COMO E DURO ENVELHECER

1 de jun. de 2009


“Pela primeira vez, depois de setenta anos de idade, compareço perante um tribunal.



Toinha, nascida a 25 de novembro de 1930, no sitio Cana-Braba, município de Cariús, nas terras do Sr. Dionízio Martins e da Sra. Vitória, sua mãe a Cristina já servia aquela casa como lavadeira e engomadeira, abandonada pelo pai Gregório, só lhe restou e aos irmãos a servidão. Com idade de 10 anos, foi trazida ao Iguatu para servi na casa da filha do patrão a Sra. Joana, recém casada com o Sr. Irineu Alves. Viu o mar pela primeira vez, quando o Dep. Perick Gomes de Araújo ao assumir a cadeira na assembléia em Fortaleza, precisou de uma babá para seu filho, hoje Dr. Perick, daí para frente, pegou fama de cozinheira de mão-cheia, servindo sempre as famílias do Iguatu, tradicionais famílias, como as do Sr. Brás Papaléo, Maurício Mendonça, Jader Matos, Dr. Hernandes A. Alves, Otávio Nascimento, José Correia Braga, Sídio Alves, Dr. Edmilson Mendonça e tantas outras que a memória não alcança, quando a velhice chegou, já sentindo as forças lhe fugirem, sem nunca ter tido tempo para formar sua própria família, sem ter um marido, filhos, netos a lhe apararem, refugiou-se com a sua solidão num quartinho, que a 42 anos lhe serve de abrigo, num triste beco, não fosse ainda um casarão a rua da mangueira, mas um quartinho onde tencionava morrer. Mas, nem isso lhe foi permitido, pois agora na idade de 79 anos, recebeu ordem de despejo do judiciário Brasileiro ,com prazo fixo para “degola”, marcaram para o dia 20 de março , a data para voltar a aplicar a pena de morte na Pátria Brasileira, pois não é menos que isto, despeja uma anciã de 79 anos de idade , de um quartinho que lhe serve de castelo há 42 anos (o pouco com Deus é muito). O motivo para tal atrocidade , é uma ação movida pelo Sr. Teté Dias, um dos “maiores” proprietários de imóveis em nossa terra, e que deve tudo que possui ou quase tudo ao Estado Brasileiro, que no governo do Sr. Presidente João Batista de Oliveira Figueiredo perdoou as dívidas dos agricultores do semi-árido nordestino, conseqüentemente as do Sr. Teté Dias, que de lá para cá , esqueceu o que é ser pobre e agora se dá ao disfrute de crucificar senhoritas, a exemplo disto , a senhorita Toinha, que agora na velhice não vê dentre os tantos que serviu, ninguém a defende-la.

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