EDUCAR
Me ajude!
Foi este apelo, gritado pelo Sr. Valério, que me levou a reunião de pais
de alunos , naquela terça-feira , 23 de março, as 4h da tarde, no colégio
Adahil Barreto. A matéria em pauta, segundo a Sra. Josineide, representante
do conselho escolar, eram as...acusações feitas a diretora daquele
estabelecimento de ensino, em veiculo de comunicação local, sobre o fato
da mesma , autorizar a venda, a comercialização de merendas , em sala da
aula , em horário letivo, além da suspeita de serem usadas na confecção
destes quitutes, matéria prima desviada do programa do governo federal para
alimentação escolar. O discurso que se ouviu, foi de rejeição ao Sr. Valério,
pela gravidade da acusação, pela irresponsabilidade do mesmo, pois não tinha
como provar o que disse. Verberando a necessidade de se punir de o autor
de tais acusações, com a proibição definitiva, dele próprio, vender os seus
petiscos, as suas guloseimas em tal estabelecimento de ensino.
Depois do discurso, foi oferecido o microfone aos pais de alunos, numa media
de 70 a 80 pais, nenhum fez uso da palavra, permanecendo o silencio que
antecede os enforcamentos. Quando se preparavam para o grande final,
entregando a responsabilidade aos pais de alunos por aquela atrocidade,
por aquela covardia, através do voto. Ergui o braço, pedi a palavra e fiz este
discurso:
Sra. Luziene, Sra. Josineide.
Eu estou lembrando agora, acredito ter lido em Humberto de Campos, de uma
abelha que persegue as pessoas que choram, procurando tirar dessa secreção
o liquido de que deve fabricar o seu mel. É esse pequenino inseto que me
vem a lembrança, agora analisando o ocorrido com Dona Preta, com seu
esposo Valério. Este casal, tem dois filhos e dois netos que freqüentam este
estabelecimento de ensino, os quatros, sentam juntos, lado a lado, com nossos
filhos, com nossa filhas, dos sete filhos deste casal, todos estudaram nesta
escola. Tem eles mesmo, 20 anos que trabalham no ramo da alimentação
escolar, 20 anos, que tem o testemunho do próprio Dr. Raimundo Felipe, um
dos primeiros diretores deste colégio, e nunca, nenhuma direção encontrou
erro, nesta família.
Temos que encontra uma maneira para que todos trabalhem, em perfeita
harmonia. Não vamos aqui tira o pão de cada dia do lar do Sr. Valério e
de Dona Preta, trazendo a inquietação, o susto, o gemido a esta família.
Lembremo-nos, que estamos num ano que se prenuncia seca no sertão e isto,
ate ontem, era sinônimo de morte, como canta Patativa do Assaré:
Eu vou contá uma histora
Que eu não sei como comece,
Pruquê meu coração chora,
A dô no meu peito cresce,
Omenta o meu sofrimento
E fico uvindo o lamento
De minha arma dilurida,
Pois é bem triste a sentença
De quem perdeu na isistença
O que mais amou na vida.
Já tou velho, acabrunhado,
Mas inriba dêste chão,
Fui o mais afortunado
De todos fios de Adão.
Dentro da minha pobreza,
Eu tinha grande riqueza:
Era uma querida fia,
Porém morreu muito nova.
Foi sacudida na cova
Com seis ano e doze dia.
Morreu na sua inocença
Aquêle anjo incantadô,
Que foi na sua isistença,
A cura da minha dô
E a vida do meu vivê.
Eu bejava, com prazê,
Todo dia, demenhã,
Sua face pura e bela.
Era Ana o nome dela,
Mas, eu chamava Nanã
Mas, neste mundo de Cristo,
Pobre não pode gozá.
Eu, quando me lembro disto,
Dá vontade de chorá.
Quando há sêca no sertão,
Ao pobre farta feijão,
Farinha, mio e arrôis.
Foi isso que aconteceu:
A minha fia morreu,
Na sêca de trinta e dois.
Vendo que não tinha inverno,
O meu patrão, um tirano,
Sem temê Deus nem o inferno,
Me deixou no desengano,
Sem nada mais me arranjá.
Teve que se alimentá
Minha querida Nanã,
No mais penoso matrato,
Comendo caça do mato
E goma de mucunã.
E com as braba comida,
Nanã foi, naquele dia,
A Jesus mostrá seu riso
E omentá mais a quantia
Dos anjo do Paraíso.
Na minha maginação,
Caço e não acho expressão
Pra dizê como é que fico.
Pensando naquele adeus
E a curpa não é de Deus,
A curpa é dos home rico.
Somos todos filhos da necessidade, ao contrario disto, nossos filhos estariam no
colégio Pólos, na escola Modelo. Devemos ter a responsabilidade do exemplo,
somos todos espelhos, é a nós outros, que os nossos filhos vão imitar.
Deva haver a concorrência, como em todo o comercio, nos preços, na qualidade,
para benefício de nossos filhos.não uma concorrência desleal, impondo barreiras
intransponíveis, seja a Dona preta , seja a seu Valério , seja a qualquer pai , que
necessite, que busque a ajuda, o apoio desta direção.
Feita a votação, a grande maioria levantou os braços em apoio ao casal Valério e
Preta, ficando decidido naquela assembléia, que no dia seguinte, seria franqueada
a entrada daquele casal para vender as suas guloseimas pontualmente as 9h, que
no mesmo horário a Sra. Luziane, faria o mesmo.
O que foi feito depois disto, não vale a pena contar, não tem graça.
Tenho dito .
Cícero Correia Lima .
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