“os caminhos são seguidos pelos homens, mas quem os abre é Alá, todo misericordioso“.
Não tendo honras de sargento como o bom português Santo Antonio. Nem por isso deixou de ser santo e militar o nosso Antonio. Nascido em 03 de setembro de 1961, chamava-se Antonio Moreira do Nascimento, mas pela índole pacifista, pelo temperamento calmo, levando tudo na brincadeira, sorrindo sempre, em qualquer circunstancia, sem se ferir, sem se alterar por nada, era em verdade, um manso, daí o seu apelido desde pequeno santo, Santo Antonio. Lembro ainda das nossas idas felizes quando criança, ao antigo cinema de nossa terra, cine Alvorada e das gargalhadas que dávamos, quando no silêncio, nascido da atenção dada ao filme e da natural escuridão do recinto, ouvíamos o pedido do nosso bom Antonio , adormecido: Mãe huu, traz o lençol Em 1985 sentou praça na Policia Militar do Piauí, seguindo os passos do seu irmão Gilmar. No ano de 1999, alguns militares, filhos desta terra, foram acusados de inomináveis crimes no Piauí. Sobre o nosso bom Antonio , nunca, nem uma leve suspeita.
Quando no sábado passado, a comitiva de militares piauienses trazendo o seu féretro, chegou ao seu primeiro endereço a rua José de Alencar, eu estava lá, acompanhei-o na sua ultima viagem , só me retirei do cemitério quando tudo havia se consumado. No domingo, o amigo Altamiro, proprietário da Farmácia Santa Teresinha , frente a Praça Caxias, me interrogou:
- Neto Braga, sempre que um Moreira morre, é seguido por um Braga e vice-versa. Quem é o da vez agora?
- Homem, esse nosso trecho já estar tão triste, com a morte de Santo Antonio e da Glenda filha da Senhora, vamos rezar para ficar nisto mesmo.
Fiquei então a meditar sobre o sinistro daquele final de semana, em menos de 24 horas , tive que comparecer por duas vezes ao cemitério, para enterrar duas pessoas muito próximas, em ambos os casos, a recomendação, para que o velório não se prolonga-se, devido ao estrago que ambos sofreram, pela violência, nos acidentes, onde repetiam-se também, a velha receita, EMBRIAGUÊS + MOTO = MORTE. Foi então que me ocorreu lembrar, do aniversário de nascimento do meu irmão Marcos, em 11 de Dezembro, dia do óbito de Santo Antonio, nascidos ambos no mesmo ano, eram companheiros inseparáveis na infância e na juventude. Agora, ali o alfa e o Omega, o principio e o fim, fechando o ciclo.
Na mesa com minha família, a hora do almoço, o meu filho José de apenas 5 anos, afirma:
- Estamos comendo a nossa mesa.
Levantei a cabeça e perguntei:
- O que tu disse, meu filho?
Ele sorrindo inocente.
- Estamos comendo a nossa mesa.
Lembrei as harpias uma daquelas aves semi-humana que ameaçara o heróico Enéias e sua tripulação troiana de duros sofrimentos. Predissera, em particular, que antes de cessarem suas peregrinações, eles seriam levados a devorar suas próprias mesas. Seria um aviso dos céus, haveríamos pago o ultimo tributo.
Em verdade, eu sou testemunha que nos dois velórios, a palavra que mais se ouviu foi DESTINO, DESTINO, DESTINO. Sobre isso, conto as ações da rainha Altéia, que presenciou, ao nascer seu filho Meléagro, as três Parcas, que enquanto teciam o fio do destino, previram que a vida daquela criança não duraria mais que uma acha de lenha que estava sendo queimada no fogão. A rainha Altéia, como mãe que era e amantíssima, correu ao fogão, pegou a acha em chamas, apagou-a rápido e conservou-a, cuidadosamente, durante anos, em quanto seu filho Meléagro atravessava a infância, a adolescência e a virilidade. Quem tem olhos para ver, veja. É o que nos alerta as Sagradas Escrituras, são as nossas ações hoje, que construirão o nosso futuro amanhã. Do nosso Santo Antonio só me resta repetir as estórias engraçadas que contaram dele, os companheiros de farda :
- A tua mulher, recebeu a feira?
- Não! Que feira !?
- Eu mandei, foi o moto-taxista que desviou, mas eu mandei a feira dela.
***
Eu só gosto de “namorar” sorrindo.
Eu só gosto de mulher do peito grande.
***
Ao sentar numa mesa de baralho, tira o quepe, o dólmã militar, coloca-os de baixo da mesa, e começa a descartar o jogo, com os parceiros. Quando alguém cutuca-o no ombro:
- Sai peru.
Novamente se repete o cutucão.
- Sai peru, agora que a sorte chegou, não me atrapalha.
Novo cutucão insistente. Ele se voltando para ver quem era.
- Agora que eu tou desforrando, para ai peru. Major, é e senhor!?
- Teje preso, Antonio.
FELIZ NATAL AS FAMíLIAS NO IGUATU.
Cícero Correia Lima.
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