LEGITIMO DE BRAGA
Zeca de Cotinha
Meia meia.
Quarenta e seis.
Oitenta e quatro.
O calibre do meu revolver,
trinta e oito.
Dois patinhos na lagoa, vinte e dois.
De rombo, noventa.
Cinqüenta e sete.
Dois tuberculosos numa esquina, onze.
Vinte e seis, o ano em que papai foi
buscar as mangas e nunca mais voltou.
E manhã de Domingo, e o Sr. José dos
Santos, conhecido por Zeca de Cotinha, está chamando as pedras do víspora,
principal divertimento para os apreciadores de bingo, no Iguatu. Quando a
garganta secava, passava a obrigação para o Manuelito, e ia tomar um copo de
cerveja gelada, para molhar a garganta.
Filho do casal Luiz dos Santos e
Maria Madalena de Jesus ( Dona Cotinha ), nasceu a 23 de Outubro de 1925, aqui
mesmo no Iguatu. Seus país moravam nas proximidades da Beira Fresca, na Rua do
Motor, conhecida por este nome, por lá ter um motor muito grande, que puxava
água de um cacimbão no leito do rio Jaguaribe, para abastecer a CIDAO. Casou-se
com Maria Dino da Conceição (Dona Marina ), do Quixoá dos Dinos, sendo pai de
nove filhos; Maria Iris Bezerra dos Santos, Francisco Itamar, Maria Irani ( in
memória ), Maria Irisneide, Maria Iracir, Francisco Ivo, Maria Iracilda,
Francisco Ivan, Francisco Iran Bezerra dos Santos. Funcionário publico
municipal, tinha um discurso político apreciado por muitos, com livre transito
dentro da sociedade Iguatuense, gostava de se expressar através do poder de sua
eloqüência, muito solicitado nos palanques eleitorais. Também fazia discursos
póstumos encomendados, onde, depois de ouvir dos interessados, alguns dados
pessoais sobre o defunto, idealizava magnânima oratória à beira do tumulo.
Fazendo enriquecer o anedotário político Iguatuense, contam que conversando com
alguns íntimos, sobre a morte e o medo que esta impunha a todo ser humano, o
Dr. Gouveia, saiu-se com está:
- Eu não tenho medo da morte, eu
tenho medo é do discurso póstumo do Zeca de Cotinha.
Muito caridoso, no período da Semana
Santa, comprava o “Jejum”, com fartura, peixe, pão, ovos, queijo e mandava que
os filhos fossem entregar, distribuir entre os necessitados. Pai exemplar sabia
impor respeito entre os filhos, criando uma atmosfera favorável no seu lar.
Esposo dedicado, e de “barriga cheia”, e de Dona Marina, este depoimento:
_ Logo quando me casei com o Zeca,
fui morar na casa de Dona Cotinha, na Rua do Motor, ele era filho único, e sua
mãe havia sido abandonada pelo marido, o Zeca ainda bebê. Ela era irmã do
engraxate Cícero de Moura e do Antonio de Moura, com raízes no Cardoso. Depois
a família cresceu, procuramos o nosso cantinho. O Zeca gostava de levar os
filhos para assistir as partidas de futebol, no campo, que deu origem ao Estádio
“Morenão”, AACI, Associação Atlética Clube Iguatuense. Quando ele morreu, eu
fiquei com os filhos todos crianças, o mais novo, o Iran, com seis anos. Eu fui
vender verduras, numa banca entre o Mercado e o Banco do Brasil. Mas tenho
muitas saudades dele. Era um Homem bom.
E de sua filha Irisneide, este
relato:
_ Papai desenhava os bichos,
nos panos das roletas do teu pai, depois mandava o Itamar contorná-los com um
pincel, ficava uma beleza. Foi dele que o Itamar herdou o dom da pintura. No
dia 10 de Novembro de 1976, faleceu no Hospital Santo Antonio dos Pobres,
depois de uma cirurgia, onde amputou o dedão do pé direito, feito pelo Dr.
Mauricio Assunção. A Causa da Morte foi Tétano, ferida gangrenada. A exatos,
trinta e oito anos.
Tenho Dito. Cícero Correia Lima.
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