Filhos de Chocadeira

13 de mar. de 2010

“ Enquanto a espada da ambição não for quebrada, nenhum homem, em nenhuma parte do mundo,estará a salvo,nenhum governo estará firme, e o sonho dos justos, um sonho de liberdade e esclarecimento, terá que ser sonhado nas celas das prisões e na solidão mais escura.”

No momento em que deito a caneta sobre esta folha de papel sem pauta, e saio a divagar sobre o momento político em nossa terra,está completando um mês , são exatamente trinta dias, do ocorrido crime de seqüestro e tortura ...crimes de natureza hedionda, crimes contra a humanidade.Rememoro a ultima sessão do legislativo municipal, havia lá uma convidada especial, para o evento, a vereadora do Juazeiro do meu padrinho Cícero, Maria de Fátima (Mara), segundo a mesma, estava ali para falar de política, então exortou as mulheres a ocuparem os espaços que estavam surgindo, neste novo instante da humanidade, nominando o espaço por ela preenchido na política, espaço este , garantido por nossas leis, 30% dos nomes escolhidos pelos partidos políticos, para disputarem eleições, obrigatoriamente,
devem ser ocupados por nomes femininos.Mas infelizmente,segundo ela, dificilmente isto acontece.

A Casa do Povo, estava repleta de mulheres de todas as idades, alturas e manequins. Entre elas as secretarias do município Francígleuba, Célia e Diana de Finanças e Planejamento, Assistência Social e cultura respectivamente. A sessão se prolongou mais do que o esperado, dado aos exaustivos índices, planilhas,resultados, ali apresentados.Nomes que ficaram gravados na historia da pátria e da humanidade, foram ali citados , como Ana Neri (Enfermeira, Heroína na guerra da Independência ), Chiquinha Gonzaga, Maria da Penha, Leila Diniz.

Violência, violência, violência foi a palavra que mais se ouviu, em todos os discursos, violência contra as mulheres, no comercio, nas indústrias, no campo, nos lares, em todos os segmentos, sempre a violência contra as mulheres. No instante, foi lembrado a violência, praticada pelos patrões no ano de 1857, na cidade de Nova York, quando mais de 100 mulheres, foram trancafiadas dentro de uma fabrica, e nela incineradas, pelo grande, o supremo crime, de lutar pelos seus direitos, como salário digno, diminuição da jornada de trabalho, enfim, um pouco de liberdade, tão necessária, ainda hoje, em nossa terra, era o dia 08 de março, daí o dia internacionalmente lembrado, das mulheres.

Os vereadores, na sua maioria, se mostraram solidários e rendidos aos encantos e a sedução do sexo frágil, o Edil Jarim, cumprimentou a todas, na pessoa de sua tia, ali presente: Quero neste momento, parabenizar a todas as mulheres, na pessoa de minha tia, que a mais de 10 dias eu não via.Esta ali na frente, com a pele tão limpa, tão clara, com certeza, esta fazendo tratamento de beleza com óleo de verdura.

O vereador Rubenildo, lembrou as mulheres anônimas...

Segundo o presidente da mesa Ronald Bezerra: O prefeito Agenor Neto, já havia reconhecido este valor, nas mulheres, tanto que, no primeiro escalão, junto ao prefeito dos 14 nomes, 8 eram mulheres, Benildes Uchoa, Patrícia, Juliana ...

Os discursos que se seguiam, seguiram todos o mesmo rumo. Ninguém citou o nome das 04
mães, que certamente, têm o coração aberto em feridas, pelos chutes, pontapés e acoites, que rasgaram as carnes dos seus filhos. Ninguém, lembrou da violência maior, acontecida agora, a tão pouco tempo, que feriu mulheres, certamente avós, irmãs, filhas, mães. Qual será o supremo, o heróico ato da mulher, ser comerciante, comerciaria, medica, advogada, engenheira... ou ser mãe, não é neste instante supremo, o gozo infindo da mulher, ao se igualar ao próprio Deus, ao dar a vida. Seriam aqueles 5 jovens, filhos de chocadeira?! Foi a pergunta que me fiz, não deviam estar naquele instante, para um desagravo moral, as mães das 05 vitimas de seqüestro e tortura, não era essa a obrigação da Câmara Municipal, onde estavam os vereadores que compõe a Comissão de direitos Humanos, naquela casa?

Foi por isto que me levantei do auditório, onde estava e invadi o espaço reservado aos vereadores, pedi ao Mario Rodrigues, que no seu discurso lembrem-se aquelas mães.

Para reverter este quadro, primeiro se faz necessário, romper com o sistema capitalista reinante em nossa pátria, matando a ambição no nosso coração. As mulheres ali presentes, eram quase, na sua totalidade, mães. Rezo a Deus, que nunca, vejam seus filhos em igual situação, mas o cenário é o mesmo, são as mesmas mulheres, o mesmo Iguatu e segundo o refrão: Quem ver as barbas do vizinho pegando fogo, põe logo a sua de molho.

Neste instante presto a minha homenagem a uma mãe amantíssima que teve sempre feridas
abertas no seu coração, pelas pedradas que o mundo atirava nos seus. Estou falando, da Sra. Maria Conceição Silva Barbosa, falecida a exatos 10 anos. A esta mãe graciosa e a todos as mulheres da família Barbosa, Parabéns pelo dia internacional da mulher.

Tenho Dito
Cícero Correia Lima.

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