MATRIARCA.
Majestosa solenidade a seção na qual o chefe do legislativo municipal, o nobre vereador Airton Lavor, resolveu homenagear Homens públicos desta terra que por aquela casa passaram. A solenidade aconteceu na noite de 17 de dezembro, próximo passado, com a presença de grande numero de Iguatuenses. Foi ali inaugurada a galeria dos ex. presidentes da câmara municipal de Iguatu, com seus respectivos vereadores, intendentes, prefeitos e vice - prefeitos . Na ocasião também homenageou-se com a comenda Padre Antonio Vieira, os senhores doutores: Hildernando Bezerra, Alder Teixeira e Paulo de Tarso. O maior agraciado da noite, representado ali, pelos filhos que se fizeram presentes: Luis Lavor, Chico Lavor e Dr. Rui Lavor, foi o saudoso vereador Antonio Holanda Lavor, reconhecimento merecido, imortalizado no bronze. O seu busto a entrada da galeria, e o seu nome dado a casa, foi um paliativo, verdadeiro balsamo, com que o legislativo municipal tenta curar antigas feridas, por ventura já cicatrizadas da família Holanda Lavor.
Entre os oradores que ocuparam a tribuna, todos eles teceram comentários elogiosos a pessoa do Sr. Airton Lavor, pela sua iniciativa. Outra pessoa, também lembrada pelo próprio presidente, foi Sra. Erotides Helena Silva, primeira vereadora daquela casa, lá pelos idos anos cinqüenta. Além do seu pioneirismo na política, foi também a primeira mulher a dirigir um veiculo automobilístico em nossa terra, atributos elogiáveis hoje, mas na época, censuráveis em uma mulher.
Eu estava quieto em meu canto, acompanhando a minha mãe a Sra. Teresinha Ferreira Braga, também de uma certa forma, homenageada naquela noite, por ser ela viúva do Edil José Correia Braga Filho. Depois que findaram os discursos, onde tantos que tem o dom da palavra, usaram-na fluentemente, fiquei com uma sensação de vazio, como se alguma coisa estivesse faltando. Só então me apercebi que nenhum dos que fizeram uso da palavra naquela tribuna, tinham se referido a verdadeira heroína daquela historia, a uma mulher que viúva e jovem com uma prole numerosa de seis filhos crianças: Luiz, Chico, Arnobio, Estenio, Rui e Maria Luiza, transformou - se na base daqueles filhos órfãos, num verdadeiro chefe de família, enfrentando as dificuldades do dia a dia, com muito trabalho em uma pequena maquina de costura onde ficava por vezes, ate alta madrugada. Sem revolta – se com o destino, sempre forte, sempre determinada, com muita confiança em Deus e no futuro dos seus filhos. Esta heroína, que viu formarem - se três dos seus filhos e viu todos eles crescidos e respeitados chefes de família. Esta heroína, que tão valentemente viveu e que foi sempre vitima do “destino”, da ganância, pelo poder, da sede desenfreada do lucro. Esta heroína sucumbiu, em sua residência, alta noite, quando dormia com sua querida filha Maria Luiza e uma neta sua ainda criança, depois de uma estrondosa explosão. Vitima por duas vezes de um “ destino “ cruel a minha “madrinha” Neuza, foi naquela noite mais uma vez deixada para traz, por uma sociedade machista, que não reconhecem nunca os valores da mansidão, da coragem, do trabalho, do desassombro, do amor, quando em uma mulher. Neste instante, faço uma homenagem justa a todas as mulheres desta terra do Iguatu, na pessoa da Sra. Maria Neuza Cacalcante, todas as mulheres que por necessidade se fizeram fortes para criarem e educarem seus.
Não fosse isto, e a festa para mim, não teria deixado nada a desejar, com a distribuição farta de salgadinhos, refrigerantes, muita confraternização entre os filhos da terra, em época tão propicia. Agradeço de publico o convite do Presidente do legislativo municipal a minha casa e a sua iniciativa louvável de reforma e ampliação do edifício do legislativo, na qual, segundo ele próprio afirmou, foi gasto R$ 200.000,00 ( duzentos mil reais ). Mas já foi dito, que essa coluna é como gato que só acaricia arranhando. Portanto faço minhas as palavras do príncipe de Orange ao Conde de Horn, as portas de Bruxelas:
Adieu, Comte sans terre!
( Adeus, Conde sem terra! )
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