“ Quem carrega o que não pode. Descansa onde não quer.“
(João Pereira dos Reis- João da Lata.)
Há alguns dias o céu do meu Iguatu emitiu um estrondo grandioso, apavorante, que deixou a população amedrontada, receosa. Falava-se em terremoto, em bombardeio aéreo, em aviões que romperam a barreira do som. Felizmente, para graça minha, estive presente a sessão da Câmara Municipal da terça-feira, 23 de novembro, lá entendi o motivo de tão estrondosa matraca, eram as obras colossais da administração “Construindo o nosso Futuro”, cantadas por vereadores da situação como o Rubenildo, que antes de começar há desbulhar um rosário de obras da administração, bem como, um rasgar de sedas ao nosso gestor publico municipal, pediu licença para falar sentado. Já o vereador Nelho Bezerra, sacudia um encarte promocional da administração, segundo ele, distribuído em todo o Ceará pelo Diário do Nordeste, onde se deixa vá ver as 69 obras faraônicas que seriam construídas nestes últimos dois anos de governo municipal, com a voz trovejante, anunciava: São 69 obras! Ouviu, Mário Rodrigues! 69, como diz o matuto, tanto faz de baixo pra cima, como de cima pra baixo, 69. Vou enumerá 9, o anel do contorno, o novo matadouro publico, a nova rodoviária, o centro de convenções, a cidade das crianças, o Ednaldo Lavor, largou a presidência, e da tribuna, acusou os vereadores da oposição de denuncias infundadas que protelam a conclusão das obras, que se estes, tivessem responsabilidade e parassem com isso, de todas as obras do prefeito Agenor Neto, não haveria uma que demorasse 90 dias. Quando o campeão mor da administração, “Construindo o nosso futuro”, levantou-se para fazer uso da palavra. Eu já estava zonzo, meus tímpanos não aguentavam mais o som ensurdecedor de tão imponente matraca. Retirei-me convencido que a razão estava realmente com aqueles Edis, que eu estivera cego ao não reconhecer o céu em que vivera estes últimos seis anos.
Há uns três quarteirões dali, deparei-me com o CEO (Centro de Especialização Odontológica), busquei a recepcionista, contei-lhe que minha pequena Teresinha, de oito primaveras, na mesa a hora do almoço, fazendo carinha de choro, havia me perguntado.
- Papai!? Quando o senhor vai me levar ao dentista?
Contei- lhe então que já havia buscado a agente de saúde Cláudia, que esta me havia aconselhado buscar a sua substituta Tereza, que esta me afirmou, não ter recebido mais os papeis que credibilizavam as consultas. Busquei o posto de saúde, no final da 13 de Maio, me informaram, que o dentista estava de férias. Agora estava ali no CEO, em busca de lenitivo, para minha pequena, com certeza havia terminado a minha peregrinação. Como resposta ouvi:
- Nós temos cinco profissionais dentistas, mas três estão de férias.
- Muito bem, obrigado, ainda restaram dois. Pode a senhora marcar uma consulta para minha pequena?
- Os dois que restaram são a Dra. Fabiana e o Dr. Abner é só atendem pessoas do bairro Flores e Riacho Vermelho.
- Qual o nome dos Doutores que estão de férias ?
- O Dr. Sócrates, o Dr. Leonardo e o Dr. Josinaldo.
- Realmente senhora, no meio de tantos “ grandes “ reconheço estar no céu, qual o seu nome?
- Meu nome, eu não vou dizer não!
Uma senhora que estava ao lado, me afirmou:
- Eu vim, com minha criança, do João Paulo II e também não fui atendida, não.
Saí cabisbaixo, há comparar o céu que os vereadores da situação me afirmavam existir, e o CEO presente, onde me negavam um lenitivo, um atendimento odontológico de urgência a uma pequenita que sofre.
Pensei seguir para a Casa Azul do Iguatu, talvez chegasse nos meus devaneios à Casa Verde de Itaguaí, lá mentecaptos como eu, eram tratados pelo Bacamarte. Se não, continuar sonhando, com o povo em multidão, gritando como conta Machado em O Alienista:
- Devemos acabar com isso!
- Isso não pode continuar assim!
- Abaixo à Tirania!
Tenho Dito
Cícero Correia Lima
Gosto de afirmar que nasci com o Iguatu. Pois que nasci à 27 de Novembro dia em que nos libertamos do Icó e começamos a marchar com as próprias pernas. PARABÉNS IGUATU, PARABÉNS TAMBÉM A MIM, QUE NASCI COM O IGUATU.
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