Além da queda, coice.
E o inimigo venceu. Filho da serrania,
Descendente do sol, que, insaciável, bebia,
Como rubro cauim, todo o sangue da guerra,
- Derrubou, avançando em feroz estrupido,
As tabas, os giraus, as roças do vencido,
Ao fazer, bruto e mau, a conquista da terra!
Eu só queria era ver o prefeito, eu ia perguntar a ele. Agenor, como e
que o senhor quer que o povo viva no Iguatu. Um moto-taxista, não pode
trabalhar, um feirante, não pode trabalhar. Se o senhor quer que os pais de
família, vão roubar, pra dar de comer aos seus filhos, eu não posso fazer isso,
porque eu não tenho coragem, fui criado trabalhando. Há vinte anos, eu vendo
meu peixe, ali, na calçada, próximo ao mercado, desde a primeira
administração do Dr. Hildernando Bezerra, agora o senhor proíbe, expulsa de
lá, eu e mais seis pais de família. Como é que a gente fica?
Foi este desabafo, triste e vergonhoso, que eu ouvi, enquanto vendia
alguns jarros, aquilo era de uma gravidade monstruosa, parei o que estava
fazendo é passei a escutar, com mais detalhes, aquelas afirmações, vindas de
um companheiro de partido, petista como eu. Aquelas palavras, vinham
acompanhadas de algumas teimosas lágrimas, que ele tentava esconder,
coçando os olhos.
- Encosta esta bicicleta ai, Assis Cabral, desce, toma um café comigo, conta
isso direito.
- ...
Além da queda, o coice. Foi este o meu diagnóstico. Em dezembro de
2010, a 21 do mês, aquele Homem, havia sido atingido, naquilo que todos
temos de mais sagrado, seu filho Daniel, um jovem de 16 anos, depois de
passar mal, a noite, na praça da Matriz, local onde a Prefeitura Municipal
promovia o NATAL DE LUZES, foi levado para o Hospital Regional. Avisado do
acontecido, correu em socorro do seu filho, buscou o médico plantonista:
-Dr. Mauro, isso foi uma maldade que fizeram com meu filho.
Ele , com o dedo , nas minhas ventas.
-Seu filho, estar e bêbado !
-Doutor, se o senhor, não tiver condições de tratar do meu filho, libere meu
filho, não deixe ele morrer a míngua, não!.
-Seu filho, estar é bêbado!
Se ausentado, em seguida.
Ainda pela madrugada, por volta das 5.30 h, ao ouvir as queixas e lamentações
do tio do paciente, o Sr. Messias que presenciou o jovem a noite toda
vomitando sangue, sem um atendimento. O Dr. Vilmar , alterou-se:
-Como doutor, eu estudei. Mas como homem, eu sou igual a você. Quer ver,
venha!
Por volta das 12 h, daquele dia, passou chorando na minha calçada, trazia nas
mãos, um par de chinelas japonesa:
-Neto Braga, eu venho da delegacia , fui abri um boletim de ocorrência, que o
médico mandou.
E levantando as chinelas;
-Olha aqui, foi tudo que sobrou do meu filho! Meu filho morreu! morreu Neto
Braga!
De dezembro até hoje, foram inúmeras as vezes que buscou das
autoridades constituídas o motivo da causa da morte de seu filho, e ate este
momento, cinco meses se passaram, e nada foi esclarecido. A quem interessa
isso. A prefeitura, por ser a responsável pela festa?
Ao Hospital Regional , por ter sido negligente?
Ao gestor público Municipal, por ser o responsável direto, pela praça e pelo
Hospital?
Agora estava ali, em minha frente, um Homem, tão espremido pelo
poder público municipal, que estava em vias de vira suco. Quem respondera
pelo futuro que ora se desenha, naquele coração. Estas famílias, que a
administração CONSTRUINDO O NOSSO FUTURO atira a miséria, são carne
de nossa carne, sangue do nosso sangue, são nossos comuns. Está na ora já,
dos demais poderes, frearem este cancro .
Tenho dito.
Cícero Correia Lima .
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