Necropsia III

22 de dez. de 2014

Legítimo de Braga
Necropsia III

Tock! Tock! Tock!
- Quem bate !?
- É o povo! Em nome da Lei!
- Se é o povo em nome da lei, pode entrar.
(Juiz Petra Bittencourt)


Contam os historiadores chineses que os imperadores do seu país, a datar de Taitsung no VII século da nossa era, não assinavam jamais, uma sentença de morte sem uma penitencia de três dias, os quais se deviam conservar sem beber vinho, sem ouvir musicas, e sem ver suas mulheres. E como nem eu, e nenhum dos 17 vereadores que compõem o nosso parlamento, tomou este cuidado, tenho a impressão que não estarão aptos a votarem pensando no bem maior da nossa comunidade, pensando em questões como vida e liberdade.
Terça-feira, 09 de dezembro, 16h10min, estou na Câmara Municipal, para assistir mais um ato desta agonia que tem se prolongado em demasia, do nosso legislativo. Quando um dos funcionários da casa me avisa:
- Não haverá sessão.
- Como!? Por quê?
- Esta ali. Disse-me, apontando o mural.  Vi o documento, e perguntei-lhe:
- Não tem nenhum vereador na casa?
- Têm alguns, no gabinete do Rubenildo.
Segui para lá. Pedi ao Cadeira a copia da portaria exposta no mural.
- Por que eles fizeram isso, é arbitrário. Só haverá sessão agora no dia da eleição.
Queixou-se o Vereador Marciano da Rodoviária.
- Vocês conhecem a historia dos sete sábios da Grécia? Perguntei aos três vereadores presentes naquela sala.
- Não! Respondeu- me, Rômulo Fernandes.
Então, narrei-lhes  esta historia escrita, para homens que ao entrarem na velhice, não compreendem mais as vozes da mocidade:
O Rei da Grécia, querendo homenagear toda sabedoria, toda sumidade,  todo conhecimento. Convidou  7 sábios, para passarem 7 dias de festas no palácio, onde preparou-se banquetes suntuosos, musicas e bailados divinais. O rei estava feliz naqueles dias, afinal, toda grandeza, toda magnificência, toda luz estava ali. Depois destes festejos, todos os sábios se  retiraram, cada uma para sua cidade. O rei desejoso de prolongar com aquela sensação gratificante, que lhe enriquecia o espírito, num lampejo, decidiu convidar um a um, os sábios, para uma visita de um dia, a ele.
Primeiramente veio o de Tebas, e disse-lhe que:
- Toda sapiência, toda luz, toda grandeza, que o senhor presenciou, emanava de mim, que sou o grande sol, os outros eram só  raios de minha luz.
Em seguida veio o  de Sarmos, que contou-lhe:
- Eu sou a grande Atalaia, o que o senhor rei viu nos outros, foi apenas frases que em algum momento escutaram de minha sabedoria, e estão a repetir, como papagaios que são.
Depois veio o de Atenas e afirmou-lhe:
-  Eu sou o grande espelho da sabedoria, o que o senhor assistiu naqueles dias, era apenas reflexos de minha grandeza.
As visitas continuaram assim por sete dias, no final dos quais o rei proferiu a seguinte frase, em alto e bom som:
- Estes 7 homens juntos, são toda sapiência, toda luz, toda grandeza, toda sabedoria da Grécia. Mas, individualmente , são 7 bestas!
 È isto que agora ocorre, com os 9 vereadores da oposição, neste instante com eles estão, toda a esperança, toda a ética, toda moralidade, toda ânsia de libertação do povo. Mas individualmente, salve alguma personalidade, pois toda regra a exceção, são todos compráveis.
 Eu já havia estado com a vereadora Cida Albuquerque no dia anterior, já havia lido para ela a crônica necropsia, que foi publicada no jornal A Praça, de sábado 13 de Dezembro. Ela muito leal a causa, saiu-se na defesa dos Edis da oposição, contou-me particularidades de alguns deles, do sofrimento, da coragem, enfim, acreditava.  Eu afirmei-lhe:
-  A senhora é livre, não lhe falta forças interiores, poderosas energias mentais para fazer o que tem de ser feito,  será heróico e sublime, mas lembre-se deste poema, Prudente e humano.
                                             Encostei-me a ti
                                             Sabendo que era apenas bruma
                                            Como sabia que era espuma.
                                                Fiquei sem poder chorar.
                                               Quando cai.

Depois, aquele vergonhoso 15 de dezembro, onde sobre os olhares do mundo, se tentou legalizar a fraude, ou ganhar tempo, onde no pleno 17 se tornou 18, o spray de pimenta no auditório, os gritos do meu filho José, uma criança de 10 anos :  Papai! Eu não consigo respirar, minha garganta estar ardendo. A fuga do presidente do legislativo, perseguido pelo povo. Os cadáveres em decomposição tem a cada dia o seu verme novo, Bandeira  Junior era o verme do dia.
 Na manhã seguinte, liguei para a vereadora Cida, dei-lhe os parabéns e ao grupo, por aquele primeiro round vencido, mas que a situação, a um preço muito caro, também tinha tido algum êxito, ganharam tempo...
 As duas oligarquias que hoje imperam no Iguatu, as quais o poder legislativo se mantém subserviente  a pelo menos  uma década, já foram intituladas por mim, como, duas faces de uma mesma moeda , duas portas para o inferno, são as grandes responsáveis pela morte do Legislativo Municipal, que morreu por asfixia.
A ressurreição que hoje se espera do nosso Parlamento, não acontecerá na terça- feira, 23 de Dezembro, a rosa da oposição, exposta  a  tantos dias sobre o cadáver do legislativo, já traz em duas ou três pétalas o verme que deverá destruí-la. Oxalá  aconteça no futuro, se este quadro que agora se pinta da nação, da  luta contra a corrupção não for quebrado, e se os grandes ladrões continuarem indo para traz das grades. Talvez então, a depender disto, não  veja eu, o povo a reconduzir, através do seu voto, 80% dos atuais Edis, a vereança em 2016.

                                Tenho dito.

                                                                              Cícero Correia Lima.       

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