EVA

8 de mar. de 2013


                                      Legitimo de Braga
                                    do alto ... da chapada
                                           

      “ ... aprendiam a ler, escrever, a contar, gramática, historia sagrada, culinária, trabalhos de agulha e de engomar... todos os anos, a princesa Isabel enviava à Roda dos Expostos baús contendo vestimentas feitas por suas próprias mãos.
                                                                               ( O Xangô de Baker Street ) 

Comemorou-se a oito de março com grande pompa e circunstancia O Dia Internacional da mulher, homenagens foram prestadas a estas em várias áreas onde tem atuado com destaque: comercio, profissionais liberais, imprensa, política. Elogios foram feitos a emancipação feminina, a igualdade de sexo e a outras “VITORIAS” que segundo a sociedade tem estas alcançado ao longo destes quase cem anos de lutas. A rede globo mostra com naturalidade e complacência dos pais a união de duas mulheres na sua novela de horário nobre “SENHORA DO DESTINO” vemos na mesma novela a delicadeza comum as mulheres, imperar em um carnavalesco que entre as preocupações com a escola de samba e a sua maestral apresentação, não se descuida nunca de um Turcão, “para as suas horas de intimidade. Eu me ponho a pensar e a observar meus filhos ainda no berço dormindo ali em frente a televisão,e me pergunto se não estamos pagando muito caro por estas mal cantadas “Vitórias”. Acredito mesmo,  que um navio não pode ter dois capitães. A única vitória verdadeira das mulheres é seguir ao senhor Jeová quando ordenou: E o teu desejo será para teu marido e ele te dominará. A verdadeira mulher é aquela companheira que ajuda-nos a construir um lar e nos faz criticas construtivas para o engrandecimento moral do casal.
Transcrevo aqui um dialogo de Humberto de Campos, escrito nas primeiras décadas do século XX, bem nos primórdios destas lutas tão propagadas da mulher:
  “ _ Oh que surpresa feliz”! A menina por aqui?
_ È verdade. Parece ate de propósito.
_ Parece  mais não é. É que Deus sendo velho protege os velhos... Mas, vem agora do seu emprego? Ah! Como eu admiro a mulher que trabalha, que luta pela vida a semelhança da minha amiguinha!
E olhe que nós, as mulheres, temos direito a essa admiração. A peça que os senhores homens nos pregaram deixando-nos e por onde queríamos, não foi uma das menores, por minha parte muito obrigada!
_ Mas senhorita o trabalho eleva e dignifica a mulher. A frase não é minha, mas é tão verdadeira quanto idiota. Hoje economicamente há igualdades de sexos! A minha amiguinha mesmo não estar fazendo concorrência aos homens em uma casa comercial? Não é uma conquista?
_ O senhor quer escutar-me com atenção durante cinco minutos?
_ Não estou aqui para outra coisa. Para ouvi lhe a voz, irei ao fim do mundo.
_ Não quero tanto. Basta que vá  ate o Largo do Machado...
_ Fale.
_A Mulher esta sendo mais uma vez, vitima de sua boa fé, e da sua irremediável ingenuidade. Nós vivíamos outrora, no lar, como escravas de um homem que era pra nós o pai, o irmão ou o marido. Entendemos que isso era um cativeiro, uma escravidão humilhante. Quisemos sair pra rua, a fim de conquistar o nosso pão, e os senhores homens concordaram. Mas qual a nossa situação aqui fora, especialmente no comercio, senão de escravas do homem? O senhor não é mais o pai, o irmão, o marido, mais é pior por que é um estranho, o nosso patrão, os nossos colegas masculinos.
_ A senhorita exagera. Talvez esteja um pouco nervosa, com o calor que teve durante o dia...
_ Não faça pilheria. Examinemos o caso como ele exige... A mulher trabalha em um escritório comercial, tanto quanto um homem não é verdade?

_ As vezes mais.
_ Tem quase sempre aptidões iguais a seus colegas masculinos, não é certo?
_ As vezes maiores.
_ Pois bem: Onde o senhor já viu uma mulher ser distinguida num estabelecimento com um lugar de relevo?... E se os comerciantes nos dão emprego é defendendo os seus próprios interesses: É porque nós mulheres, trabalhamos mais, melhor e mais barato do que os homens, Por isso e nada mais.
_ ...
_ ...
Bem, admitamos que assim seja. A mulher veio trabalhar no comercio para libertar-se do cativeiro do lar. Um empregado homem, namora a filha do patrão, e casa. Passa a sócio da empresa. Uma empregada mulher, namora o filho do patrão, e casa-se. Que acontece? Passa a sócia da casa? Nada disso! Um vez casada, o esposo a arranca do comercio, e a leva para casa outra vez, tornando-se ela assim, depois de muito
sacrifício, precisamente aquilo que não queria ser: Escrava do marido!
_ Lá isso é.
_ Isso quando se trata de escritório, que é, no comercio, onde vive a aristocracia da classe. No balcão, é mil vezes pior.
_ Pior?
_ E então? Já observou o senhor a vida de uma vendedora? Já imaginou o que é, para uma criatura quase sempre frágil,  alimentando-se mal, permanecer de pé desde as sete e meia da manhã as sete da noite? Já viu o senhor alguma de nós sentada dentro do balcão, tenhamos ou não fregueses a servir? E para ganhar quanto? Duzentos mil réis, algumas vezes um pouco mais, e outras um pouco menos! Isso então é o que se chama EMANCIPAÇÃO DA MULHER ?  Um cativeiro novo, é o que isso é. E pior que o antigo fique sabendo o senhor.
_ Mas senhorita Irene, as senhoras hoje são felizes... Comem o seu pão, não são pesadas a ninguém... E envelhecem em liberdade.
_ Envelhecemos? Ah! Felizmente, isso não acontece conosco... Cada uma de nós tem uma grande amiga que nos assegura a liberdade, ou melhor, a libertação. E essa amiga sabe onde está? Esta aqui, no fundo do peito.
_ No coração?
_ Não, no pulmão...
_ Tossiu devagarzinho. Levou o lenço à boca miúda e linda. Olhou-o. Havia uma nodoazinha vermelha.
_ É o rouge?
_ Não...é a vida.

                                               Tenho dito
                                    Cícero Correia Lima
                       Secretario do Meio Ambiente do PT

PUBLICADA N


A FOLHA DO COMERCIO. EM 12 DE MARÇO DE 2005

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