O aquilão

17 de ago. de 2009

LEGÍTIMO DE BRAGA
do alto...da chapada


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O Aquilão 01


“Porque aquele que tem se dará, e terá em abundancia; mas aquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado”.




Eu devo ser mesmo um Homem muito antigo, eu sou de um tempo em que ao atravessar os trilhos da estação ferroviária a moça tinha o seu nome jogado na lama. As tradicionais famílias do Iguatu moravam todas na praça da Matriz ou nas imediações desta. Atravessar os trilhos da Estação era quebrar um tabu, romper com preconceitos, as senhoritas que a isto se atreviam, viam-se logo taxadas de raparigas. Os comentários que destas se ouviam, eram todos cobertos com a capa da depravação:

--- Tem um amante na rua da paia (palha)
--- Viram-na ontem, no cabaré do cajueiro.
--- Foi ela motivo de briga, no cabaré do coqueiro.
--- Estava tomando cerveja, lá na rua do bofete.

Foi neste cenário que muitos pais de famílias, que não conseguiam pagar um aluguel há margem “direita” da linha férrea, se viam obrigados a marcha com os seus poucos teres e haveres, para o inferno. Perdiam naquele instante tudo. Inclusive o direito devido aos Homens.Pessoas como o Sr. Raimundo Pequeno de Oliveira, hoje com 90 anos, a Sra. Rosali da Silva Queiros que La viu nascer seus dois filhos e morrer seu marido, a Sra. Josefa Almeida, nonagenária que ali habita, o casal Francisco e Rosa Araujo de Oliveira que ali criou suas três filhas a Sra. Rutineia e as senhoritas Rutilania e Ronia, sem esquecer a quarta geração dos nascidos ali, como as crianças Letícia e João Breno, gente pacata trabalhadeira e honesta, que passaram ali uma vida inteira de humilhação e sacrifício. Com o correr dos anos e a marcha infreavel do progresso, chegou até eles a urbanização da Av. Dário Rabelo, que trouxe melhorias profundas aquela parte esquecida da cidade, com o aumento substancial do valor monetário daquelas residências e da alto-estima nós seus moradores, a bem pouco tempo, a tão afamada e em eterno reparo Av. Sonrisal, e para nossa alegria e remissão maior daquela área, a obra magnânima do nosso governo estadual, o Sr. Cid Ferreira Gomes ordenou a construção naquela área, em meio as ruínas da antiga CIDAO, em regime de urgência, a CIDADE UNIVERSITARIA , que terá uma freqüência diária de aproximadamente 6.000 alunos, nós três turnos, alunos estes da UECE , URCA , FATEC. Com esta ação do governo estadual, aquela área a “esquerda” da Estação Ferroviária, onde em tempo passado, funcionava o Hotel da dona Cota, onde as vitimas do sistema (engraxates, carreteiros, prostitutas) encontravam sempre o apoio desta senhora a um preço ínfimo. Passou a levantar a ganância da administração municipal (TRABALHANDO PARA CRESCER), qual rude vento Aquilão que a tudo arrasa (barraqueiros mototaxistas, topiqueiros, proprietários, empresários e pasmem todos ate Lima Verde) desrespeitando todo um passado vivido por tantas famílias, DESAPROPRIOU a um preço irrisório, que não paga nem os anos de humilhações e sofrimentos vividos por tantas famílias, quanto mais o valor real, que agora esta área passa a valer com a proximidade da CIDADE UNIVERSITARIA. Bem dizia o poeta:

Até nas flores se encontram
A diferença da sorte
Umas enfeitam a vida
Outras enfeitam a morte.




Tenho Dito

Cícero Correia Lima.

01. Vento Norte, rude, figurado como um velho de cabelos brancos com a cauda de serpente.

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