Troféu Anteu
Ao Homem com H
maiúsculo, Honrado, Honesto.
Ao gigante filho da
terra.
Nos 60 anos do IFCE-Campus de Iguatu
... Alcançou o capanga
um casal de velhinhos, que seguiam diante dele o mesmo caminho, e conversavam
acerca de seus negócios particulares. Das poucas palavras que apanhara,
percebeu Jão que destinavam eles uns cinquenta mil réis à compra de
mantimentos, a fim de fazer um moquirão, com que pretendiam abrir uma roça.
Uma voz os interrompeu:
_ Por este preço dou eu
conta da roça!
_ Ah! É nhô Jão!
Conheciam os velhinhos
o capanga, a quem tinham por homem de palavra. Aceitaram sem mais hesitação; e
foram mostrar o lugar que estava destinado ao roçado.
Acompanhou-os Jão;
porém, mal seus olhos descobriram entre os utensílios a enxada, que sem mais
deu as costas ao par de velhinhos e foi-se deixando-os embasbacados.
(
Til – José de Alencar ).
Vaqueiro Francisco Claudio de
Araújo, primogênito varão de uma família
de 12 irmãos, filhos do casal, Alcides Lino de Araújo e Maria do Socorro
Araújo, nasceu a 09 de Abril de 1954, casando-se com a Sra. Maria Conceição
Araújo, tendo com esta três filhos, Elder Luiz, Francisca Edna e Cícera Claudia.
_ Na minha casa nunca faltou gado
de leite, ao menos uma tinha que ter, mas o melhor período de papai, foi na
época do algodão, tínhamos mais de 60 cabeças de gado. A responsabilidade, toda
vida foi minha, levantava cedo, as três horas da manhã já estava no curral, as
cinco, saíamos todos juntos para o trabalho nas terras do velho Solário, duas
léguas a pé, nos Cajás, nas Vertentes. Era a época de ouro do algodão. Papai
levava todo mundo, ficava só mamãe, que ia depois levando uma panela de comida
na cabeça. Trabalhando alugado, papai conseguiu comprar umas terrinhas. Acabou
o algodão, acabou tudo.
Na década de oitenta, papai
comprou estes terrenos aqui na Vazinha, ai não, tudo pertinho, ficou uma
maravilha, dali até 2002, foi só irrigação de arroz. Neste ano papai morreu,
fiquei lutando com o Damião, o Cosmo havia ido para São Paulo. Com os anos, a
energia elétrica ficou de um jeito, que ninguém podia mais trabalhar. Em 2008,
paramos com a irrigação de arroz, mamãe resolveu partir as terras, deu a parte
dela com vida. O gadinho que tinha, herança de papai, vendi e dei o dinheiro a ela. Resolvemos tudo em
cartório, tudo as ordens dela, ninguém pode ir contra. Foi só então, depois de
30 anos de casado, que eu realmente vim cuidar de minha casa. Minha mulher,
desde a época de Elmo Moreno, que trabalha como funcionaria do município,
primeiro professora, depois, auxiliar de serviços gerais.
Sempre tive muita vontade de
estudar, mas nunca pude, meu pai vivia numa vida de sofrimento. Graças a Deus,
o pouco que eu sei, não tenho inveja destes formados de hoje. Nunca entrei num
colégio. Papai e mamãe saiam para a roça, lá no Paraná, eu ficava em casa com
os irmãos mais novos, José Tadeu, Fatima, Raimunda e Aparecida. Só pude
estudar, depois que voltamos para o Alencar, eu já tinha mais de 9 anos. Quando
chegamos em nossa terra, se socamos dentro de uma casa, que não tinha uma
parede de divisória, era só uma gerebazinha onde mamãe nasceu, no Sitio Boa
Vista. Lá, eu comecei a estudar em casa, minha professora era Zefinha de
Deoclecio. Depois tive que ficar vindo para o Alencar, estudar com Dona
Teresinha a noite. Medroso que só eu, não podia ver um pé de ciumeira na
estrada que eu voltava. Depois dos 20 anos, foi que eu deixei esta besteira,
comecei a namorar, ai perdi o medo.
Um dia o Dr. José Montenegro,
passou um remédio, disse que era pra depressão, que eu tinha que tomar todo
dia. Cheguei em casa, embolei a receita e joguei fora. Mamãe disse:
_ Meu filho, não faça isso! Você
doente, tem que tomar o remédio!
_ Remédio!? Remédio bom é uma
enxada, eu fico bom é com trabalho. Ai, me enfiei na roça, com muita fé em Deus
e foi a ultima vez.
Me casei em 1978, era para ser em
Abril, mas um acidente de trabalho, enquanto encostava o material para fazer
minha casa, a carroça disparou comigo, virou, quebrei as duas pernas. Só
casamos em Novembro.
Depois da aposentadoria, voltei a
criar gado, voltei pro curral, meu Neto já tem três cabeças, eu tenho cinco. A
crise do milho arrochou tanto, que
desisti de criar porco, mas tenho galinha, ovelha. Trabalho todo dia, ainda não
fiquei um dia parado, quando não tem serviço, eu invento, faço carvão, refaço cerca
velha, destoco.
_ O Senhor se considera um Homem
livre?
Graças a Deus! Eu não tenho o que
dizer da vida. Minha esposa esta aposentada, eu estou aposentado, meus filhos
todos trabalhando. Agora é só a benção de Deus. Continuar trabalhando, até o
dia que Deus quiser.
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