Troféu Anteu
Ao gigante filho da terra do Cruiri
Apoio: Prefeitura de
um novo tempo
Associação dos Idosos de Santa
Edwiges
Secretaria de Desenvolvimento Agrário
do Governo do Estado (SDA)
Agropolos
Agricultor Alfredo Barbosa da
Silva , filho do casal Honório Barbosa da Silva e Maria Gloria Passos, nasceu dia 25 de agosto de 1925, tendo como irmãos : José Honório Barbosa,
Lauro, Augusto, André, Maria Nazaré, Santaninha Barbosa.
Meu pai quando jovem foi conhecer
as terras do Amazonas ainda solteiro, fez duas viagens para lá, na terceira já foi
casado levando também o meu primeiro irmão, José Honório, foi corrido pela seca
de 1915, aqui não tinha nada, nem tinha de onde chegar, podia até ter o
dinheiro, mas não tinha de onde comprar. Papai toda vida teve muita saúde,
nunca ficou enjoado nos trinta dias de viagem mar adentro até Manaus, mamãe passou os trinta dias da viagem deitada, se
levantasse caía de tontura, embriagada pela maré. Quando resolveu ir com a
família para o Norte, já havia perdido todo o seu rebanho de fome, até cavalo
que lhe servia de montaria já havia
morrido. Lá papai arranjou condições, muito trabalhador, fabricava o açúcar mascarém, um açúcar preto,
mas muito temperador, fazia farinha,
plantou o café, arranjou condições financeiras e comprou um terreno aqui no sítio
Cruíri, onde estou até hoje, na época era 200 tarefas de terra, ia até o barro
vermelho já na Varjota. Mas perdeu dois filhos lá, o Paulo e o João, ainda
crianças de três, quatro anos, de maleita, uma febre doida transmitida pelo
besouro da grande floresta. Já morando aqui no Iguatu, afirmava que o Amazonas
era a terra de se viver, muita caça, muitos peixes, muitas frutas da floresta.
Aí decidiu voltar, mas mamãe foi contra e lhe disse:
- Eu não queria mais voltar, lá nunca tive
saúde, lá perdi dois filhos nossos, não tenho boas lembranças do Amazonas.
E assim, papai decidiu ficar. Já
nasci aqui no ano de 1925, o quinto filho da família, minha infância foi de
muita brincadeira, não existia os brinquedos de hoje, brincávamos com pedras,
cacos de telha, tijolos, pedaços de madeira, cavalo de pau, eu e meus irmãos
André e Augusto. Com idade de seis anos já estava, justamente com meus irmãos,
dentro de uma roça arrancando o mato do pé do arroz com as mãos, era uma praga
de passarinhos arrancando o arroz na cova,
aí tínhamos que ficar pastorando com uma
funda, atirando pedras nos cabeças vermelho, nos casaca , não havia o pássaro
preto atacando o arroz no cacho, essa praga apareceu depois. Comecei a estudar
juntamente com meus irmãos aqui no Iguatu, a escola ficava aqui no bairro São
Sebastião, na esquina de onde está a Casa de Saúde, víamos a pé, juntamente com
as filhas de Vicente Braga, Teresinha, Anita e Zenor, aqui não havia quem ensinasse o quarto
e quinto ano, chamavam de caco de cuia, porque era muito atrasado, foi o Dr.
Gouveia que mandou buscar em São Paulo, duas professoras, a Sra. Eugênia e a Sra.
Iracema, a Eugênia foi minha professora no quarto ano e a Iracema no quinto
ano.
Com idade de 16 anos perdi meu
pai, ficando a frente de seu rebanho, que se resumiam a umas quinze cabeças de
gado, nunca quis vir para o comercio como o Augusto e o Lauro. Sempre fui feliz
nesta luta com o gado e com a roça, ficamos na luta da terra eu e o André.
Casei-me com a seca, no
finalzinho do ano de 1957, já entrando o ano da seca grande de 1958, eu tinha
umas 60 vacas paridas, vacas leiteiras, tive que vender todas para o
Cavalcante, que as levou para o Maranhão, mas fiquei com a mulher, Francisca
Alexandrina Barbosa, que é mãe de seis filhos meus: A Maria Glauca Barbosa,
Maria Aglaene, Maria Gleuba, Maria Aglaíce Barbosa, Maria Glivia, José
Glauberio Barbosa.
A luta começava cedo, às duas
horas da manhã já estava no curral, tirava aproximadamente 200 litros de leite,
com as duas mãos, sozinho no curral, em qualquer tempo, estivesse chovendo ou
não, mas as 6 horas da manhã já havia terminado a luta com o gado e ia cuidar
da roça, era como cantiga de grilo, dia e noite, noite e dia. Eu vim parar de
trabalhar a seis anos, devido ao meu problema de saúde, o espinhaço dói muito,
a coluna arriou. Mas estou perdendo é tempo deveria estar estudando, todo tempo
é tempo, já teria me formado em medicina, uma formatura que presta, o resto é
conversa. Graças a Deus sou feliz em tudo e por tudo, graças a Deus nunca me
faltou a comida, o vestir, o calçado, um cavalo baixeiro, bom de galope para
meu transporte. Só sinto falta de não
poder mais trabalhar, mas tá no tempo tenho 94 anos.
Legítimo de Braga.
0 comentários:
Postar um comentário