Legitimo de
Braga
do alto ... da chapada
“ ... aprendiam a ler,
escrever, a contar, gramática, historia sagrada, culinária, trabalhos de agulha
e de engomar... todos os anos, a princesa Isabel enviava à Roda dos Expostos
baús contendo vestimentas feitas por suas próprias mãos.
( O Xangô de Baker Street )
Comemorou-se a oito de março com
grande pompa e circunstancia O Dia Internacional
da mulher,
homenagens foram prestadas a estas em várias áreas onde tem atuado com
destaque: comercio, profissionais liberais, imprensa, política. Elogios foram
feitos a emancipação feminina, a igualdade de sexo e a outras “VITORIAS” que segundo a sociedade tem
estas alcançado ao longo destes quase cem anos de lutas. A rede globo mostra
com naturalidade e complacência dos pais a união de duas mulheres na sua novela
de horário nobre “SENHORA DO DESTINO”
vemos na mesma novela a delicadeza comum as mulheres, imperar em um
carnavalesco que entre as preocupações com a escola de samba e a sua maestral
apresentação, não se descuida nunca de um Turcão, “para as suas horas de intimidade.
Eu me ponho a pensar e a observar meus filhos ainda no berço dormindo ali em
frente a televisão,e me pergunto se não estamos pagando muito caro por estas
mal cantadas “Vitórias”. Acredito
mesmo, que um navio não pode ter dois
capitães. A única vitória verdadeira das mulheres é seguir ao senhor Jeová
quando ordenou: E o teu desejo será para teu marido e ele te dominará. A
verdadeira mulher é aquela companheira que ajuda-nos a construir um lar e nos
faz criticas construtivas para o engrandecimento moral do casal.
Transcrevo aqui um dialogo de
Humberto de Campos, escrito nas primeiras décadas do século XX, bem nos
primórdios destas lutas tão propagadas da mulher:
“ _ Oh que surpresa feliz”! A menina por aqui?
_ È verdade. Parece ate de
propósito.
_ Parece mais não é. É que Deus sendo velho protege os
velhos... Mas, vem agora do seu emprego? Ah! Como eu admiro a mulher que
trabalha, que luta pela vida a semelhança da minha amiguinha!
E olhe que nós, as mulheres,
temos direito a essa admiração. A peça que os senhores homens nos pregaram
deixando-nos e por onde queríamos, não foi uma das menores, por minha parte
muito obrigada!
_ Mas senhorita o trabalho eleva
e dignifica a mulher. A frase não é minha, mas é tão verdadeira quanto idiota.
Hoje economicamente há igualdades de sexos! A minha amiguinha mesmo não estar
fazendo concorrência aos homens em uma casa comercial? Não é uma conquista?
_ O senhor quer escutar-me com
atenção durante cinco minutos?
_ Não estou aqui para outra
coisa. Para ouvi lhe a voz, irei ao fim do mundo.
_ Não quero tanto. Basta que
vá ate o Largo do Machado...
_ Fale.
_A Mulher esta sendo mais uma vez,
vitima de sua boa fé, e da sua irremediável ingenuidade. Nós vivíamos outrora,
no lar, como escravas de um homem que era pra nós o pai, o irmão ou o marido.
Entendemos que isso era um cativeiro, uma escravidão humilhante. Quisemos sair
pra rua, a fim de conquistar o nosso pão, e os senhores homens concordaram. Mas
qual a nossa situação aqui fora, especialmente no comercio, senão de escravas
do homem? O senhor não é mais o pai, o irmão, o marido, mais é pior por que é
um estranho, o nosso patrão, os nossos colegas masculinos.
_ A senhorita exagera. Talvez
esteja um pouco nervosa, com o calor que teve durante o dia...
_ Não faça pilheria. Examinemos o
caso como ele exige... A mulher trabalha em um escritório comercial, tanto
quanto um homem não é verdade?
_ As vezes mais.
_ Tem quase sempre aptidões
iguais a seus colegas masculinos, não é certo?
_ As vezes maiores.
_ Pois bem: Onde o senhor já viu
uma mulher ser distinguida num estabelecimento com um lugar de relevo?... E se
os comerciantes nos dão emprego é defendendo os seus próprios interesses: É
porque nós mulheres, trabalhamos mais, melhor e mais barato do que os homens,
Por isso e nada mais.
_ ...
_ ...
Bem, admitamos que assim seja. A
mulher veio trabalhar no comercio para libertar-se do cativeiro do lar. Um
empregado homem, namora a filha do patrão, e casa. Passa a sócio da empresa.
Uma empregada mulher, namora o filho do patrão, e casa-se. Que acontece? Passa
a sócia da casa? Nada disso! Um vez casada, o esposo a arranca do comercio, e a
leva para casa outra vez, tornando-se ela assim, depois de muito
sacrifício, precisamente aquilo
que não queria ser: Escrava do marido!
_ Lá isso é.
_ Isso quando se trata de
escritório, que é, no comercio, onde vive a aristocracia da classe. No balcão,
é mil vezes pior.
_ Pior?
_ E então? Já observou o senhor a
vida de uma vendedora? Já imaginou o que é, para uma criatura quase sempre
frágil, alimentando-se mal, permanecer
de pé desde as sete e meia da manhã as sete da noite? Já viu o senhor alguma de
nós sentada dentro do balcão, tenhamos ou não fregueses a servir? E para ganhar
quanto? Duzentos mil réis, algumas vezes um pouco mais, e outras um pouco
menos! Isso então é o que se chama EMANCIPAÇÃO DA MULHER ? Um cativeiro novo, é o que isso é. E pior que
o antigo fique sabendo o senhor.
_ Mas senhorita Irene, as
senhoras hoje são felizes... Comem o seu pão, não são pesadas a ninguém... E envelhecem
em liberdade.
_ Envelhecemos? Ah! Felizmente,
isso não acontece conosco... Cada uma de nós tem uma grande amiga que nos
assegura a liberdade, ou melhor, a libertação. E essa amiga sabe onde está?
Esta aqui, no fundo do peito.
_ No coração?
_ Não, no pulmão...
_ Tossiu devagarzinho. Levou o
lenço à boca miúda e linda. Olhou-o. Havia uma nodoazinha vermelha.
_ É o rouge?
_ Não...é a vida.
Tenho dito
Cícero Correia Lima
Secretario do Meio
Ambiente do PT
PUBLICADA N
A FOLHA DO COMERCIO. EM 12 DE
MARÇO DE 2005
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