Troféu Anteu
Ao Homem com H maiúsculo, Honrado, Honesto.
Ao gigante filho da terra
Ao Homem com H maiúsculo, Honrado, Honesto.
Ao gigante filho da terra
- Envergonha-me de que? Não feri, nunca feri homem algum de emboscada, as ocultas a meu salvo. Ataco de frente, a peito aberto. Se mato é porque sou mais valente e mais forte, mais arrisco a minha vida, e umas quantas vezes mais do que esses a quem despacho, pois sou um contra muitos.
- Assim não te causa a menor repugnância derramar sangue de teus semelhantes, em troca de alguns vinténs?
- Sangue de gente, ou sangue de onça, tudo é um, tem a mesma cor, e a mesma maldade. Já estou acostumado com ele.
...
- Dinheiro? Por que não roubas? Tens vexame?
A tortura que sofria Jão Fera não se descreve. Foi com a voz estrangulada por dores cruentas, que ele balbuciou:
- João Bugre é um Homem de Honra!
( Til – José de Alencar )
- Sangue de gente, ou sangue de onça, tudo é um, tem a mesma cor, e a mesma maldade. Já estou acostumado com ele.
...
- Dinheiro? Por que não roubas? Tens vexame?
A tortura que sofria Jão Fera não se descreve. Foi com a voz estrangulada por dores cruentas, que ele balbuciou:
- João Bugre é um Homem de Honra!
( Til – José de Alencar )
Agricultor Luís Luziano de Araújo, nascido a 18 de maio de 1958, numa prole de 10 filhos, do casal Benedito Correia de Araújo e Maria Zilma de Araújo, três Homens e sete mulheres, sendo, Vicente , Luziano, Antônio ( Totonho ), Mirian, Irian ( Maninha), Neta, Irismar, Luzinete, Luzimar ( Nininha ) e a falecida Lucimar.
- Conta mamãe que quando ela casou o que papai levou pra dentro da casinha de taipa, em que foram morar, foi um galo, que o acordava na madrugada. Na nossa infância, eu e os meus dois irmãos se levantávamos a uma da madrugada pra ir buscar água no galão, éramos tão pequenos, que dividíamos uma lata para ser carregada num pau, pelos dois mais novos. Chegávamos no olho d’ agua, que abastecia todo o Alencar, e já tinha gente na fila, era uma disputa, um amassar de latas, muita dificuldade de água. Naquele tempo, não existia gás butano, energia elétrica, nem água encanada, papai comprava uma lata de querosene, dava pro ano, lá ninguém comprou nunca um litro de nada, se fosse rapadura era uma carga, se fosse farinha, era um saco. Quem nos fornecia era a bodega do Pedro Martins pagava-se na época da safra. Nunca me faltou nada, desde eu pequeno, arroz, feijão, leite. Nós nunca tivemos foi dinheiro.
Meu pai morreu no dia 29 de maio de 1968, com 45 anos, mas meu pai tinha isto de amar a terra, nunca dividimos nada, tudo era de mamãe, plantávamos todos juntos. Mamãe é uma heroína, ficou este tempo todo lutando para criar os filhos. Naquela época não existia nenhum tipo de auxilio a viuvez, só se aposentou quando chegou na idade, já tinha 22 anos de viúva.
Eu, aos 10 anos, já era arrimo de família, minha mãe sempre deixou a responsabilidade comigo. Nunca estudei por que não quisesse! Era por que eu achava bom, era trabalhar. Achava não, acho! Trabalho todo dia, nem no domingo, você me ver no Alencar. Se me verem na calçada, perguntam logo se estou doente. Tenho sempre um cantinho de roça, pro meu povo comer feijão verde, ovelha, galinha, porco, gado, tudo um pouquinho, eu crio. Junto de setenta ovos, mas não é pra vender, é pra nós, e pra quem precisar.
Nós três aqui, qualquer recado que mandar na região, o povo atende, você mesmo, se eu disser:
_ Vá lá em fulano, diga que o Luziano mandou lhe entregar isso...
Em maio, eu peguei uma empeleita para destocar 80 tarefas de terra, eu e um primo meu, mas em outubro eu saio dela. Pego antes das seis horas da manhã. A gente vem com três anos que planta e não tira nada, mas não é a terra, é o inverno, porque não chove. Fica difícil ate a gente levar um filho pra roça, no fim do ano ele vê, o lucro é pouco, só muito sacrifício. A roça é difícil, mas sou feliz.
_ Três horas da madrugada ele se levanta, faz o café e vem pro curral aqui no sitio Varzinha. Depois, vai deixar o leite no Alencar, volta, as cinco da manhã ele já estar na roça.
( Francisco Alves de Assis Filho – Chico de Assis )
_ Quando a fome aperta, ele para, vai cozinhar o feijão, de baixo de um Pé de Marizeira, faz o Baião. O Baião é meio temperado, leite, maxixe, nata, girimum. Ele faz para um, mas pode chegar dez, que comem todos. O João Aquino, sai lá da Ematece, no Iguatu, pra comer o baião de dois que ele faz aqui na roça.
( Edileusa Maria Alves )
Eu sempre comentava com o Tontonhô: Vamos mudar este horário, a gente tem visto tanto desmantelo. Temos o costume de saí as três horas da manhã. Quarta feira, 22 de julho, eu voltava para casa, era umas quatro e pouco da tarde, levando um balde de leite, uns ovos e meio saquinho de milho verde, pra comer na calçada a boquinha da noite com os vizinhos. Quando cheguei em frente a fabrica Nossa Flora, dois indivíduos saíram de dentro do mato, cada qual com um revolver na mão. Eu ia devagar, tomaram a frente, me mandaram parar. Um ficou do meu lado, e colocou o revolver no meu ouvido:
_ Peraí cabra legal! Se o problema é a moto, você leva já!
Desci e fui desamarrar as ligas, mas eles as toraram. Quando tentaram sair, a moto não pegou. Tive medo de eles acharem que eu tinha feito alguma trambucagem na moto. Daí, afirmei:
_ Ela não tá pegando! Tem que botar na segunda e empurrar.
Foram lá na frente, voltaram, e um afirmou:
_ Você vai encontrar sua moto!
Eu disse:
_ Vá com Deus, homi!
Só percebi o perigo real, há noite em casa, nos olhos apavorados de minha esposa Maria Oneide, dos meus filhos Pedro Henrique de 14 anos e do Junior. Mas estar tudo bem sou feliz, graças a Deus, com minha mãe, meus irmãos, irmãs, minha esposa, meus filhos.
_ O senhor acredita ser um Homem livre?
_ Eu me considero! Considero-me, não! Eu sou! Considero, é quando se tem duvida. Eu sou um Homem livre. A começar por dentro de casa, com a mulher, é tudo conversado, combinado. Mas temos liberdade.
- Conta mamãe que quando ela casou o que papai levou pra dentro da casinha de taipa, em que foram morar, foi um galo, que o acordava na madrugada. Na nossa infância, eu e os meus dois irmãos se levantávamos a uma da madrugada pra ir buscar água no galão, éramos tão pequenos, que dividíamos uma lata para ser carregada num pau, pelos dois mais novos. Chegávamos no olho d’ agua, que abastecia todo o Alencar, e já tinha gente na fila, era uma disputa, um amassar de latas, muita dificuldade de água. Naquele tempo, não existia gás butano, energia elétrica, nem água encanada, papai comprava uma lata de querosene, dava pro ano, lá ninguém comprou nunca um litro de nada, se fosse rapadura era uma carga, se fosse farinha, era um saco. Quem nos fornecia era a bodega do Pedro Martins pagava-se na época da safra. Nunca me faltou nada, desde eu pequeno, arroz, feijão, leite. Nós nunca tivemos foi dinheiro.
Meu pai morreu no dia 29 de maio de 1968, com 45 anos, mas meu pai tinha isto de amar a terra, nunca dividimos nada, tudo era de mamãe, plantávamos todos juntos. Mamãe é uma heroína, ficou este tempo todo lutando para criar os filhos. Naquela época não existia nenhum tipo de auxilio a viuvez, só se aposentou quando chegou na idade, já tinha 22 anos de viúva.
Eu, aos 10 anos, já era arrimo de família, minha mãe sempre deixou a responsabilidade comigo. Nunca estudei por que não quisesse! Era por que eu achava bom, era trabalhar. Achava não, acho! Trabalho todo dia, nem no domingo, você me ver no Alencar. Se me verem na calçada, perguntam logo se estou doente. Tenho sempre um cantinho de roça, pro meu povo comer feijão verde, ovelha, galinha, porco, gado, tudo um pouquinho, eu crio. Junto de setenta ovos, mas não é pra vender, é pra nós, e pra quem precisar.
Nós três aqui, qualquer recado que mandar na região, o povo atende, você mesmo, se eu disser:
_ Vá lá em fulano, diga que o Luziano mandou lhe entregar isso...
Em maio, eu peguei uma empeleita para destocar 80 tarefas de terra, eu e um primo meu, mas em outubro eu saio dela. Pego antes das seis horas da manhã. A gente vem com três anos que planta e não tira nada, mas não é a terra, é o inverno, porque não chove. Fica difícil ate a gente levar um filho pra roça, no fim do ano ele vê, o lucro é pouco, só muito sacrifício. A roça é difícil, mas sou feliz.
_ Três horas da madrugada ele se levanta, faz o café e vem pro curral aqui no sitio Varzinha. Depois, vai deixar o leite no Alencar, volta, as cinco da manhã ele já estar na roça.
( Francisco Alves de Assis Filho – Chico de Assis )
_ Quando a fome aperta, ele para, vai cozinhar o feijão, de baixo de um Pé de Marizeira, faz o Baião. O Baião é meio temperado, leite, maxixe, nata, girimum. Ele faz para um, mas pode chegar dez, que comem todos. O João Aquino, sai lá da Ematece, no Iguatu, pra comer o baião de dois que ele faz aqui na roça.
( Edileusa Maria Alves )
Eu sempre comentava com o Tontonhô: Vamos mudar este horário, a gente tem visto tanto desmantelo. Temos o costume de saí as três horas da manhã. Quarta feira, 22 de julho, eu voltava para casa, era umas quatro e pouco da tarde, levando um balde de leite, uns ovos e meio saquinho de milho verde, pra comer na calçada a boquinha da noite com os vizinhos. Quando cheguei em frente a fabrica Nossa Flora, dois indivíduos saíram de dentro do mato, cada qual com um revolver na mão. Eu ia devagar, tomaram a frente, me mandaram parar. Um ficou do meu lado, e colocou o revolver no meu ouvido:
_ Peraí cabra legal! Se o problema é a moto, você leva já!
Desci e fui desamarrar as ligas, mas eles as toraram. Quando tentaram sair, a moto não pegou. Tive medo de eles acharem que eu tinha feito alguma trambucagem na moto. Daí, afirmei:
_ Ela não tá pegando! Tem que botar na segunda e empurrar.
Foram lá na frente, voltaram, e um afirmou:
_ Você vai encontrar sua moto!
Eu disse:
_ Vá com Deus, homi!
Só percebi o perigo real, há noite em casa, nos olhos apavorados de minha esposa Maria Oneide, dos meus filhos Pedro Henrique de 14 anos e do Junior. Mas estar tudo bem sou feliz, graças a Deus, com minha mãe, meus irmãos, irmãs, minha esposa, meus filhos.
_ O senhor acredita ser um Homem livre?
_ Eu me considero! Considero-me, não! Eu sou! Considero, é quando se tem duvida. Eu sou um Homem livre. A começar por dentro de casa, com a mulher, é tudo conversado, combinado. Mas temos liberdade.
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