, a livrar de um obstáculo. Não vamos correr
riscos desnecessários nas ruas, se a velocidade a alguns fascina como Galaleia
a Polífemo, busque um autódromo e a orientação de um profissional no assunto.
Não sejamos vitimas da Loucura de Polífemo, ou da parte cavalo do Centauro,
como o Pastor Ácis, transformado em rio.
Rio como o nosso Jaguaribe, também vitima de
nossa loucura, busquemos antes, as barrancas do nosso rio da onça, como Quíron,
para ouvir a musicalidade dos nossos pássaros, conhecer a nossa botânica, ou o
que resta dela, Mofumbo, Jurema Preta, Pinho Bravo, Pau- de-Rato, Camaru,
Juazeiro, Jucá, Jiquiri, Jurema-Branca, Mandacaru, Maniçoba, Marmeleiro,
Maroró, Jaramataia, dando oportunidade aos nossos filhos de conhecerem o que
para eles se transformou em desconhecido. Certamente, este esforço trará luz ao
Jaguaribe, que hoje vive um período de trevas. Esta luz levará todos que
ouvirem o meu grito, é o que espero, há reconhecer a camisa de onze varas que
estamos vestindo em nossos filhos, quando transformamos esta artéria fluvial
maior da Caatinga (mato brabo, enfezado) cearense, em esgoto a céu aberto,
lastimável lixão, com isto aparecerão no futuro os incentivos indispensáveis para
que a revitalização do Jaguaribe aconteça de fato.
- Vamos
pro Rio!!!
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