Os ciganos.
Foi lá pelo final da década de 70, talvez logo no inicio dos anos 80, estava em minha casa quando o “ Neguim Cigano”, Francisco Augusto dos Santos, me perguntou pelo meu pai. Mandei que entrasse, levei-o ate este. Confabularam um pouco. Depois vi meu pai levantasse da rede onde estava, pegar o revolver que conservava sempre embaixo desta, colocar o chapéu de massa que estava sobre a mesa e sair com o visitante. Logo viemos a saber, que teria havido uma luta fratricida entre ciganos, luta na qual alguns encontraram a morte, outros porem, feridos e escondidos em moitas ou outros abrigos naturais, sem nenhuma assistência médica, dado ao medo que essa gente traz da policia, ou antes, da cadeia. Meu pai fez o que tinha de ser feito, enterrou a quem precisava enterrar, trouxe outros a tratar na Casa de Saúde Agenor Araujo, sem que a policia os importuna-se,e no momento certo, deu cobertura para que esses encontrassem a liberdade, tão comum a esta gente. Lembro bem disto, porque papai me levou a visitá-los na Casa de Saúde. Havia um alto, magro, barbudo, recheado de balas. O estado de saúde dele era grave, diziam que não escapava. Papai chamou-me de lado e disse: É um valente, caiu do lado dos seus.
86 foi o ano que morreu meu pai, deixando uma perca imensa em minha alma e uma dor profunda no meu peito. Mas conservo-o vivo comigo. Em momentos difíceis sempre estive do lado dos meus. Precisei deles agora, nestas eleições, e a resposta foi perca, dor ... 86, talvez aqui, neste numero esteja a resposta do meu pai, dizendo-me que o caminho não é este da política. Há sentenças lavradas no céu para serem executadas na terra, e que os homens teimam em não quererem ler. A política foi o caminho trilhado pelos inimigos de minha casa como o Promotor publico Afonso Gil Castelo Branco, este chegou a elegesse deputado federal pelo Piauí, mas hoje descansa os seus ossos, em uma sepultura fria em Teresina. Outro o Ex Superintendente de policia federal Robert Rios Magalhães, que foi exonerado do cargo e que tem, com a ajuda de Deus, encontrado derrotas esmagadoras nas urnas, em eleições seguidas em 2000, 2002 e agora em 2004. Talvez o caminho seja este da escrita, se tivesse condições financeiras para editar um livro. Estou a divagar..., o titulo seria : A face obscura do Coronel Correia Lima, mas isto estar alem, muito alem de minhas poucas forças.
Agradeço ao aviso do meu pai, e aqui presto-lhe uma homenagem:
Os corajosos Aturés refugiaram-se nos rochedos das cataratas, lugar lúgubre que pereceu toda a raça, sem deixar traços da língua que falava...Cousa curiosa entretanto. Entre os maipurés, vive ainda um velho papagaio, que ninguém, dizem os naturais, pode compreender, porque ele fala a língua dos Aturés.
Poeta, na terra hostil em que a sorte te há posto
No tempo em que, a sorrir levantas o teu rosto,
Sereno, ante a onda má que rebentas a teus pés.
Lembras a predicar teu credo sempre novo.
Aquela ave a cantar no meio de outro povo.
As cantigas marciais das gentes Aturés.
Tua tribo morreu! Quando as hordas bravias
Invadiram rugindo a pátria onde vivias.
Mataram teus irmãos, povo do teu amor.
Teu país de ouro e luz foi a força invadido...
Ficaste apenas tu, repetindo vencido,
A língua maternal, diante do vencedor.
Continua, porém, nessa audácia insolente,
Ave dos Aturés falando a estranha gente teu idioma natal
Continua a expandir teu desprezo profundo.
E, honrando sempre os teus, celebra pelo mundo
O nome do teu povo e as glorias da tua tribo. ( H.C.)
Tenho dito.
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